Jamaica anuncia seu primeiro caso de varíola dos macacos

Erupções de pele causadas pela varíola dos macacos. Imagem por Diverse Stock Photos no Flickr, CC BY-NC 2.0.

A Jamaica tem seu primeiro caso de varíola dos macacos, anunciado pelo Ministério da Saúde e Bem-estar em uma coletiva de imprensa digital urgente em 6 de julho. É o segundo território caribenho a relatar um caso da doença até agora.

O Ministro da Saúde, Christopher Tufton, tuitou a notícia:

Nós temos nosso primeiro caso confirmado de varíola dos macacos.  O paciente é um homem que veio recentemente do Reino Unido. Ele se apresentou ao sistema público de saúde em 5 de julho, tendo chegado na ilha aproximadamente cinco dias antes.

Em uma entrevista à Radio Jamaica, ele também teve o cuidado de afirmar, “isso não é o anúncio de uma crise”, apontando que, apesar de a doença, que claramente tem sintomas visíveis, ser muito mais fácil de detectar do que a COVID-19, não há razão para pânico. No entanto, um funcionário da saúde tuitou:

Minha parte favorita de trabalhar na saúde pública/cuidados primários é como toda infecção viral apresenta febre, dor de cabeça e dor nos músculos. É gripe? É dengue? É Covid? É varíola dos macacos?

O Ministério assegurou aos cidadãos que os protocolos de saúde de emergência foram ativados de acordo com padrões internacionais, incluindo uma revisão de todas as unidades de isolamento para atender tanto varíola dos macacos quanto COVID-19. Seguindo esses protocolos, o paciente foi isolado e seus contatos próximos foram colocados em quarentena, por meio do rastreamento de contatos.

A diretora médica, Jacquiline Bisasor-McKenzie, enfatizou que os jamaicanos devem continuar a empregar os métodos de higienização da COVID-19, que ainda estão valendo em muitos escritórios e lojas, e protegerem a saúde pessoal e higiene como foi sugerido antes neste ano.

A diretora médica, drª Jacquiline Bisasor-McKenzie, está incentivando as pessoas a aderirem aos protocolos de higienização que foram empregados durante a pandemia de COVID-19. Ela diz que a varíola dos macacos se propaga através do contato próximo e, caso apresentem sintomas, as pessoas devem ficar em casa.

Com mais de 6.000 casos em 58 países (a Europa registrou, até agora, os mais altos números da doença no mundo), a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou:

A testagem ainda é um desafio e é altamente provável que haja um número significativo de casos que não são identificados. A Europa é o atual epicentro do surto, com mais de 80% dos casos de varíola dos macacos no mundo.

Um jamaicano apontou o dedo para a fonte da infecção:

O primeiro caso de Covid-19 veio da INGLATERRA. O primeiro caso de varíola dos macacos também veio da INGLATERRA. Caramba.

No entanto, o ministro Tufton disse que triagens nos acessos de entrada estão “sempre ativas e muito alertas agora”, o que significa que equipes de saúde estão preparadas para observar e tomar as medidas necessárias. Concluindo que um caso de varíola dos macacos “não cria uma crise”, o ministro sugeriu que a vida diária na Jamaica seguiria “como de costume”. A diretora médica Bisasor-McKenzie acrescentou que devido à doença “não ser facilmente transmitida” – se propaga apenas através de contato próximo com animais infectados como roedores, ou de pessoa para pessoa – é menos provável que se torne endêmica na Jamaica, que, graças ao treinamento da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), tem métodos para testar a doença.

Apesar de não haver vacina específica para a varíola dos macacos, a vacina da varíola, agora disponível em pequenas quantidades, pode ser eficaz. A varíola foi erradicada na Jamaica em 1980. A diretora médica confirmou que “discussões preliminares aconteceram” e que o sistema de saúde do país, que oferece um robusto programa de vacinação, permanece em contato próximo com a OPAS sobre a disponibilidade de vacinas.

Bisasor-McKenzie apontou que sintomas iniciais (febre, dor de cabeça e cansaço) “são semelhantes à COVID-19 [então] fique em casa se estiver doente”, acrescentando que jamaicanos imunodeprimidos devem tomar precauções especiais. Óbitos são raros, no entanto, devido ao que ela chamou de uma “doença relativamente leve”.

Apesar de algumas notícias terem dado a impressão de que a varíola dos macacos é uma doença sexualmente transmissível entre homens que fazem sexo com homens (HSHs), a diretora médica corrigiu essa desinformação, explicando que é “uma transmissão de contato próximo, que pode acontecer em qualquer tipo de encontro próximo”.

Outro médico compartilhou:

Apesar de a varíola do macaco poder ser transmitida durante o sexo, NÃO é uma infecção sexualmente transmissível. Ela se espalha através de contato próximo. As vesículas podem estar em qualquer parte do corpo. Vacinem crianças a partir dos seis meses.

Outro jamaicano enfatizou esse ponto:

TODO MUNDO CORRE O RISCO DE CONTRAIR ESSE VÍRUS!! A varíola dos macacos não é uma IST!!!!! Ela se espalha como a catapora. Não seja estúpido acreditando que é reservada para um “grupo” de pessoas.

Enquanto isso, permanece o medo de que a pandemia de COVID-19 tenha aberto as portas para outros vírus que afetam o sistema imune.

Os índices de contaminação e hospitalização para a variante Omicron estão atualmente estáveis na Jamaica. Com baixos níveis de testagem, os índices de positivação têm variado entre 15 e 20 por cento. Em um país com a menor taxa de vacinação na América Latina e Caribe, e altos níveis de transporte público, poderia a população da Jamaica ser especialmente vulnerável?

A Jamaica é o pior lugar para a varíola dos macacos. Todo aquele contato pele a pele em táxis e ônibus

Nenhuma medida de saúde pública foi tomada até agora para a varíola do macaco, mas o público ainda está sendo orientado a usar máscaras nos transportes públicos. Um funcionário da saúde também sugeriu que o país aprendeu lições valiosas da pandemia de COVID-19, mas com a COVID-19 agora notavelmente “mais leve” do que já esteve, teriam os jamaicanos ficado complacentes com os riscos de doenças infecciosas?

Com a obrigatoriedade de máscaras e restrições de viagens para a Jamaica tendo sido descontinuadas em 1º de março – e os números do turismo aumentando – um jamaicano se perguntou se a varíola dos macacos poderia ser um alerta para festeiros:

Jamaicanos: números da Covid caíram, vamos sair e ‘nah guh een’. Varíola dos macacos:

O setor de entretenimento local está totalmente aberto para negócios desde 18 de março, e o país se prepara para uma série de eventos públicos, festas e concertos durante o verão, incluindo eventos de carnaval em julho e o Reggae Sumfest no final do mês, tudo em celebração aos 60 anos da independência da Jamaica, em 6 de agosto. Apenas o tempo dirá se a chegada da varíola dos macacos vai atrapalhar as festividades planejadas.

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