O dia 3 de junho marcou o sexto aniversário da campanha Ni Una Menos (“Nem uma [mulher] a menos”), um movimento feminista que começou na Argentina e rapidamente se espalhou pelo resto da América Latina e além.
Em 3 de junho de 2015, mais de 200 organizações feministas argentinas concordaram com um novo conjunto de demandas sob o lema “Queremos estar vivas, livres e independentes!”. O foco cresceu para incluir os direitos econômicos e legais das mulheres, com o movimento agora abrangendo uma perspectiva LGBTI+.
Várias ações foram lançadas desde aquele primeiro dia de junho, quando mulheres se reuniram em mais de 80 cidades argentinas para protestar contra a violência de gênero e o feminicídio. O que começou como um protesto nacional sob o slogan Ni Una Menos cresceu rapidamente e se tornou um movimento regional e global.
O protesto começou nas redes sociais, antes de se alastrar pelas ruas da Argentina a fim de condenar o assassinato de Chiara Páez, uma menina de 14 anos morta por seu namorado de 16, Manuel Mansilla. Desde então, o movimento Ni Una Menos fincou suas bases em várias iniciativas.
Tais iniciativas incluem a criação de um Registro de Femicídios, fundado pela Suprema Corte argentina apenas um dia após o primeiro protesto. Outras atividades incluem o Centro de Registro, Sistematização e Acompanhamento de Femicídios, lançado pela Secretaria de Direitos Humanos da Argentina. O objetivo do Centro é manter um registro quantitativo dos casos de violência de gênero, a fim de reunir estatísticas e análises sobre o tema, que possam ser utilizadas na hora de propor soluções.
Em novembro de 2015, o Gabinete de Advogados para Vítimas de Violência de Gênero foi criado a partir de uma demanda do movimento Ni Una Menos. O Bureau é composto por advogados especializados em direitos das mulheres que oferecem representação legal e gratuita às vítimas de violência doméstica e abuso sexual.
Embora os números na Argentina ainda sejam extremamente alarmantes – uma mulher é morta a cada 35 horas – o aumento da conscientização sobre a violência e os homicídios de gênero inspirou outros movimentos, que resultaram em novas conquistas. Isso incluiu a promulgação da Lei Micaela em dezembro de 2018, que estabelece treinamento obrigatório em questões de gênero e violência contra a mulher para todas as pessoas que trabalham no serviço público. Além disso, o governo criou o Ministério da Mulher em dezembro de 2019 com o objetivo de representar as mulheres e grupos minoritários nas políticas públicas. Então, em dezembro de 2020, legisladores argentinos votaram pela legalização do aborto, uma das principais demandas do movimento Ni Una Menos.
As demandas do movimento em 2021 agora incluem uma lei nacional para cotas de emprego e para a inclusão de pessoas trans, um aumento salarial e subsídios para trabalhadoras a fim de combater a crise econômica e sanitária no país, além de uma reforma legal baseada em gênero e feminismo que irá preencher a lacuna entre as políticas nacionais e as realidades das mulheres e das pessoas LGBTI+.
Além disso, o coletivo Ni Una Menos tem convocado uma exibição de cartazes em todo o país, slogans a serem compartilhados nas redes sociais ou impressos e pendurados em portas e janelas, permitindo um dia de ativismo sem infringir as restrições da COVID-19.
“Há seis anos navegamos nessa onda feminista, nessa construção coletiva que mudou nossas vidas”, escreveu o movimento em sua página do Instagram. “A luta feminista nos une, nos encontra e nos sustenta. Todas nós queremos ser mais livres, vivas e independentes. “
View this post on Instagram