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Criação de paisagens linguísticas usando a escrita maia antiga e contemporânea

Categorias: Mídia Cidadã, Rising Voices

Chichimilá, em Yucatán, onde será realizado o projeto de ativismo digital. Fotografia de José Alfredo Hau Caamal. Utilizada com permissão.

Nome: Jose Alfredo Hau Caamal
Língua: Maia
Localização: Chichimilá, Yucatan

Resumo do projeto:
Criação de paisagens linguísticas usando escrita maia antiga e contemporânea através do OpenStreetMap [1](OSM).

Bix a beele'ex, in k'aaba'e’ Alfredo Hau. Táan in jo'olintik u meyajil: U chíikulil boonil úuchben maayats'íib yéetel u t'aanil maaya kaaj tu péepet boonil openstreetmaps.

Meu nome é José Alfredo Hau Caamal, tenho 36 anos e pertenço à comunidade de língua maia x-alau, no município de Chemax, em Yucatán. Atualmente moro em Chichimilá, em Yucatán.

Eu ensino as crianças da comunidade a decifrar hieróglifos. Também sou tradutor freelance de espanhol para maia em vários tópicos, e crio projetos focados em linguagem e cultura.

Meu projeto

Este projeto de ativismo digital é baseado no ensino da escrita maia antiga conhecida como úuchben ts'íib, epigrafia, escrita hieroglífica, glifos maias ou, como dizem os acadêmicos, o sistema clássico de escrita maia. Ter orgulho do nosso legado como ponto de referência para este projeto é fundamental para que a língua maia possa ser utilizada em espaços de interação e para que os membros da comunidade possam vê-la representada em sinais, cartazes, inscrições ou em qualquer superfície física.

Meu projeto inclui a criação de paisagens linguísticas usando a escrita maia antiga e contemporânea através do OpenStreetMap [2], bem como a criação de locais, rotas e itinerários usando a paisagem linguística da comunidade para fortalecer a língua e revitalizar a escrita maia antiga. Também inclui a formação de crianças, jovens e adultos no uso do sistema de escrita para criar cartazes, murais, placas, anúncios e sinalização para espaços públicos e enviá-los para o OpenStreetMap de modo a destacar os espaços de uso comum e locais históricos com nomes dados pela comunidade.

A minha motivação

Desde 2003, faço parte do CONAFE [3] (Conselho Nacional para o Desenvolvimento da Educação) como instrutor comunitário. Durante esse tempo, o trabalho que tenho feito nas comunidades maias tornou-se muito importante para mim. Ensinar me fez mudar minha trajetória profissional de estudar turismo para me dedicar às atividades culturais da comunidade. Participei como professor alfabetizador do INEA [4] (Instituto Nacional de Educação de Adultos). Fiz parte do projeto em que os professores foram avaliados na língua maia, traduzi a Constituição Política do México, a Constituição Política de Yucatan, a Enciclopédia de Yucatan e ensinei úuchben ts'íib e maia a diferentes setores da população. Isso me lembra que a coisa mais difícil foi encontrar uma maneira de demonstrar que a língua maia não é inútil como tem sido apresentada, mas que tem todas as características de qualquer outra língua.

Perceber que meus filhos fazem parte da geração que não fala maia é uma das razões mais importantes para eu ensinar a língua.

Podemos ensinar, fortalecer e preservar a língua demonstrando que a língua maia pode ser transmitida aos nossos filhos sem a necessidade de estar em uma escola, mas usando-a no que já temos disponível: hieróglifos, textos, frases, palavras maias em espaços públicos, lojas, casas e todos os espaços em que se pode escrever e caminhar, observando e lendo maayat'aan como uma criança que está apenas aprendendo a ler.