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No Azerbaijão, polícia detém ativista pela paz antes do Dia Internacional da Paz

Categorias: Ásia Central e Cáucaso, Armênia, Azerbaijão, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Governança, Guerra & Conflito, Lei, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Política, Primeira Mão, Protesto

Imagem por Patrick Fore [1]. Livre para utilização com Licença Unsplash [2].

Ahmed Mammadli, 21 anos, presidente do movimento Democracia 1918 [3] (D18), um movimento pró-democracia no Azerbaijão, foi preso em 20 de setembro, sob acusações falsas, e mais tarde condenado [4] a 30 dias de detenção administrativa. Mammadli estava entre um grupo de ativistas da sociedade civil que fizeram apelos públicos à paz, relativos aos recentes confrontos [5] entre a Armênia e o Azerbaijão. Sua sentença, em 20 de setembro, ocorreu antes do Dia Internacional da Paz [6], marcado globalmente para 21 de setembro. De acordo com os registos policiais, Mammadli foi detido por resistir à polícia, uma acusação [7] comum no Azerbaijão usada para atingir [8] ativistas políticos e civis.

Ahmad Mammadli, que criticou Ilham Aliyev e a guerra da Armênia [9] e do Azerbaijão [10], foi algemado e preso por 30 dias.

Uma declaração publicada [3] na página do Facebook da D18 disse que a prisão foi devido aos sentimentos antiguerra que Mammadli compartilhou em sua página do Facebook [13]. “Como Movimento Democrático de 1918, não aceitamos um sistema onde as leis só servem o regime, exigimos a libertação imediata de Ahmed Mammadli!” Leia o comunicado. Mammadli foi detido por homens à paisana em 20 de setembro, de acordo com relatórios locais [14], antes de a polícia emitir a acusação oficial.

Presidente do movimento da oposição @demokratiya1918 [15] (D-18) Ahmad Mammadli foi preso hoje por 30 dias sob a acusação de desobediência à polícia. Ele disse enquanto estava dentro da van da polícia, em um vídeo filmado por outro membro do D-18, que foi preso por suas visões pró-paz.

Antes de sua prisão, Mammadli criticou o estado pelos recentes confrontos, dizendo que os funcionários responsáveis, incluindo o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, devem ser responsabilizados. “Um dia, Ilham Aliyev responderá perante os tribunais internacionais pelos crimes que cometeu não só contra o povo azeri, mas também contra o povo armênio. A primeira tarefa de um Azerbaijão democrático será punir aqueles que tornam as nações hostis entre si”, escreveu [18] Mammadli, em 15 de setembro. Em outro post [19], Mammadli, chamou o presidente de um “ditador” que tinha “sangue nas mãos”:

Do not defend the monarch who oppresses you, takes away all your basic rights, and turns the country into a company. The more you defend him, the more he crushes you. Ilham Aliyev is a dictator with blood on his hands. It should not be difficult for us to understand this.

Não defenda o monarca que o oprime, tira todos os seus direitos básicos e transforma o país em uma empresa. Quanto mais o defende, mais ele te esmaga. Ilham Aliyev é um ditador com sangue nas mãos. Não deve ser difícil para nós entender isso.

Novos confrontos fronteiriços [20] irromperam entre a Armênia e o Azerbaijão em 12 de setembro [5], resultando nos combates mais mortais desde a segunda guerra de Karabakh [21] entre os dois países em 2020. De acordo com declarações de ambos os países, mais de 200 militares foram mortos no recente conflito. Em 15 de setembro, os dois países assinaram [22] um cessar-fogo, mediado pela Rússia. As novas tensões seguiram-se a uma reunião [23] entre os líderes dos estados em Bruxelas, em agosto, sob os auspícios do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Enquanto isso, em 18 de setembro, um grupo de ativistas pela paz nas repúblicas pós-soviéticas emitiu uma declaração [24] exigindo a paz em toda a região:

Since the dissolution of the Soviet Union, we’ve lived through decades of violence. We continue to suffer through regularly recurring warfare on the territory of Ukraine, Russia, Armenia, Azerbaijan, Tajikistan, and Kyrgyzstan.

If we stay on the current trajectory, it is only a matter of time until the ongoing and recurring warfare in different regions of Eurasia will synergize with one another and with wars in other parts of this world, turning into a bigger regional or global war and sacrificing more and more people from numerous countries.

We cannot afford this! We do not call for peace – we demand peace! We demand that governments commit to non-use of force, to engage in genuine search for diplomatic solutions that prioritize human security, and to stop interfering with, and better yet, support people-to-people contacts and peace-building.

Desde a dissolução da União Soviética, vivemos décadas de violência. Continuamos a sofrer com a guerra de modo regular e recorrente nos territórios da Ucrânia, Rússia, Armênia, Azerbaijão, Tajiquistão e Quirguistão.

Se permanecermos na trajetória atual, é apenas uma questão de tempo até que a guerra contínua e recorrente em diferentes regiões da Eurásia entre em sinergia entre si e com guerras em outras partes do mundo, transformando-se em uma guerra regional ou global maior e sacrificando mais e mais pessoas de vários países.

Não podemos permitir que isso aconteça! Pedimos a paz – exigimos a paz! Exigimos que os governos se comprometam a não usar a força, que se empenhem na busca genuína de soluções diplomáticas que priorizem a segurança humana e que deixem de interferir, e melhor ainda, apoiem os contatos entre as pessoas e a construção da paz.