Foi no passado dia 16 de Abril que Angola recebeu um dos artistas de renome da música hip-hop dos Estados Unidos da América. Trata-se de Rick Ross (nome artístico de William Leonard Roberts), o grande convidado do espectáculo denominado “Baía Fest”, que reuniu na ocasião outros artistas conhecidos na esfera pública Angolana, tais como Gerilson Insrael e Trex.
Rick Ross esteve em Angola pela segunda vez para actuar no espectáculo que assinalou os 20 anos de Paz em Angola, comemorados no dia 4 de Abril. Angola viveu décadas da sua história em guerra — de 1961 a 1974 contra o poder colonial português e a partir de 1975 uma guerra civil. Em 2002, a guerra civil chegou ao fim.
Foi precisamente no dia no dia 4 de Abril de 2002 que foi assinado o Acordo de Paz entre o Governo do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola – e a UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola –, as duas formações políticas que mais influência tinham e têm no país. Esta celebração acontece num ano em que Angola prepara-se para acolher eleições em Agosto próximo.
O show de Ross também marcou o regressar dos grandes eventos musicais. Em Angola, o setor cultural ficou paralisado por cerca de dois anos, devido a pandemia da COVID-19.
O artista ainda visitou o bairro Prenda, uma das periferias no centro da capital Angolana, para ir ao encontro de uma fãs. Tal visita fez com que muitos internautas questionassem as desigualdades no país. As imagens da visita mostraram o contraste entre a periferia e Luanda — replecta de edifícios altos onde faz-se o comércio do diamante e petróleo da grandeza da sua classe política.
Várias foram as interpretações e comentários ao gesto do Rick Ross, que ao longo da sua visita ao bairro ofereceu dinheiro e falou com os fãs. Sobre tal, o internauta Matadi Mandombem escreveu no seu perfil Facebook:
Não são uma simples visita aos bairros de lata, eles tentam sempre nos transmitir mensagens por intermédio dessas acções, outrora foi o Jay-Z “no Cazenga” hoje é Rick Ross “no Prenda”, fiquemos com as lições que nos passaram… esses artistas têm noção que não diferem dessa gente por se tratar de seus semelhantes, sabem também: Que os seus ancestrais foram proveniente desses espaços geográfico, vir aqui cantar sem sentir o calor do povo por perto é como não completar a jornada, como povo eles sabe que somos um e precisamos nos manter unidos, esses irmãos têm uma visão muito além do que é o mundo.
A página Ango-África Online replicou os elógios para ilustrar o quão positivo foi o gesto do artista:
Rick Ross, com o seu nível de patamar, se fosse alguém sem humildade, sem amor ao próximo, jamais entraria naqueles bairros cheios de lixo, águas paradas, insectos e o resto. Mesmo assim, sem levar em consideração a estas coisas míseras, o mesmo circulava com sorriso no resto abraçando cada pessoas que aparecesse, mais com lágrimas no coração por conta da realidade da nossa Cidade.
Por este facto, o mesmo manifestou interesse de se encontrar com o PR (Presidente da República, João Lourenço), com intuito de saber de que forma ele pode ajudar essa Angola, em particular Luanda. Precisamos de mais figuras com esse tipo de coração, com espírito de humanismo de ajudar o próximo, sem se importar com a cor, raça ou cultua.
A página Wenji Maka Musik-Blog, escreveu, por seu turno, que afinal de contas o valor ganho pelo artista seria parte do mesmo devolvido para que fosse usado nos bairros que necessitam:
Depois da miséria que presenciou nos becos do bairro Prenda, tendo chegado a ofertar mais de 500 dólares à uma Senhora, e espalhado dinheiro em alguns becos, o rapper RICK ROSS decidiu devolver metade do valor que lhe foi pago pela produtora…
”O povo precisa mais deste dinheiro, eu vi a miséria em pessoa neste país, porque nunca antes tinha visto algo assim. Sinceramente, é algo muito deplorável!”
O gesto levantou muitos comentários, pelo facto de ser uma atitude que não se regista nos artistas angolanos, tendo muitos achado que os artistas Angolanos deviam também começar a seguir o mesmo exemplo.
Sabe-se ainda que a estrela da música terá manifestado por conta das constatações da pobreza extrema na capital, o desejo de reunir com o Presidente Angolano, João Lourenço, para partilhar com ele a sua visão sobre o que viu nas periferias de Luanda, não tenho havido nenhuma reacção do Presidente João Lourenço até ao fecho desta publicação.