Rappers de Mianmar expressam raiva e resistência contra o regime militar

A capa do álbum produzido por Rap Against Junta  (Twitter). Usada sob permissão.

Os rappers de Mianmar encontraram formas de usar sua arte para protestar contra a junta militar opressiva, que tomou o poder em fevereiro de 2021. Além de se unirem em protestos, os rappers escreveram músicas condenando as atrocidades da junta. Em parceria, formaram a Rap Against Junta como a “resistência criativa do hip-hop de Mianmar contra a junta que deu o golpe ilegítimo”. Essa aliança envolveu rappers, produtores, DJs, engenheiros de som, promoters, organizadores, dançarinos e artistas de grafite. Este é seu manifesto de resistência:

We are all leaders using Hip-Hop elements to reject military coup. We could be shot in the head or brutalized if arrested but, fuck it, we would rather die than to live in fear.

- to express our rage against Junta's ruthless crimes in Myanmar
– to bring down the dictatorship and battle for federal democracy
– to use Hip-Hop as a creative means to bring unity, justice and peace

WE ARE ALL LEADERS.
JUNTA MUST FAIL.

Somos todos líderes usando elementos do hip-hop para rejeitar o golpe militar. Poderíamos levar um tiro na cabeça ou acabar presos e violentados mas, foda-se, preferíamos morrer a viver com medo.

- Para expressar nossa raiva contra os crimes brutais em Mianmar

- Para derrubar a ditadura e lutar pela democracia federal

-Para usar o hip-hop como uma forma criativa para trazer unidade, justiça e paz

SOMOS TODOS LÍDERES.

A JUNTA PRECISA CAIR.

A colaboração produziu um álbum que foi lançado em outubro. Com o título de DickCouncil [ဒစ်ကောင်စီ – “conselho otário], um jogo de palavras com o termo birmanês para “conselho militar”, o álbum inclui 11 músicas de 15 rappers. Esse é um trecho de um pronunciamento que eles fizeram durante o lançamento do álbum:

The artists use their unique perspectives and critical voices to be heard across the world, using hip hop as a powerful communication tool. Myanmar hip hop will never be silenced. We come together, not because we are the same but because we are united as one.

Os artistas usam suas perspectivas únicas e vozes críticas para serem ouvidos em todo o mundo, usando o hip-hop como uma poderosa ferramenta de comunicação. O hip-hop de Mianmar jamais será silenciado. Nós estamos juntos, não porque somos iguais mas porque formamos uma unidade.

 

O escritor Roger Yiu resenhou o álbum:

Despite its political nature, DickCouncil is a hidden gem for those who have limited knowledge of Myanmar. Written in the Burmese language, the album ranges from robust Gangsta Rap, Punk Rap, Rock Rap, to playful Funky Trap and even soft electronic beats. Hip Hop has always been the tool of the unheard, and Rap Against Junta is here to put their perspectives in raps and to tell the world the people of Myanmar will not stop fighting for democracy.

Apesar de sua natureza política, DickCouncil é um tesouro para aqueles que têm conhecimento limitado sobre Mianmar. Escrito em birmanês, o álbum inclui desde os robustos Gangsta Rap, Punk Rap, Rock Rap até o divertido Funky Trap, e ainda batidas eletrônicas suaves. O hip-hop sempre foi a ferramenta dos oprimidos, e o Rap Against the Junta está aqui para colocar suas perspectivas em raps e contar ao mundo que as pessoas de Mianmar não vão parar de lutar pela democracia.

Um membro da Rap Against the Junta contou à Global Voices em uma entrevista que eles levaram três meses para compilar as músicas do álbum. Também esclareceram que eles não querem desafiar a junta, mas destruí-la.

We had a hard time during the collection of music because of COVID-19 third wave (in Myanmar). We are not challenging them… We tearing them apart… We use HipHop as a medium to connect all the people and battle towards junta regime.

Tivemos dificuldades durante a compilação das músicas por causa da terceira onda de Covid-19 (em Mianmar). Não os estamos desafiando… Estamos destruindo-os … Usamos o hip-hop como um meio de conectar todas as pessoas e lutarmos contra o regime da junta.

O álbum foi elogiado por rappers de outros países que também se opõem às políticas antidemocráticas de seus respectivos governos.

Abaixo estão algumas das músicas produzidas pelos rappers oposicionistas à junta de Mianmar:

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