Observe o fundo do mar do arquipélago indonésio neste ensaio fotográfico

Um peixe-sapo (antennariidae) fotografado em Amed, recife de corais da Indonésia. Foto usada sob permissão.

Como parte do maior arquipélago do mundo, com mais de 17.000 ilhas, as águas litorâneas da Indonésia abrigam uma vasta e diversificada rede de faunas marinhas e ecossistemas. À medida que o aumento das temperaturas oceânicas, devido às mudanças climáticas, coloca cada vez mais em risco os ecossistemas marinhos, vale a pena olhar atentamente alguns seres estranhos e sobrenaturais que habitam os oceanos que tanto admiramos, bem como, os fatores que os ameaçam.

Este ensaio fotográfico apresenta um breve resumo da biodiversidade no ecossistema do litoral da Indonésia e discute suas ameaças ambientais e sociais.

Pikachu nudibranch

Pikachu Nudibranch. Foto usada sob permissão.

Essas pequenas criaturas são encontradas no Oceano Índico e no Pacífico Ocidental. Recebem esse nome, porque assemelham-se ao icônico personagem, Pokémon. Medindo apenas cinco centímetros de comprimento, são animais relativamente raros.

Caranguejo boxer

O caranguejo boxer. Foto usada sob permissão.

O Caranguejo Boxer é uma das criaturas mais interessantes encontradas no fundo do mar da Indonésia. Possuem uma relação simbiótica com as anêmonas-do-mar, as quais causam picadas dolorosas, alimentando-as em troca de proteção e segurando-as nas garras dianteiras para assustar potenciais predadores.

“Esses caranguejos mantêm as anêmonas-do-mar presas às suas garras em movimentos horizontais, enquanto se movem”, explica o Seven Seas Media, um grupo de vigilância marinha. “Essa exibição de cores serve como uma barreira natural para os predadores e, quando diretamente ameaçado, o caranguejo utiliza a anêmona-do-mar em um movimento de ‘socos’, avançando em direção ao agressor”.

Camarão imperador

O camarão imperador. Foto usada sob permissão

Esses camarões coloridos podem atingir um comprimento de 1,9 centímetro e geralmente, vivem em hospedeiros maiores.

Cavalo-marinho pigmeu e hippocampus comum

Cavalo-marinho pigmeu (à esquerda) e cavalo-marinho hippocampus comum (à direita). Fotos usadas sob permissão.

Com o máximo de dois centímetros, o cavalo-marinho pigmeu (à esquerda) é uma das menores espécies de cavalos-marinhos do mundo.

O Triângulo de Coral de Wikipedia. Usado via CC-BY-SA-4.0

É encontrado exclusivamente no Triângulo de Coral, uma região triangular que abrange desde as Filipinas e Malásia a leste, até a Indonésia e Timor-Leste ao sul e as Ilhas Salomão a oeste. Em geral, esse cavalo-marinho cor-de-rosa habita em leques de corais cor-de-rosa ou em outros corais moles e ervas marinhas que permitam a eles uma camuflagem perfeita.

A segunda imagem é do cavalo-marinho hippocampus comum. Como todos os cavalos-marinhos, o hippocampus usa sua cauda como âncora para prender-se a corais, plantas e outras superfícies. É provavelmente mais famoso por seu método incomum de reprodução, no qual a fêmea produz ovos que são chocados até o parto pelo macho dentro de uma bolsa em sua cauda.

Moreia manchada

Moreia manchada. Foto usada sob permissão.

A moreia manchada pode atingir 81 centímetros de comprimento. Existem mais de 200 espécies diferentes de moreias e a maioria delas é venenosa. Embora raramente ataquem humanos, quando ameaçadas, costumam atacar com mordidas que contêm toxinas nocivas. Além disso, seus dentes afiadíssimos podem causar sangramento significativo e dor intensa. Segundo relatos, a maioria dos ataques ocorre quando mergulhadores, involuntariamente, colocam a mão em buracos ocupados pelas moreias.

Choco

Choco. Foto usada sob permissão.

O choco é um cefalópode, primo das lulas e dos polvos mais conhecidos, e é frequentemente caçado para ser vendido como fruto do mar. Acredita-se que seja um dos invertebrados mais inteligentes. De acordo com a National Geographic:

Cuttlefish have a large brain-to-body size ratio—among the biggest of all invertebrates—which makes them incredibly intelligent. They can count and can remember what, where, and when they last ate; a memory trait once believed to be unique to humans.

Os chocos têm uma grande proporção cérebro versus massa corporal, entre as maiores de todos os invertebrados, o que os torna incrivelmente inteligentes. Eles podem contar e conseguem lembrar o que, onde e quando comeram pela última vez; uma característica de memória que acreditava-se ser exclusiva dos humanos.

Considera-se que algumas espécies de chocos estão em vias de extinção. Atualmente, as maiores ameaças são a acidificação dos oceanos (alterações no pH da água, devido a crescentes emissões de dióxido de carbono na atmosfera e nos oceanos) e a pesca excessiva.

Verme da árvore de Natal

Verme da árvore de Natal. Foto usada sob permissão.

Os vermes da árvore de Natal têm a forma espiralada e recebem esse nome, devido à aparência festiva e cônica. Normalmente, medem cerca de 3,8 centímetros de comprimento e podem ser encontrados em várias cores, incluindo vermelha, laranja, verde e amarela. Usam suas plumas coloridas para fins de alimentação passiva e respiração. Esses vermes são animais sedentários, pois enterram-se nas rochas para ancorarem-se em meio às flutuações da corrente. São muito sensíveis ao ambiente à sua volta e, quando sentem-se ameaçados, recolhem-se rapidamente em suas tocas.

Ameaças marinhas

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura “até 2100, mais da metade das espécies marinhas do mundo pode estar à beira da extinção”. E acrescentam:

Rising temperatures increase the risk of irreversible loss of marine and coastal ecosystems. Today, widespread changes have been observed, including damage to coral reefs and mangroves that support ocean life, and migration of species to higher latitudes and altitudes where the water could be cooler.

A elevação das temperaturas aumenta o risco de perda irreversível dos ecossistemas marinhos e litorâneos. Ultimamente, mudanças generalizadas têm sido observadas, incluindo os danos aos recifes de corais e manguezais que sustentam a vida oceânica e a migração de espécies para latitudes e altitudes mais elevadas, onde a água pode ser mais fria.

A maioria das criaturas apresentadas acima habita os ecossistemas de recifes da Indonésia. Cerca de 25% de toda a vida marinha vive nas “florestas tropicais do mar”, os recifes de corais. Esses recifes são densos jardins repletos de vida e biodiversidade. Desempenham também, um papel essencial na manutenção dos ecossistemas marinhos e na proteção dos solos contra a erosão.

Além da importância biológica, constituem ainda uma considerável fonte de empregos para as comunidades costeiras, um impulsionador econômico fundamental, e uma fonte de alimentos e medicamentos.

De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) de 2016, 3 bilhões de pessoas dependem dos oceanos para a subsistência e mais de 350 milhões de empregos estão vinculados aos oceanos em todo o mundo.

A Indonésia possui uma área com aproximadamente 51.020 km2 de recifes de corais, o que representa cerca de 18% do total mundial.

Entretanto, torna-se claro que os seres magníficos apresentados neste artigo, bem como as nossas economias costeiras, estão em perigo, à medida que a crise climática aquece as águas oceânicas e ameaça os ecossistemas litorâneos. A Grande Barreira de Corais da Austrália já sofreu um significativo branqueamento de corais, um fenômeno pelo qual corais de cores bem vivas adormecem e tornam-se brancos como fantasmas devido a pressões externas, tais como: o aquecimento das temperaturas, os agentes poluidores ou a alteração nos níveis de pH da água. Um relatório publicado em maio de 2022 pela Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais da Austrália mostra que 91% da grande barreira de corais “apresentou branqueamento”.

Branqueamento de corais. Recife de Scott, abril de 2016. Foto do Instituto Australiano de Ciências Marinhas. Uso gratuito.

Embora alguns grupos estejam tentando recuperar os recifes de corais, como esta equipe de conservação de corais exclusivamente feminina em Gilli Air, na Indonésia, é evidente que se não houver sérias transformações sociais, a próxima geração pode não conhecer as criaturas incríveis aqui apresentadas.

Ecoturismo e mergulho

As fotos foram tiradas por instrutores de mergulho experientes, especialistas que passaram por vários cursos e ensaios de mergulho, aprovados pelos líderes internacionais dos cursos de mergulho, a Professional Association of Diving Instructors (PADI) ou a Scuba Schools International (SSI).

Apesar de os instrutores experientes saberem como navegar nos ecossistemas marinhos de forma sustentável, o mergulho recreativo pode, direta e indiretamente, causar danos à vida marinha.

Mergulhadores inexperientes costumam bater, chutar, esmagar ou perturbar os corais e a vida marinha, provocando prejuízos imediatos.

O crescente desenvolvimento de centros de mergulho e outras instalações de recreação turística nos litorais prejudicam os corais, em virtude do aumento do uso de barcos e da poluição causada pelos combustíveis dos barcos a motor, o que da mesma forma, representa uma ameaça indireta para as zonas litorâneas. O aumento da utilização e do desenvolvimento litorâneo resulta também, em maiores quantidades de detritos e materiais plásticos que, inevitavelmente, acabam no oceano.

Alguns organizadores de mergulho, cientistas e autoridades públicas esperam minimizar esses riscos, obstruindo locais de mergulho usados em excesso, a fim de permitir que a área se recupere, e introduzindo licenças.

Há ainda, iniciativas como a Green Fins e o Projeto AWARE, dois movimentos globais de conservação subaquática. Eles têm uma série de campanhas que abordam problemas relacionados a detritos e materiais plásticos, ameaças aos tubarões e outros predadores marinhos, além de promoverem o mergulho sustentável e o turismo marinho, financiando projetos de regeneração de corais.

Gabriel Grimsditch, gerente de programa da Divisão de Ecossistemas Marinhos e Costeiros do Programa Ambiental das Nações Unidas, resumiu os desafios da implementação do turismo costeiro sustentável.

Tourism can be a double-edged sword. On the one hand, it is hugely important for the economy and can bring people close to nature so that they appreciate the wonders of the ocean more. On the other hand, if it is not done sustainably, it can kill the very ecosystem that tourists have come to visit.

O turismo pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, é extremamente importante para a economia e pode aproximar as pessoas da natureza, para que apreciem mais as maravilhas do oceano. Por outro lado, se não for feito de forma sustentável, pode matar o próprio ecossistema que os turistas vieram visitar.

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