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Jamaica e Trinidade e Tobago exemplos de como países menores têm reagido à COVID-19

Categorias: Caribe, Jamaica, Santa Lúcia, Trindade e Tobago, Economia e Negócios, Mídia Cidadã, Política, Saúde, COVID-19
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COVID-19 ilustração CG de Yuri Samoilov [2] no Flickr, CC BY 2.0 [3].

Trinidad e Tobago e a Jamaica são os únicos dois países de língua inglesa incluídos no Índice interativo de desempenho contra a COVID-19, [4] que analisa 98 países com dados públicos para saber como estão lidando com a pandemia até o momento, após 100 casos da doença confirmados nos países.

Pesquisadores do Instituto Lowy [5], com sede na Austrália, conhecido como “instituição de análise sobre política internacional, independente e apartidária”, buscaram analisar as respostas de vários países à pandemia. Trinidad e Tobago ficou em 28º lugar, enquanto a Jamaica ficou em 31º na lista [4].

O estudo classificou os países em várias categorias (região, sistema político, tamanho populacional e desenvolvimento econômico), e determinou se existiam variações significativas na maneira como esses países estão lidando com a epidemia. Os resultados demostraram que, “nenhum tipo de país emergiu como vencedor unânime pelo menos no período analisado” embora, “países menores (com menos de 10 milhões de habitantes) mostraram-se mais eficientes do que a maioria dos países maiores”.

Curiosamente, os níveis de desenvolvimento econômico ou as diferenças nos sistemas políticos entre os países tiveram menos impacto nos resultados, entretanto, países “menos populosos, sociedades harmônicas e instituições competentes” de modo geral apresentaram uma vantagem competitiva no enfrentamento da pandemia.

Como o estudo foi desenvolvido

A abordagem concentrou-se em seis áreas de análise, durante 36 semanas, a partir do centésimo caso confirmado de COVID-19 de cada país, até o dia 09 de janeiro de 2021: casos confirmados, mortes confirmadas, casos confirmados por milhão de habitantes, mortes confirmadas por milhão, proporção entre testes e casos confirmados e testes por cada mil habitantes.

A partir daí, os pesquisadores calcularam a cada duas semanas a média móvel dos valores diários de cada um dos indicadores, seguida da média de todos os indicadores por país em cada período, a fim de obter uma pontuação de zero (pior desempenho) a 100 (melhor desempenho).

Como as Américas se saíram

Nas Américas, onde se inclui a região do Caribe, a propagação do coronavírus acelerou durante a segunda onda da pandemia, transformando a região na mais afetada:

Grande parte dessa estatística teria sido determinada pelo grande número de casos de COVID-19 em países como Estados Unidos e Brasil.

Mesmo agora, no entanto, os números de casos da doença na Jamaica têm aumentado de modo contínuo [6] e, mais recentemente, Santa Lúcia, que não foi incluída no estudo, declarou [7] estado de emergência nacional a partir de 3 de fevereiro. A população de Santa Lúcia é um pouco superior a 180.000 habitantes. Até o dia 3 de fevereiro, o país havia registrado 757 casos ativos e 1.479 casos no total, com 16 mortes relacionadas à COVID-19.

O poder econômico ofereceu alguma vantagem?

Surpreendentemente, os dados revelaram que, embora países com renda per capita mais elevada tivessem mais recursos à sua disposição e, até o momento, apresentassem um desempenho médio melhor em comparação aos países em desenvolvimento, com o início da segunda onda, no final de 2020, e com o aumento das taxas de transmissões devido às viagens aéreas, esses países perderam o posto de melhor desempenho.

Nesse ínterim, grande parte do hemisfério sul foi, na verdade, capaz de lidar bem com o surto inicial da COVID-19, ao que os pesquisadores atribuíram o fato de terem tido mais tempo para preparação [8] e “a um maior senso de urgência […]  na implementação de medidas preventivas assim que a magnitude e a gravidade da crise global tornou-se conhecida”.

No início, a Jamaica, impôs quarentena  [9]a comunidades inteiras e restrições de viagens a países como Reino Unido, que apresentava alta taxa de infecção. O Caribe é um destino popular de inverno, tanto para europeus quanto para norte-americanos, e muitos territórios da região implementaram [10] proibições de viagens semelhantes na tentativa de manter o vírus sob controle.

Por outro lado, Trinidad e Tobago proibiu [11] a chegada de navios de cruzeiro e, em 16 de março de 2020 fechou definitivamente suas fronteiras [12]. Embora o país venha concedendo autorizações de viagens em casos de repatriamento de cidadãos, quase um ano depois as fronteiras do país continuam oficialmente fechadas. Recentemente, o governo anunciou que as autorizações de viagens serão obrigatórias [13] tanto para entrar como para sair do país.

Os pesquisadores do Instituto Lowy deduziram que medidas como estas [14] “pouco elaboradas” incluindo confinamentos em massa, “podem ter criado uma situação mais equitativa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento no tocante ao controle da COVID-19″.

Entretanto, eles observaram que “a distribuição desigual das primeiras vacinas contra a COVID-19 poderia dar aos mais ricos uma vantagem decisiva nos esforços de recuperação da crise, e deixar os países mais pobres lutando contra a pandemia por mais tempo”. Essa é uma das razões pelas quais a Comunidade do Caribe (CARICOM [15]convocou [16] uma reunião de cúpula mundial para abordar uma distribuição mais igualitária das vacinas:

Comparação entre Jamaica e Trinidad e Tobago

É interessante a comparação feita entre os dois países caribenhos, considerando que estão localizados nos extremos do arquipélago (Jamaica ao norte e Trinidade e Tobago ao sul). O gráfico interativo que permite aos usuários comparar até cinco países específicos em um único gráfico, facilitou a tarefa:

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Captura de tela da comparação da resposta contra a COVID-19 entre a Jamaica e Trinidad e Tobago, do Índice Interativo de Desempenho contra a COVID-19 do Instituto Lowy [4].

A metodologia do estudo observou que menos casos e mortes relatados, tanto no total quanto per capita, indicam uma melhor resposta contra o vírus. A realização de mais testes para COVID-19 per capita  também oferece um panorama mais preciso da extensão da pandemia a nível nacional, e taxas mais baixas de testes positivos obviamente sugerem um melhor controle da transmissão.

Desde o dia 3 de fevereiro de 2021, a Jamaica [6] realizou 170.045 testes para COVID-19 (aproximadamente 5,6%), em uma população de cerca de 3 milhões de habitantes, por outro lado Trinidad e Tobago [17], com uma população estimada de 1,4 milhões de habitantes, realizou 85.910 testes (aproximadamente 6,1%). Dos testes realizados na Jamaica, 16.250 (9,5%) foram positivos, já em Trinidad e Tobago 7.586 testaram positivo (8,8%).

A Wikipédia compila dados sobre a COVID-19 de países ao redor do mundo aqui [18], onde é possível acompanhar o desempenho de todos os estados membros [19] da Comunidade do Caribe (CARICOM).

Atualização: em 9 de fevereiro, a Jamaica registrou [20] o maior número de casos de COVID-19 em 24 horas até agora, com 403 casos positivos em 1.935 amostras testadas.