Em homenagem ao Dia Mundial da Tartaruga, conheça as cinco espécies que frequentam Trindade e Tobago

Filhote de tartaruga-de-couro indo para o mar em Back Bay, Tobago, 2010. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

Este artigo foi escrito por Michelle Cazabon-Mannette e publicado originalmente no Cari-Bois NewsUma versão editada é republicada aqui como parte de um acordo de compartilhamento de conteúdo com a Global Voices.

Dia 23 de maio é o Dia Mundial da Tartaruga, marcado anualmente para proteger as tartarugas e seus habitats em desaparecimento. Em Trindade e Tobago, a espécie com a qual a maioria das pessoas está familiarizada, graças aos seus hábitos de construir ninhos e aos esforços de conservação do país, é a tartaruga-de-couro, que visita as margens das ilhas gêmeas caribenhas todos os anos de março a agosto. Menos conhecidas são outras quatro espécies de tartarugas-marinhas, todas de carapaça dura: tartaruga-de-pente, tartaruga-verde, tartaruga-marinha-comum e a tartaruga-oliva.

As cinco espécies compartilham algumas características comuns. Todas passam a maior parte da longa vida no mar, percorrendo grandes distâncias, com as fêmeas retornando às praias, perto do seu local de nascimento, para colocar um grande número de ovos. Todas as tartarugas-marinhas de casco rígido têm placas ósseas chamadas escamas que constituem a carapaça, cujo padrão, além do número de escamas pré-frontais entre os olhos, é a chave para determinar a espécie.

Elas também estão ameaçadas e foram designadas como espécies ambientalmente sensíveis. As penalidades locais por ferir essas tartarugas são de 100.000 dólares de Trindade e Tobago (quase 15.000 dólares americanos) e prisão de dois anos.

Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), vulnerável (IUCN)

Tartaruga-de-couro no início da manhã em Grande Riviere, ao longo da costa leste de Trinidade, 2018. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

A maior das tartarugas-marinhas, a tartaruga-de-couro, passa uma parte significativa da vida no vasto oceano aberto, viajando milhares de quilômetros. Elas podem ser encontradas em todos os oceanos tropicais e subtropicais, com uma gama que se estende até o Círculo Polar Ártico, muito mais frio.

O que diferencia as tartarugas-de-couro das outras tartarugas-marinhas é sua concha macia e semelhante a couro, que possibilita um mergulho mais fundo do que qualquer outra espécie de tartaruga-marinha. Sua dieta principal consiste em animais de corpo mole que vagueiam por colunas de água, como as águas-vivas.

Para a época de nidificação, elas preferem climas mais quentes. Trindade e Tobago, localizada no extremo sul do arquipélago caribenho, é o lar de uma das maiores populações de ninhos de tartaruga-de-couro do mundo; como tal, o país tem desempenhado um papel importante nos esforços globais de conservação.

Embora as populações globais sejam consideradas vulneráveis, devido aos recentes declínios, a subpopulação regional é atualmente classificada como em perigo – uma designação mais alarmante – pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A principal ameaça às tartarugas-de-couro, tanto local quanto globalmente, é a captura acidental da espécie na pesca.

Tartaruga-de-pente ou tartaruga-de-escamas (Eretmochelys imbricata), criticamente ameaçada (IUCN)

Tartaruga-de-pente jovem descansando no recife em Castara, Tobago, 2012. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

Esta é a outra espécie mais comum que utiliza a região de Trindade e Tobago como local de nidificação. Por ser uma espécie pequena e ágil, sua atividade de nidificação está espalhada por muitas praias, incluindo pequenas baías protegidas por rochas ou recifes. As fêmeas fazem migrações reprodutivas entre áreas de alimentação e nidificação na escala de centenas a milhares de quilômetros.

Jovens tartarugas-de-pente podem ser encontradas nas águas locais durante todo o ano, em recifes de coral, paredes de penhascos subaquáticos e habitats de fundo duro, onde se alimentam principalmente de esponjas. Sua dieta única ajuda a manter a diversidade e a saúde dos recifes de coral. Diferentes da população de nidificação, elas se originam de uma variedade de outras ilhas, incluindo locais distantes como Cuba e Porto Rico.

As tartarugas-de-pente podem ser reconhecidas pelas quatro placas laterais, dois pares de escamas pré-frontais e bico estreito e pontiagudo. As escamas na concha sobrepõem-se como telhas em um telhado, resultando na aparência serrilhada da concha, que aparece com mais proeminência nos animais jovens.

Esses animais estão distribuídos por todos os trópicos e, em menor extensão, nos subtrópicos. As tartarugas nascidas nas costas de Trindade e Tobago tendem a migrar amplamente pela região do Caribe, com as fêmeas retornando aos ninhos.

Infelizmente, elas têm sido capturadas por sua bela “carapaça de tartaruga”, que no passado era usada para fazer joias e outros itens decorativos. A IUCN lista essa espécie como criticamente ameaçada.

Tartaruga-verde (Chelonia mydas), ameaçada de extinção (IUCN)

Tartaruga-verde jovem nadando na costa de Curaçao, 2017. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

Incomum de encontrar em Trindade e Tobago, as tartarugas-verdes são as maiores entre as tartarugas de casca rígida. Assim como a tartaruga-de-pente, no entanto, as tartarugas jovens dessa espécie vivem no mar o ano todo. Trata-se de uma espécie herbívora, que se alimenta, principalmente, de ervas marinhas e algas, e em geral, vive em leitos de ervas marinhas e recifes de coral, onde as algas podem estar presentes.

São ocasionalmente avistadas ao redor da costa rochosa das costas norte e leste de Trindade, e sua atividade de pastoreio desempenha um papel importante na manutenção da saúde dos tapetes de ervas marinhas e dos recifes de coral. Elas são facilmente diferenciadas das tartarugas-de-pente por seu bico cego e é a única espécie com um par de escamas pré-frontais entre os olhos.

Embora a carne da tartaruga-verde seja, em geral, a mais procurada em todo o mundo, tanto as tartarugas-de-pente quanto as tartarugas-verdes continuam a ser ameaçadas localmente por caçadores ilegais, nas praias ou no mar. A IUCN lista essa espécie como ameaçada.

Tartaruga-marinha-comum (Caretta caretta), vulnerável (IUCN)

Tartaruga-marinha-comum que ficou encalhada na praia de Manzanilla, na costa leste de Trindade; foi reabilitada com sucesso e devolvida ao mar em 2017. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

A tartaruga-marinha-comum é rara em Trindade e Tobago, mas várias aparições foram confirmadas nos últimos 12 anos, nas costas leste, sul e oeste de Trindade, bem como em torno de Tobago.

Em 2017, uma tartaruga-marinha-comum que estava encalhada na costa leste foi reabilitada com sucesso e depois liberada com uma etiqueta de satélite, que mostrou que ela passou algum tempo explorando o Golfo de Pária após ser solta.

Essas tartarugas são diferenciadas de outras espécies por suas cabeças grandes e as cinco escamas laterais na concha, embora os filhotes possam ser facilmente confundidos com a tartaruga-de-pente o padrão de escuteira não for atentamente observado.

Elas gostam de habitats lamacentos de fundo duro, onde se alimentam de uma variedade de animais, incluindo mariscos, que esmagam com a grande cabeça e fortes mandíbulas. Elas nidificam ao longo da costa em zonas tropicais e temperadas, e frequentam todas as bacias oceânicas tropicais e temperadas, com a Flórida registrando a maior população de ninhos dessa espécie no mundo. A IUCN lista essa espécie como vulnerável.

Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), vulnerável (IUCN)

Tartaruga-oliva ferida que encalhou na praia de Lambeau, em Tobago, 2007. Foto de Ryan P. Mannette, cortesia da SpeSeas, usada com permissão.

A menor das tartarugas-marinhas encontrada localmente. Suas aparições são raras, mas acontecem. Sua dieta variada, que pode incluir caranguejos, caracóis, cracas, algas, peixes, medusas e outros animais de corpo mole, faz com que se alimente em habitats costeiros de fundo mole, bem como na superfície do mar aberto.

A espécie costuma ter seis ou mais escudos laterais, o que a diferencia das demais espécies encontradas localmente. Em algumas partes do mundo, a tartaruga-oliva exibe um comportamento de nidificação único, chamado de “arribada”, em que milhares de fêmeas se coordenam e constroem ninhos em um único trecho de praia durante alguns dias. Durante a época de nidificação, todo o grupo permanece próximo à praia onde estão os ovos, mas esse comportamento não foi registrado em Trindade e Tobago, onde se vê apenas ocasionais tartarugas solitárias em nidificação. A IUCN lista essa espécie como vulnerável.

Essas tartarugas-marinhas, outrora abundantes, desempenham um papel importante na manutenção de ecossistemas marinhos saudáveis, mas têm sido caçadas por causa de sua carne, ovos, conchas e outros produtos, incluindo a colheita intensiva pelos colonizadores europeus da região nos séculos 17 e 18, que esgotou significativamente as populações.

Localmente, as tartarugas-marinhas geram lucros significativos nas atividades de ecoturismo, que incluem visitas guiadas às praias de desova e mergulho. Apesar disso, as espécies continuam enfrentando inúmeras ameaças, incluindo tentativas contínuas de caça, captura acidental, perda de habitat, mudanças climáticas e poluição por plástico.

Se você quiser contribuir para saber mais sobre as tartarugas-marinhas de Trindade e Tobago, o site de defesa do ambiente marinho SpeSeas incentiva os internautas a se tornarem cientistas cidadãos, por meio de relatórios sobre encontros com tartarugas.

A dra. Michelle Cazabon-Mannette é diretora da SpeSeas, onde é especialista em biologia e conservação de tartarugas-marinhas em Trinidade e Tobago. Ela é doutora em Biologia Ambiental pela Universidade das Índias Ocidentais, em St. Augustine, e apaixonada por pesquisa e gestão dos recursos naturais do mundo. Também atua como consultora da organização Salve nossas tartarugas-marinhas (SOS) Tobago.

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