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Taiwan: A nação mais feliz na Ásia Oriental, segundo o Relatório Mundial da Felicidade de 2022

Categorias: Leste da Ásia, China, Hong Kong (China), Taiwan (RC), Ideias, Mídia Cidadã, Saúde, COVID-19
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Captura de tela de postagem do Twitter sobre o Relatório da Felicidade Mundial de 2022.

A Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas lançou seu Relatório Mundial da Felicidade [2] 2022 na última sexta-feira, 18 de março.

O relatório classifica Taiwan como a 26ª nação mais feliz do mundo, e a mais feliz entre os países do leste asiático, enquanto Hong Kong caiu para a 81ª posição, atrás da Rússia.

A China continental, ocupa a 72ª posição entre 146 países.

O relatório deste ano destaca os efeitos da COVID-19 sobre o bem-estar das pessoas e uma das principais conclusões é:

Countries where people trusted their governments and each other experienced lower COVID-19 death tolls and set the stage for maintaining or rebuilding a sense of common purpose to deliver happier, healthier and more sustainable lives.

Países em que as pessoas confiavam umas nas outras e em seus governos obtiveram menores índices de mortalidade de COVID-19 e prepararam o terreno para manter ou reconstruir um senso de propósito comum para vidas mais felizes, saudáveis e sustentáveis.

O relatório mede a avaliação subjetiva das pessoas sobre seu bem-estar usando seis variáveis-chave: PIB per capita, apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade para fazer escolhas de vida, generosidade e erradicação da corrupção.

Jeffrey D. Sachs, editor fundador do relatório, resume [3] as lições que aprendeu com o esforço de uma década de pesquisas:

Now, at a time of pandemics and war, we need such an effort more than ever. And the lesson of the World Happiness Report over the years is that social support, generosity to one another, and honesty in government are crucial for well-being. World leaders should take heed. Politics should be directed as the great sages long ago insisted: to the well-being of the people, not the power of the rulers.

Agora, em uma época de pandemias e guerra, precisamos mais do que nunca desse esforço. E a lição do Relatório Mundial da Felicidade ao longo dos anos é que o apoio social, a generosidade entre as pessoas e a honestidade no governo são cruciais para o bem-estar. Os líderes mundiais devem prestar atenção. A política deve ser direcionada, como enfatizaram os grandes sábios há muito tempo: ao bem-estar do povo, não ao poder dos governantes.

Taiwan está no topo entre os países do leste asiático há dois anos consecutivos. Apesar de enfrentar ameaças militares [4] e coerção econômica [5] da China, Taiwan tem sofrido menos [6] com a pandemia da COVID-19 quando comparado com seus países vizinhos.

A China reivindica soberania sobre Taiwan, um estado autônomo de fato depois que Kuomintang estabeleceu o governo exilado da República da China em Taiwan após a derrota na Guerra Civil chinesa [7].

Nas redes sociais, muitos questionaram as diferenças nos rankings de felicidade entre as regiões de língua chinesa na Ásia Oriental, conforme destacado pelo usuário do Twitter @pybaubry

É um grande milagre que “Taiwan, província da China” chegue à posição #26 no Relatório Mundial da Felicidade 2022, enquanto a “China” é #72 e “Hong Kong SAR da China” #81 (!).
Ou talvez seja porque Taiwan não é, afinal de contas, uma “província da China”.

Enquanto muitos taiwaneses reagiram [9] às notícias com descontentamento sobre o aumento da inflação e o baixo nível salarial, eles reconheceram que têm mais liberdade do que outras sociedades chinesas.

Taiwan também encabeçou o Índice de Liberdade Global [10], Índice Econômico Global [11], Índice de Liberdade de Imprensa Mundial [12] e o Índice de Democracia da EIU [13]. Por isso, como foi apontado por um dos comentários [9] no tópico de notícias do Relatório de Felicidade no Facebook:

把自由看得重的人就快樂,把錢看得重的人就不快樂,如此而已。

Se alguém valoriza mais a liberdade, eles ficarão felizes, se alguém valoriza mais o dinheiro, eles não ficarão felizes.

O ranking de felicidade da China melhorou durante a pandemia. Em 2019 [14], antes do surto da COVID-19, ocupava a 93ª posição e este ano saltou para 72ª. Por outro lado, Hong Kong caiu da 76ª para a 81ª no mesmo período.

Na China continental, houve poucas discussões sobre o Relatório da Felicidade de 2022. A China desenvolveu sua própria mensuração de felicidade no ranking de suas cidades. [15] As principais variantes são taxa de emprego, renda, meio ambiente, segurança pública, educação etc. Em 2021-2022, as três principais cidades mais felizes da China são Chengdu, Hangzhou e Ningbo.

Quanto a Hong Kong, embora a cidade não tivesse sofrido grandes surtos pandêmicos até as últimas semanas, foi isolada da maior parte do mundo [16] graças à política de controle pandêmico altamente restritiva e enfrentou sérios reveses [17] em relação aos direitos humanos e à liberdade após a introdução da Lei de Segurança Nacional [18] (NSL) em 2020.

No Facebook, os usuários reagiram [19] ao ranking da felicidade de Hong Kong com sarcasmo sobre o ambiente político da cidade:

做調查嘅人都未喺香港住過!邊可信㗎我哋有咗國安法, 又有完善嘅制度,啲警察又知法犯法,個個高官又奉公守法!黎住下包你覺得幸福啊

Os pesquisadores nunca viveram em Hong Kong. Isto não é digno de confiança. Temos a Lei de Segurança Nacional e um sistema eleitoral aprimorado. Os policiais têm muito conhecimento sobre o Estado de Direito. Os oficiais do governo são muito zelosos e legais. Basta vir e se instalar aqui, você ficará muito feliz!

我地有愛黨者治港,又有宇宙無敵郭安發,冇理由唔開心嘅,好肯定係外國勢力又企圖抹黑我地偉大嘅中共國同香港市。

Temos patriotas que amam a invencível lei de segurança nacional e por Hong Kong ser governado pelo partido único. Não temos motivos para estarmos infelizes. Esta é definitivamente uma campanha de difamação lançada por potências estrangeiras para pintar a face negra de nosso grande país comunista chinês e sua cidade de Hong Kong. 

De acordo com o Relatório Mundial da Felicidade de 2022, a Finlândia é o país mais feliz do mundo por cinco anos consecutivos e os dez primeiros são, na maioria, países europeus, exceto Israel e Nova Zelândia.  O país mais infeliz, classificado em 146º lugar, é o Afeganistão.