Cabo Delgado volta a sofrer ataque e vila é evacuada

Cabo Delgado boundary bridge, north of Mozambique, August 4, 2009. Photo by F. Mira via CC BY-SA 2.0.

Mais um ataque abalou a província de Cabo Delgado em Moçambique. Na tarde do dia 24 de Março, um grupo de homens armados atacaram o centro da vila de Palma, localizada numa zona próxima da área de exploração do maior projecto de exploração de gás de África, liderado pela empresa francesa Total.

O ataque deixou dezenas de civis mortos, e a vila foi evacuada. Não há número oficial de casualidades ainda dado que o confronto com as forças armadas ainda está a decorrer.

Há confirmação de que foi assassinado pelo menos um estrangeiro, de nacionalidade Sul-Africana, que trabalhava para o projecto de gás.

mais de três anos que a província de Cabo Delgado, no norte do país, sofre com ataques cuja autoria é atribuída ao auto-proclamado Estado Islâmico. Tudo teria se iniciado em Outubro de 2017, quando uma esquadra da polícia foi atacada por homens armados.

De lá para cá, os ataques já totalizam mais de 2.000 mortos e acima de 700.000 deslocados internos, muitos hoje instalados na cidade capital de Cabo Delgado, Pemba. A UNICEF estima que metade desses deslocados internos sejam crianças.

Após o ataque, mais uma vez foi o Estado Islâmico que veio declarar-se como autor do mesmo.

No dia 10 de Março, os Estados Unidos adicionaram oficialmente dois grupos extremistas islâmicos na sua lista de organizações terroristas — um actua na República Democrática do Congo (RDC) e o outro em Moçambique. Segundo o Governo americano, ambas as organizações são acusadas de terem vínculos com o “Estado Islâmico” (ISIS).

No dia 30 de Março, a televisão privada STV anunciou que a vila já tinha sido recuperada pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mas minutos depois voltou atrás ao constatar que mais ataques sucediam.

Esta terça-feira, depois de garantias das FDS de que a situação estava controlada, equipas de reportagem que estão no terreno, a acompanhar a situação, testemunharam situações de trocas de tiros, mostrando que a situação continua fora do controlo.

Após os eventos do dia 24, várias organizações da sociedade civil lançaram um apelo para que o Presidente da República viesse em público para explicar o sucedido.

No total foram 18 organizações que exigiram ao Presidente da República que acione um pedido de apoio internacional para ajudar combater os grupos armados no norte de Moçambique:

Exigimos informação regular e atempada pelo chefe de Estado sobre a situação de Cabo Delgado, informação exata e desagregada por género e faixa etária das populações afetadas, entre deslocadas, assassinadas e raptadas.

Em resposta, o Presidente Filipe Nyusi fez uma declaração na qual referiu que aquele não foi o maior ataque registado na província. Igualmente, Nyusi disse que é preciso evitar qualquer tipo de distração:

Foi mais um ataque. Não foi maior do que tantos outros que tivemos, mas tem esse impacto por ter sido na periferia dos projetos em curso naquela província.

Não percamos o foco, não fiquemos atrapalhados. Vamos abordar o inimigo como temos estado a abordar, com alguma contundência, como as Forças de Defesa e Segurança estão a fazer, porque a falta de concentração é o que os nossos inimigos internos e externos querem.

Nós temos que nos concentrar, abraçarmo-nos e avançarmos. Temos estado, segundo a segundo, a seguir o trabalho que os jovens no terreno estão a fazer.

Em forma de apoio, Portugal enviou 60 militares que deverão treinar as forças armadas de Moçambique a partir dos próximos dias.

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