Angola acolhe, no dia 24 de Agosto de 2022, eleições [2] que vão determinar a composição do próximo Parlamento. Este, por sua vez, fará a indicação do Presidente que vai liderar Angola nos cinco anos a seguir. Após mais de 30 anos de governação de José Eduardo dos Santos, falecido [3] recentemente, Angola está sob liderança de João Lourenço desde 2017 – eleito [4] nas eleições do mesmo ano.
Desde a conquista da sua independência em 1975, Angola é governada pelo mesmo partido político, o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA [5]), o qual venceu todas as eleições já realizadas até aqui. Ou seja, já passaram [6] cinco eleições ganhas pelo MPLA, sendo que a UNITA tem tentado ascender ao poder, mas sem sucesso.
O que está em jogo?
A morte de José Eduardo dos Santos trouxe incertezas [7] sobre o futuro que Angola poderá seguir nos próximos anos. Embora o antigo Presidente tenha perdido [3] a vida no dia 8 de Julho, o seu corpo permanence em Espanha, por conta da disputa que se instalou entre a família dos Santos e o Governo de Angola.
Com a chegada de João Lourenço ao poder, muito foi dito do ponto de vista das mudanças que o país conheceu, sobretudo no combate aos crimes de corrupção [8] que na sua maioria eram praticados pela família do então e falecido Presidente de Angola, o que fez com que fosse criado um cenário de intriga política entre a família do actual Presidente e José Eduardo dos Santos, como é referido [9] por alguns analistas em entrevista à DW.
Nem todos sentem a perda do antigo líder angolano a nível pessoal. Mas no contexto político e social, é a imagem do país que está em causa…Politicamente será uma grande vergonha, mas é preciso entender a vontade dos filhos.
Algumas análises [10] já adiantaram que apesar de não se esperar grandes mudanças em termos de resultados por conta do domínio que MPLA exerce no país, provavelmente a morte de José Eduardo dos Santos jogue um papel que possa agitar ainda mais o ambiente político em Angola, sobretudo porque existe quem duvide [9] que Angola tenha mudado de forma positiva. Esse facto tem sido usado sobretudo pelo maior partido da oposição, UNITA, refere [9] o jornalista João Marco
Depois da saída do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, há quem diga que regredimos muito, se compararmos o cenário atual com o anterior. Portanto, a questão da liberdade de imprensa não se esgota…
Está ainda em jogo uma provável situação em que o partido que actualmente domina o Parlamento, MPLA, possa perder alguns assentos que tornem a sua governação menos eficaz se comparado com a actual composição.
Possíveis cenários eleitorais
Em Maio deste ano, foi publicada [11] uma sondagem que indicava vitória do MPLA mas sem maioria absoluta. Sabe-se que a sondagem foi levada a cabo pela Afrobarómetro, organização com suporte técnico de Universidades dos Estados Unidos da América, África do Sul, Gana e Quénia.
Realizado entre 9 de Fevereiro e 8 de Março de 2022, antes da chegada à Assembleia Nacional da proposta de Lei das Sondagens e Inquérito de Opiniões, este inquérito alerta para um elevado número de cidadãos que não declaram a sua intenção de voto. Trata-se de uma pesquisa feita pelo celular, embora não se tenha dados sobre intenção de voto clara ou da percentagem dos indecisos.
Por sua vez, uma sondagem recente, publicada [12] no dia 22 de Julho, indica que se as eleições gerais se realizassem naquele dia, o MPLA ganharia, de forma folgada, com 62% dos votos, contra 33% da UNITA, segundo uma sondagem da POB Brasil, um dos maiores sites de opinião e pesquisa, com foco em diversas áreas, como política e social. Se comparada com a primeira pesquisa, esta última traz dados sobre intenção de voto que se divide entre o MPLA e a UNITA. Contudo, depois ficou-se a saber que tal empresa brasileira, citada pela imprensa estatal angolana pela realização [13] de uma sondagem que dá vitória ao MPLA nas eleições, não está registada no Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.
Discute-se ainda um cenário em que possam ser registados [14] casos de fraude eleitoral, dado que a nova lei que rege as eleições foi aprovada [15] num contexto de desconfiança [16] entre o partido no poder e os partidos da oposição.
As eleições em Angola são feitas de forma manual. Contudo, existe um historial antigo de falta de transparência em cada pleito eleitoral. Recentemente, a escolha [17] de uma empresa denominada Indra para fornecer material eleitoral foi constestada pela opoisção, pois trata-se da mesma entidade que nas últimas eleições de 2017 esteve evolvida em casos de suspeita de manipulação de dados.