Um mergulho profundo: jovens ativistas do clima jamaicanos colaboram para aumentar a conscientização sobre mineração em alto-mar

Lauren Creary, diretora do programa Jamaica Environment Trust, no evento “Alto-mar Importa” em Kingston, na Jamaica. Imagem por Emma Lewis, usada sob permissão.

Uma equipe de jovens ativistas jamaicanos, liderados pelo Jamaica Climate Change Youth Council (JCCYC) e apoiados por parceiros incluindo o Greenpeace USA, recentemente se reuniu para apresentar uma análise aprofundada do problema da mineração em alto-mar, especialmente referente ao Caribe.

Parte exposição, parte encontro municipal, facilitado pela Sustainable Ocean Alliance (SOA) Caribe, o Institute for Sustainable Development e o Centre for Environmental Management da University of the West Indies (UWI), o Natural History Museum of Jamaica, o Institute of Jamaica e o Jamaica Environment Trust (JET), abordou o tema da conscientização e foi direto ao ponto: “Alto-mar Importa”.

Uma das razões pelas quais a Jamaica esteve no centro dessa discussão é que a International Seabed Authority (ISA), uma agência da ONU, está sediada em Kingston, onde deliberações sobre continuar com a mineração em alto-mar chegaram em um estágio crítico.

Um estudante da Old Harbour High School concentrado na plateia do evento “Alto-mar Importa”. Imagem por Emma Lewis, usada sob permissão.

Jovens jamaicanos estão muito preocupados que não tenham mais tempo de agir enquanto a ISA trabalha para finalizar as regras que podem permitir o início da mineração em alto-mar já nos próximos meses. Isso foi precipitado pelo lançamento da “regra de dois anos” em junho de 2021 pela ilha do Pacífico de Nauru, que está financiando a The Metals Company para conduzir mineração de nódulos polimetálicos em uma ampla área do oceano profundo.

No início desse ano, foi vazado um vídeo que mostra poluição sendo despejada no mar durante um teste de mineração da The Metals Company. Enquanto vários países da região (incluindo a Costa Rica, cujo representante compartilhou a posição de seu país durante o evento) estão expressando preocupação e pedindo uma “pausa” ou moratória, e a França tenha votado por uma proibição total da mineração em alto-mar, outros parecem determinados a seguir em frente. A própria Jamaica assinou um contrato em 2021 para financiar a Blue Minerals Jamaica Limited.

O evento “Alto-mar Importa” aconteceu no campus de Mona da University of the West Indies, em Kingston, em um espaço aberto, ventilado, onde ao menos 200 estudantes universitários e do ensino médio, ativistas, diplomatas convidados, ambientalistas e educadores permaneceram sentados ou pararam para ouvir e explorar os estandes de informações.

Os palestrantes foram Dahvia Hylton (pesquisadora, colíder de ativismo e desenvolvimento de políticas da JCCYC); Robyn Young, cientista marinha e coordenadora de projetos e administrativa na SOA Caribbean; Christopher Corbin, coordenador sênior no Secretariado do Programa de Meio Ambiente da Convenção de Cartagena das Nações Unidas e do Programa de Meio Ambiente do Caribe em Kingston; e Laleta Davis-Mattis, professora na Faculdade de Direito na UWI. A moderadora foi a ativista ambiental e comunicadora Dainalyn Swaby.

O evento atingiu seu objetivo de conscientizar o público sobre a mineração em alto-mar e continuar o diálogo, o qual incluiu muitos pontos de vista diferentes, em torno do assunto. A participação dos jovens foi alta, e eles pareciam bastante engajados. De acordo com a moderadora Dainalyn Swaby, que também é comunicadora ambiental na Global Yaadie, discussões mais amplas também precisam acontecer:

There’s a reason we have conversations with experts and persons who are close to the subject matter — to be guided — but there must be a willingness to have the conversations to move forward. We need to have some sort of mainstream conversation on deep-sea mining.

Há uma razão para termos conversas com especialistas e pessoas que estão próximas do assunto, para serem guiadas, mas deve haver uma disposição em fazer as conversar avançarem. Precisamos de um tipo de conversa popular sobre mineração em alto-mar.

Uma das palestrantes do JCCYC, Dahvia Hylton, fez uma pergunta pertinente que fez as pessoas pensarem:

Is the move towards deep-sea mining turning us into colonisers, ready to go and mine in another region?

Será que o movimento em direção à mineração em alto-mar não está nos tornando colonizadores, prontos para ir e minerar outra região?

Em contrapartida, a participante Laleta Davis Mattis sugeriu:

The ISA is fit for purpose and doing its work […] The ‘common heritage of mankind’ means that humankind should benefit, including developing countries. Countries like ours have a right to development.

A ISA é apropriada e está fazendo seu trabalho. A ‘herança comum da humanidade’ significa que a humanidade deveria se beneficiar, incluindo países em desenvolvimento. Países como o nosso têm direito ao desenvolvimento.

O conservacionista Felix Charnley e Reanne McKenzie, coordenadora do santuário White River Fish, no evento “Alto-mar Importa”. Imagem por Emma Lewis, usada sob permissão.

Conservacionistas como Felix Charnley, no entanto, permanecem preocupados. Apesar de ter ficado comovido pela presença de tantos estudantes e jovens no fórum e feliz de ver a “melhor instituição acadêmica” do país se mobilizando pelo assunto da mineração em alto-mar, ele observou:

It is terrifying that if regulations aren't agreed upon by July, the International Seabed Authority could go ahead and issue licenses for deep-sea mining this year.

É assustador que se as regras não forem estabelecidas até julho, a International Seabed Authority poderia se adiantar e liberar licenças para mineração em alto-mar nesse ano.

O palestrante da UNEP, Christopher Corbin, concordou com essa preocupação:

We have over-exploited our land, and we are thinking, ‘Where shall we go next?’ But is deep-sea mining the only choice we have for minerals?

Nós já esgotamos a exploração da nossa terra, e estamos pensando, ‘aonde vamos agora?’. Mas a mineração de alto-mar é a única escolha que temos para minérios?

A palestrante da SOA Caribbean, Robyn Young, estava firmemente defendendo a conservação dos oceanos, dizendo:

Our destinies are entwined with the ocean … I just want to do my small part because small ripples make big waves. As long as there are people like me who are ocean lovers and ocean activists, that are ready and willing to help and take a stand for what they know is right and what they know the environment needs, then there is definitely hope.

Nossos destinos estão ligados ao oceano. Eu só quero fazer minha pequena parte porque pequenas marolas fazem grandes ondas. Enquanto houver pessoas como eu que são amantes do oceano e ativistas do oceano, que estão prontas e dispostas a ajudar e defender o que elas sabem que é certo e que sabem o que o ambiente precisa, então definitivamente há esperança.

No contexto da crise climática, este é um ano decisivo para a mineração em alto-mar, e os jovens ativistas jamaicanos no campo não estão perdendo uma oportunidade. Dahvia Hylton observou:

You ask how [deep-sea mining] affects Jamaica? It is affecting our very soul […] It affects us; everything — and the youth know it. Is profit more important than our planet?

Você pergunta como [a mineração em alto-mar] afeta a Jamaica? Ela afeta nossa alma […] Afeta a nós; tudo – e os jovens sabem disso. O lucro é mais importante do que nosso planeta?

2 comentários

Cancelar esta resposta

Junte-se à conversa -> Isabela Torezan

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.