Desde o início da invasão da Rússia na Ucrânia [1], o regime se transformou rapidamente de um autoritarismo “híbrido” [2] em um totalitário [3]. A mídia independente russa [4] e ocidental [5], bem como os sites de redes sociais, como Meta [6], Twitter, entre outros, foram bloqueados para promover o apoio “unificado” à guerra e ao ditador russo Vladimir Putin. Foi lançada uma campanha por toda a Rússia na qual se utilizavam as letras latinas Z e V como símbolos de apoio à guerra, o que, para muitos observadores seria um sinal de ascensão do fascismo [7]. O uso das letras V e Z vem se tornando proeminente [8] na Rússia, sendo o V a representação de “vitória” na operação militar de Putin. A letra Z não faz parte do alfabeto russo nem do cirílico, mas foi adaptada do alfabeto latino para representar a pronúncia da palavra russa “за”, que significa “para”. No contexto da guerra, ela significa “para o país”.
Agora é ilegal na Rússia chamar a guerra de “guerra” ou fazer qualquer tipo de protesto. Os infratores podem pegar até 15 anos de prisão [9]. Segundo o léxico do governo russo, o que está ocorrendo é uma “operação militar” [10]. Até mesmo pessoas que saíam às ruas de mãos vazias (fingindo segurar um cartaz) foram detidas [11]. Está proibido também escrever qualquer coisa contra a guerra em locais públicos [12] e nas redes sociais.
Ainda assim, muitas continuam a desafiar as autoridades russas. Fora os protestos individuais de quando a pessoa se opõe já sabendo que será detida, outras formas de dissidência pública surgiram. Pessoas desenham grafite, deixam objetos nas ruas e encontram outras formas de mostrar oposição sob a constante ameaça de punição.
As raras fontes independentes, como o jornal estudantil DOXA [13] e o canal do Telegram do jornalista Roman Super [14], publicam todos os dias coleções de fotos de protesto, mostrando aos leitores que dentro da sociedade russa existe mais do que a “unificação” entre as mentiras da propaganda.
A Global Voices está publicando, com a autorização dos autores, uma seleção de fotos das diferentes formas cotidianas de protesto por todo o país.