
Partilhando a mesma língua, os países se mobilizaram em favor do Presidente eleito no Brasil e condenaram ataques ao processo eleitoral e aos três poderes do país. Imagem: Giovana Fleck/Global Voices
O dia 8 de Janeiro de 2023 ficará, para sempre, marcado como um dia negativo na democracia Brasileira. O ataque aos três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) foi protagonizado por apoiadores do então Presidente Jair Bolsonaro, que, por não aceitar os resultados da eleição de 2022, decidiram invadir as instituições que garantem o funcionamento democrático no Brasil.
Do lado dos países da África Lusófona o sucedido causou reacções de diversa ordem, desde dirigentes políticos e cidadãos ordinários. Na sua maioria, foram comentários que condenaram o acto anti-democrático no Brasil, tal como é destacado pelo Presidente de Angola, João Lourenço, por via de um comunicado emitido pela Presidência Angolana em nota oficial:
Consideramos estas manifestações lamentáveis e reveladoras de um elevado grau de intolerância não compatível com as regras do jogo democrático.
O mesmo tipo de solidariedade veio de outro país amigo do Brasil, no caso concreto Cabo Verde, que por via do seu Presidente, referiu:
Condeno veementemente os atos violentos antidemocráticos e manifesto a minha solidariedade e apoio ao Presidente Lula da Silva e às autoridades legítimas da República Federativa do Brasil.
De Moçambique veio o comentário do Presidente Filipe Nyusi, que para além de condenar os actos anti-democráticos, sublinhou a necessidade do país regressar tão rápido para a normalidade:
Em nome do Povo, do Governo da República de Moçambique e no meu próprio, gostaria de exprimir a nossa total solidariedade para com o Povo irmão do Brasil, formulando votos sinceros de que o momento tempestuoso seja rapidamente superado, permitindo que o país prossiga firmemente com a sua agenda de desenvolvimento e convivência harmoniosa interna e no concerto das nações.Saudamos as medidas enérgicas do Governo de Vossa Excelência, visando pôr cobro a este atentado à ordem democrática e depositamos inteira fé no vigor e consistência das instituições democráticas do Brasil, bem como na perseverança do seu Povo para que a democracia emerja vencedora perante este desafio.
Contudo, as reacções na publicação do Presidente moçambicano ganharam outras proporções, com internautas nas redes sociais, com destaque para o Facebook a questionar qual é a actual situação em Moçambique:
E aqui Camarada Presidente não se indigna pela violação dos princípios democráticos quando só a FRELIMO se pode manifestar porque todos demais são negados (mesmo com todos sinais de manifestação pacífica e por causas entendíveis [sic]).S. Excia tem que ser garante da Democracia aqui e defende-la a todo o custo. É para mim contraproducente quando se indigna com fenómenos longínquos atentados [contra] a democracia e se cala aqui. Afinal é nosso Presidente e garante da Constituição, ou não?
Parabéns, Senhor Presidente, falou bonito! Porquê não usa essa retórica nos seus discursos a nação moçambicana. Senhor Presidente, existe um provérbio que diz” Se a barba do vizinho estiver a arder mergulha a sua”. Eu sugiro que o senhor faça isso” se hoje é Brasil, da próxima pode ser Moçambique, e o senhor não está tomando cautela para evitar!
O povo brasileiro quer uma resposta. Um Presidente que governa na injustiça não governa um povo, governa os bens. Deus vive e sempre viverá.
C'est avec préoccupation que nous suivons les événements se passant à Brasilia. Condamnant l'usage de la violence contre la Présidence du #Bresil, le Congrès et la Cour Suprême, nous en appelons au respect de la démocratie et des institutions qui symbolisent la démocratie.
— Umaro Sissoco Embaló (@USEmbalo) January 8, 2023
É com preocupação que acompanhamos os acontecimentos em Brasília. Condenando o uso da violência contra a Presidência do #Brasil, o Congresso e o Supremo Tribunal, apelamos ao respeito pela democracia e pelas instituições que simbolizam a democracia.