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Barbados se torna a mais nova república mundial

Categorias: Caribe, Barbados, Governança, Lei, Mídia Cidadã, Política
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A bandeira de Barbados [1] e do Reino Unido. [2] Imagens por Nicolas Raymond [3] no Flickr, CC BY 2.0 [4].

O dia 30 de novembro marca, há tempos, o Dia da Independência em Barbados. Mas a comemoração de 2021 terá um significado especial eterno: a data na qual a ilha caribenha finalmente substituiu [5] a monarca do Reino Unido e da Comunidade Britânica como chefe de estado.

Ao soar da meia-noite, a soberana no poder da Grã-Bretanha, a rainha Elizabeth II, deixou de ser a chefe de estado. Sandra Mason [6], ex-governadora-geral de Barbados, se tornou a primeira presidente do país, enquanto o Estandarte Real do Reino Unido era arriado na Praça dos Heróis Nacionais [7]:

O Estandarte Real baixado pela última vez em Barbados, dobrado, pronto para ser devolvido à Coroa Britânica. Tudo ao som da conhecida canção ‘Auld Lang Syne’.

Em setembro de 2020, a sra. Mason enfatizou [12] que se tornar uma república seria um passo necessário na jornada de Barbados rumo à autonomia:

The time has come to fully leave our colonial past behind. Barbadians want a Barbadian head of state. This is the ultimate statement of confidence in who we are and what we are capable of achieving.

É hora de deixar nosso passado colonial para trás. A população de Barbados quer um chefe de Estado nascido em Barbados. Esta é a declaração final de confiança sobre quem somos e o que conseguimos alcançar.

Ex-colonizadores de Barbados parecem ter ficado realmente felizes pelo país: a rainha Elizabeth mandou cumprimentos [13]; o príncipe Charles, que tem um bom relacionamento de trabalho com a primeira-ministra Mia Mottley, compareceu à cerimônia:

Felicitações ao povo de Barbados por se tornar uma república e retirar a rainha Elizabeth II da posição de chefe de estado após 400 anos de colonialismo. O príncipe Charles participou da posse da presidente eleita, Sandra Mason, que será a chefe de estado.

Para alguns, como o colunista local Suleiman Bulbulia, que escreveu este artigo de opinião [19] para o The Guardian do Reino Unido, a mudança foi ‘inspiradora’, finalmente representando a oportunidade para a ilha se livrar do apelido de ‘Pequena Inglaterra [20]‘.

Já para a primeira-ministra Mia Mottley, foi algo tão simples quanto entender que ‘a presidente de Barbados é, agora, alguém que as crianças barbadenses podem aspirar a ser, e isto é muito marcante':

Enquanto Barbados se prepara para ser uma república, conversei com @miaamormottley para descobrir o que a transição significa para o país. Teremos muito mais na cobertura da BBCNews e BBCWorld.

Na tentativa de se apresentar diante do mundo e enfatizar a capacidade do povo de Barbados, o estrelato das celebridades se destacou com a presença da famosa artista pop Rihanna, nomeada com o título de heroína nacional:

Em meio à pompa e circunstância, Rihanna acabou de ser nomeada ‘Heroína Nacional de Barbados’.

Internautas locais estavam radiantes com a nova classificação do país, nas redes sociais:

Bem-vindos à República de Barbados, após mais de 200 anos de escravidão e 55 anos de independência, Sandra Mason é, agora, a nossa nova presidente e chefe de estado.

Alguns, porém, lembraram que o fato foi uma evolução natural, ocorrido, inclusive, tardiamente:

Fico espantada com o fato de que virarmos uma república atraia tanto fascínio em todo o mundo. Não é nada além da conclusão lógica do nosso processo de descolonização e, francamente, algo que deveria ter acontecido na independência.

Enquanto alguns cidadãos compartilharam mensagens de parabéns [34], outros desejaram que seus próprios países seguissem o mesmo caminho:

Barbados dando um enorme passo e fazendo a coisa certa. Eu espero que Bahamas siga o exemplo, algum dia.

Segundo o poeta Winston Farrell [38], que discursou na cerimônia, “Alguns cresceram desorientados sob a bandeira do Reino Unido, perdidos no castelo de sua pele”. No dia 30 de novembro de 2021, os barbadenses se declararam livres.