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A iniciativa Biru Terong: usando o poder do vídeo para o avanço social na Indonésia

Categorias: Leste da Ásia, Indonésia, Ativismo Digital, Filme, Ideias, Mídia Cidadã, Mulheres e Gênero, Tecnologia
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Captura de tela do site da Biru Terong

Este artigo de Egbert Wits é da Video4Change Network, uma associação de organizações que promove o uso de vídeos para direitos humanos, justiça social e avanços ambientais. Esta história foi editada e republicada na Global Voices como parte de um acordo de compartilhamento de conteúdo com a EngageMedia [2].

Em 2020, durante um fim de tarde chuvoso em Yogyakarta, Indonésia, eu conversei com Vivian Idris, fundadora da Iniciativa Biru Terong [3], que recentemente se juntou [4] à Video4Change Network.

Enquanto mantínhamos distância, e com saborosas bananas fritas e um bule de chá de gengibre quente entre nós, Idris explicou tudo sobre a Biru Terong. Mas antes de eu começar a fazer perguntas, ela comentou como estava animada por se unir à Video4Change Network.

Ever since joining [5] the Impact Toolkit Co-Creation Lab in Jakarta back in 2019, I felt our work at Biru Terong was strongly connected to Video for Change. From my discovery then—that there’s a network of like-minded organisations, all using the power of video to address social issues and create change—to Biru Terong now actually being part of that network and me meeting with all those other amazing people, this has been really exciting and stimulating.

Desde que nos associamos [5] ao Impact Toolkit Co-Creation Lab em Jakarta em 2019, senti que nosso trabalho na Biru Terong estava fortemente conectado à Video for Change. Desde a minha descoberta na época – de que existe uma rede de organizações com o mesmo propósito, que usa o poder do vídeo para tratar de questões sociais e gerar mudanças – até a Biru Terong, que agora faz parte dessa rede, e eu conhecendo todas essas outras pessoas maravilhosas, isso tem sido realmente empolgante e estimulante.

Egbert Wits (EW): Quais vídeos da Biru Terong você acha que os apoiadores da Video for Change deveriam assistir?

Vivian Idris (VI): Lately, our team has been working together with PEKKA [6], an organisation working with women-headed households to empower families across Indonesia. We have been using video to document how women are struggling for their livelihoods while coming up with creative ways to economically support their families. The screening of our footage allowed us to show women in one region of Indonesia how women in other regions were doing and discuss what can be learned from the practices of other women.

Vivian Idris (VI): Recentemente, nosso time tem trabalhado com a PEKKA [6], uma organização que trabalha com mulheres que sustentam seus lares, e cuja missão é empoderar as famílias na Indonésia. Estamos usando vídeos para documentar como as mulheres lutam pela sua subsistência enquanto encontram meios criativos de sustentar suas famílias economicamente. Nossas filmagens são apresentadas para mulheres de uma determinada região da Indonésia para mostrar o desempenho de mulheres de outras regiões e discutir o que pode ser aprendido com a prática delas.

EW: Como você utiliza a Video for Change em seu trabalho?

VI: We use video to capture the social-economic reality of marginalised groups of society and use that footage to stimulate dialogue and learning. By involving women in the production process, they become more critically conscious of their situation and more outgoing and daring to step up and demand better treatment or more equal rights.

Another element of Biru Terong’s work is the documentation of indigenous and traditional knowledge, as much is lost with the passing of elders. Documenting this knowledge is not just for archiving; in fact, it’s highly relevant to our current way of living. We are witnessing a global resurgence of awareness that the practice of indigenous knowledge is proven to be sustainable for life on earth, benefits our health and happiness, and can teach us many lessons in more equitable economic, social, and cultural practices … and that’s not even addressing the spiritual aspects.

VI: Usamos vídeos para capturar a realidade socioeconômica de grupos marginalizados da sociedade e usamos essas filmagens para estimular o diálogo e o aprendizado. Ao envolver mulheres no processo de produção, elas se tornam mais criticamente conscientes da sua situação e mais extrovertidas e encorajadas a exigir melhor tratamento ou igualdade de direitos.

Outro elemento do trabalho da Biru Terong é a documentação do conhecimento indígena e tradicional, já que muito se perde com a morte dos mais velhos. A documentação desse conhecimento não é so para fins de arquivo; na verdade, é altamente relevante para o nosso modo de vida atual. Estamos testemunhando o ressurgimento da conscientização global de que a prática do conhecimento indígena é reconhecidamente sustentável para a vida na Terra, beneficia nossa saúde e felicidade, e pode nos ensinar muitas lições sobre práticas econômicas, sociais e culturais mais igualitárias… isso sem falar nos aspectos espirituais.

EW: Que tipo de histórias você acha que precisam ter mais visibilidade?

VI: Stories of women in disadvantaged positions fighting to sustain themselves and their families while challenging poisonous elements of male-dominated culture that still exist in many places around the world.

VI: Histórias de mulheres em posições desfavorecidas que lutam para sustentar a si mesmas e as suas famílias enquanto desafiam elementos tóxicos da cultura dominada por homens, que ainda existe em muitos lugares do mundo.

EW: O que você gostaria de compartilhar com a Network e com a comunidade da Video for Change?

VI: When making a video, try to let your own ambitions be for a while. Instead, focus and find inspiration from what you encounter in the field, everywhere there’s amazing work done by people, invisible from the eyes of the rest of the world. These are the stories, most often from women, but sometimes also of men, that need capturing as their potential to inspire is boundless.

VI: Ao fazer um vídeo, tente deixar suas ambições de lado por um tempo. Foque e procure inspiração no que você encontra em campo, em todo lugar há trabalhos maravilhosos feitos por pessoas, os quais são invisíveis aos olhos do resto do mundo. Essas são as histórias, mais frequentemente de mulheres, mas algumas vezes de homens também, que precisam de registro porque seu potencial inspirador é ilimitado.

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Vivian Idris, da Iniciativa Biru Terong, Indonésia. Foto usada sob permissão.

EW: Quais os próximos passos da Iniciativa Biru Terong?

VI: We look forward to potential collaborations with other Video4Change Network Members, but I realise patience is needed for this pandemic to end. Meanwhile, we continue our work with PEKKA. Personally, I’m mentoring a young community of film-makers in Kendal, Central Java, in order to strengthen their video-making skills.

VI: Aguardamos ansiosamente potencias colaborações com outros membros da Video4Change Network, mas entendo que é preciso ter paciência para essa pandemia acabar. Enquanto isso, continuamos nosso trabalho com a PEKKA. Pessoalmente, eu estou dando mentoria a uma jovem comunidade de produtores de vídeo em Kendal, Java Central, para fortalecer suas habilidades de filmagem.

EW: E caso alguém esteja se perguntando, Biru Terong não significa Berinjela Azul?

VI: Haha, yes, literally speaking it does. But the name actually depicts a specific colour often used in indigenous weaving traditions I documented [8] in Central and South Sulawesi. It’s a beautiful light purple, an inspiring colour worn by powerful women.

VI: Haha, sim, literalmente falando, significa. Mas o nome, na verdade, descreve uma cor específica usada frequentemente na tecelagem tradicional indígena, que eu documentei [8] na Celebes Central e Sul. É um lindo roxo claro, uma cor inspiradora usada por mulheres poderosas.

*Egbert Wits é gerente de treinamento dos programas da Video for Change na EngageMedia.