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Quinta mulher assassinada no Azerbaijão em 10 dias

Categorias: Ásia Central e Cáucaso, Azerbaijão, Direitos Humanos, Educação, Governança, Mídia Cidadã, Mulheres e Gênero, Política

Captura de tela do Meydan TV report [1] sobre o feminicídio no Azerbaijão

Esse artigo foi publicado pela primeira vez [2] na OC Media. Uma versão editada é republicada na Global Voices sob um acordo de parceria de conteúdo.

No domingo, 25 de julho, Nargiz Mustafayeva, moradora do distrito central de Barda, foi estrangulada até a morte. Seu marido, Agil Mustafayev, nascido em 1983, foi preso. De acordo [3] com a promotoria, Mustafayev matou sua esposa por uma disputa familiar.

Mustafayeva é a quinta mulher assassinada no Azerbaijão nos últimos 10 dias.

Em 24 de julho, Meykhosh Jafarov, supostamente, esfaqueou até a morte sua esposa, Khatira Farajova. Segundo a promotoria, Farajova e seus filhos sofriam abusos constantes de Jafarov.

Em 23 de julho, Zarbali Guliyev, aparentemente, esfaqueou e matou sua esposa Lyudmila Tatachenko, após uma discussão, e se matou em seguida.

Em 22 de julho, ao que tudo indica, o sargento de polícia Aliaga Soltanov matou a facadas Mubarak Agayeva, também após uma discussão.

No dia 16 de julho, a cantora Aygun Mirzayeva foi esfaqueada 23 vezes em um hotel em Baku. Ali Mammadov, que foi preso por seu assassinato, disse que os dois eram amantes e confessou o crime.

De acordo com a ativista feminista Gulnara Mehdiyeva, as mulheres no Azerbaijão não têm sequer segurança básica. “Eu acho que esses feminicídios são a prova de como as mulheres estão vulneráveis no país. Porque, na maioria dos casos, o assassinato não é o primeiro estágio da violência, mas sim o último”. Mehdiyeva disse à OC Media. E ainda acrescentou:

Murderers are often known for their violence against their spouses or lovers beforehand. For example, a husband who kills his wife who is trying to get a divorce and has abused her and her three children. That was the reason for the divorce.

Os assassinos são reconhecidos de antemão pela violência contra suas esposas ou namoradas. Por exemplo, um marido que mata a esposa, que está tentando se divorciar, e abusou dela e dos três filhos. Essa foi a razão do divórcio.

Mehdiyeva observa que os órgãos de segurança pública “têm feito tudo nesse assunto, exceto o que realmente deveriam”.

The country’s policies and the current legislation do nothing to protect women in the period before they are murdered. Police does not like to open criminal cases, especially for domestic violence. When applying to the police, applicants are encouraged to withdraw their complaints in order to reduce the number of cases. They [the police] do everything except their job.

As políticas do país e a legislação atual não fazem nada para proteger as mulheres no período que antecede a sua morte. A polícia não gosta de abrir ocorrências, principalmente por violência doméstica.  Ao se apresentarem na polícia, as vítimas são incentivadas a retirar as queixas a fim de reduzir o número de casos. Eles (a polícia) fazem tudo, menos o trabalho deles.

Mehdiyeva disse à OC Media que a falta de responsabilização também se estende ao sistema judicial do país. “Os tribunais não servem à justiça, os órgãos de segurança não podem fornecer apoio social a mulheres desempregadas com filhos. E como resultado, as mulheres são forçadas a continuar convivendo com a violência. O que termina em assassinato”.