Tensões sobre o Corredor Lachin persistem sem avanço à vista

Captura de tela do video report por TRT World de cenas do protesto.

Há mais de um mês, desde que um grupo de cidadãos do Azerbaijão começaram a bloquear o Corredor Lachin, a única rota terrestre que liga a Armênia à região Karabakh. Os manifestantes estão exigindo que a Armênia pare imediatamente de minerar depósitos de ouro e cobre molibdênio em Karabakh, que Baku oficial afirma que os armênios estão exportando de modo ilegal. O bloqueio, que começou em 12 de dezembro, deixou os armênios de Karabakh sem acesso a bens, serviços e, mais recentemente à internet e fornecimento de gás

O governo do Azerbaijão nega qualquer envolvimento no bloqueio. A Armênia acusou o Azerbaijão de orquestrar o bloqueio, enquanto as autoridades em Karabakh acusam o Azerbaijão de forçar os armênios remanescentes de Karabakh à submissão. Os sinais de um avanço em meio às acusações mútuas em andamento permanecem sombrios. A cobertura da mídia internacional e as recomendações de diplomatas estrangeiros instando os lados a resolver as tensões atingiram um limite.

O Corredor Lachin está supostamente sob a proteção de soldados da paz russos que foram implantados no território desde novembro de 2020, após o acordo mediado pela Rússia assinado entre a Rússia, a Armênia e o Azerbaijão. Eles também são responsáveis ​​por fazer a segurança dos pontos de entrada e saída do corredor. Em um contexto mais amplo, no entanto, o papel de cerca de 2.000 soldados da paz russos permanece vago. A falta de funções, responsabilidades e atividades claramente definidas no acordo de 2020 agora está se tornando um problema. O bloqueio é uma prova disso.

A paralisação contínua da principal rota que liga Karabakh à Armênia mostra que, encorajado pela fraqueza do Kremlin, Baku oficial não se esquivará de criticar o papel das forças de paz russas. Baku se referiu a elas como “ocupantes” e as criticou por abrigar sentimentos pró-armênios.

Os soldados da paz também foram criticados pela Armênia, mais recentemente durante a reunião de gabinete em 22 de dezembro, quando o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinian disse que Moscou não estava cumprindo suas obrigações como parte do acordo de novembro de 2020. Ele também acusou as forças de paz russa de “se tornarem uma testemunha silenciosa do despovoamento da região de Nagorno-Karabakh”.

Moscou tem estado em silêncio sobre o bloqueio. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, emitiu um comunicado em 30 de dezembro, dizendo que Moscou considerou as críticas contra seu contingente de manutenção da paz como provocações, bem como “ações inaceitáveis ​​e deliberadas que causam danos tangíveis ao processo de normalização armênio-azerbaijano”. Somente em 17 de janeiro que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, exortou seu colega azerbaijano, Jeyhun Mammadov, em uma conversa por telefone, a encerrar o bloqueio, enfatizando a necessidade “do desbloqueio o mais rápido possível do tráfego ao longo do Corredor Lachin, de acordo com os parâmetros estipulados na declaração trilateral de alto nível de 9 de novembro de 2020″.

A declaração referida por Lavrov é o acordo que foi assinado entre a Armênia, o Azerbaijão e a Rússia, encerrando os combates ativos. Os pontos relativos ao Corredor Lachin são os seguintes:

  • o Corredor Lachin permanecerá sob o controle do contingente de manutenção da paz da Federação Russa;
  • a República do Azerbaijão garantirá a segurança das pessoas, veículos e cargas que se deslocam ao longo do Corredor Lachin em ambas as direções.

O bloqueio supostamente executado por “ecoativistas” dá ao Azerbaijão uma “negação plausível”, disse Tom de Waal, um membro sênior da Carnegie Europe e especialista em geopolítica no sul do Cáucaso, Rússia e Ucrânia, à CNN Internacional em uma entrevista.

A conversa telefônica entre Lavrov e Mammadov ocorre após o último desentendimento entre a Armênia e a Rússia, no qual o primeiro-ministro armênio, Pashinyan, disse que a Armênia estava se retirando de seu compromisso de sediar o próximo treinamento anual de manutenção da paz pela Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), composta por Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão.

No ano passado, a Armênia também se recusou a participar dos exercícios da OTSC em protesto depois que a organização se recusou a fornecer assistência militar à Armênia após as escaladas de setembro de 2022 entre a Armênia e o Azerbaijão. A OTSC não apenas não respondeu aos apelos da Armênia por assistência militar, como também optou por permanecer em silêncio sobre as escaladas, apesar das estipulações do tratado fundador da organização, que afirma que um ataque a um é efetivamente um ataque a todos. Em vez disso, escreveu o analista político , a OTSC “respondeu realizando uma reunião de emergência para discutir a escalada. Essa resposta significou que a OTSC mais uma vez escolheu gestos performativos em vez de ações reais. Nem antes da chegada da missão à Armênia, nem após sua partida, a OTSC repreendeu Baku pelo ataque sem precedentes”.

O tempo está passando

Apesar de dizer abertamente que o Azerbaijão não quer outra guerra, o presidente Ilham Aliyev não se esquivou de alertar a Armênia de que o tempo está passando. Em uma entrevista recente à mídia local, Aliyev disse aos repórteres que a Armênia deve assumir a responsabilidade e assinar o acordo de paz, observando que este ano foi a última chance da Armênia de assinar o acordo.

Na mesma entrevista, Aliyev também elogiou os ambientalistas. “[Eles são] nosso orgulho. Eles estão lá dia e noite em clima gelado e nevado, eles exigem seus direitos e mais uma vez mostram ao mundo inteiro o quão altas são as qualidades dos jovens do Azerbaijão”, disse o presidente a repórteres. A última afirmação, no entanto, está longe de ser verdadeira. Desde o início do bloqueio, os repórteres do canal de televisão estatal AzTV têm falado com os chamados ambientalistas, mas nenhum deles trabalha para nenhuma organização ambientalista. Com base nessas entrevistas, uma plataforma de mídia on-line do Azerbaijão, a Mikroskop Media analisou mais de 50 entrevistas em vídeo, concluindo que nenhum dos manifestantes tem qualquer conexão remota com a causa:

As ONGs que participam das ações organizadas pelo governo🇦🇿 no corredor Lachin são apresentadas como ONGs especializadas em ecologia. Assistimos a mais de 50 vídeos e pesquisamos as ONGs de lá, e elas não tem nada a ver com ecologia e meio ambiente.

Enquanto isso, a pressão internacional aumenta. Em uma declaração emitida pelo Embaixador do Reino Unido para a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em 17 de janeiro, o Embaixador Bush instou “o Governo do Azerbaijão a tomar todas as medidas para permitir o movimento desimpedido de bens humanitários e civis. Ecoando a declaração do embaixador do Reino Unido, o embaixador dos EUA na OSCE tuitou:

Os Estados Unidos continuam preocupados com o fato de o Corredor Lachin estar bloqueado há mais de três semanas, criando uma grave situação humanitária. Agradecemos ao @ICRC por fornecer ajuda crítica durante esse período, mas pedimos ao Azerbaijão e à Rússia que restaurem o acesso imediatamente.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.