Loujain al-Hathloul, proeminente ativista saudita detida desde 2018 por exigir o fim do sistema de tutela masculina e a proibição das mulheres de dirigirem, foi libertada na semana passada e postou seu primeiro tuíte na quarta-feira.
Returning with a heart full of gratitude, but bruised from 1001 disappointments. pic.twitter.com/CsM79OLDzb
— لجين هذلول الهذلول (@LoujainHathloul) February 17, 2021
Voltando com o coração cheio de gratidão, mas ferido por 1001 decepções.
Loujain, que foi sequestrada dos Emirados Árabes Unidos em maio de 2018, torturada, teve acesso negado à família e foi mantida em períodos de confinamento solitário durante seu encarceramento, foi condenada a quase seis anos de prisão em 28 de dezembro de 2020, pelo notório tribunal de terrorismo do reino. A pena de seis anos, com quase a metade suspensa pelo veredicto, é inferior à pena máxima de prisão de até 20 anos exigida pelo promotor público em 17 de dezembro.
A imprensa local, citando a decisão do tribunal, disse que a ativista de 31 anos foi considerada culpada de “cometer atos criminalizados nos termos do artigo 43 da Lei de Combate aos Crimes de Terrorismo“, incluindo envolvimento com entidades estrangeiras hostis e uso da Internet para servir e apoiar uma agenda externa dentro do reino, com o objetivo de prejudicar a ordem pública.
Com base nesta decisão, a família de Loujain previu sua libertação em março, já que ela havia cumprido a maior parte da pena em prisão preventiva.
Sua libertação em 10 de fevereiro foi um acontecimento celebrado por políticos e simpatizantes em todo o mundo, com a família de Loujain comentando que ela continua com restrições para viagens e limites para aparições públicas.
Thank you @POTUS! My sister is not free, she’s on a travel ban, and the whole family as well. Her trial is still ongoing.
Thank you again for the support ??❤ https://t.co/R56nrvur03— Lina Alhathloul لينا الهذلول (@LinaAlhathloul) February 10, 2021
Obrigado @POTUS! Minha irmã não está livre, ela está proibida de viajar, e toda a família também. Seu julgamento continua.
Obrigado novamente pelo apoio
O presidente francês Emmanuel Macron tuitou:
Je me réjouis de la libération de Loujain al-Hathloul et partage le soulagement de sa famille. https://t.co/MEELVy3TVg
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) February 10, 2021
Alegro-me com a libertação de Loujain al-Hathloul e compartilho o alívio de sua família.
A apresentadora da CNN, Christiane Amanpour, escreveu:
Released but not yet free. https://t.co/SxB8WOYido
— Christiane Amanpour (@camanpour) February 17, 2021
Liberada, mas não livre.
A celebrada libertação de Loujain é um dos vários acontecimentos legais positivos em relação a ativistas e presos políticos na Arábia Saudita, com alguns sendo liberados e outros tendo suas sentenças comutadas.
Essa mudança é atribuída à troca de poder na Casa Branca. A saída de Donald Trump, que ignorou as violações dos direitos humanos na região, encorajando regimes autoritários, e sua substituição por um governo considerado empenhado em pressionar os aliados a respeitar os direitos humanos, pode ter acelerado os julgamentos atrasados e a redução das sentenças.
A libertação da ativista também encorajou apelos pela libertação de outros prisioneiros de consciência [pessoas presas em consequência de etnia, religião, gênero e orientação sexual] detidos que ainda padecem nas prisões sauditas.
O grupo independente de direitos humanos, ALQST, que se concentra em casos sauditas, escreveu:
الإفراج المشروط عن مدافعتين عن حقوق الإنسان #لجين_الهذلول و #نوف_عبدالعزيز
إلا أن محاكمات أخريات لم تنته بعد، وفي تطوّرٍ مقلق طالب الادعاء العام بالاستئناف في قضية #نسيمة_السادة كمحاولةٍ لإنزال حكم أقسى
تدعو #القسط للإفراج غير المشروط عن جميع المعتقلاتhttps://t.co/nfJdPmrzEy pic.twitter.com/gDvf6dH3hn
— القسط لحقوق الإنسان (@ALQST_ORG) February 15, 2021
A libertação condicional de dois defensores dos direitos humanos, #Lujain_Hathloul e #Nouf_Abdulaziz.
Contudo, outros julgamentos ainda não terminaram e, em um desenvolvimento preocupante, o Ministério Público entrou com recurso no caso de Nassima Al-Sada para tentar obter uma sentença mais dura.
#ALQST pede a libertação incondicional de todos os detidos
Adam Coogle, vice-diretor da divisão do Oriente Médio e Norte da África da organização Human Rights Watch, tuitou:
Ok MBS, time for Abdulrahman to go home too, enough is enough @AreejASadhan https://t.co/m045NSCPWo
— Adam Coogle (@cooglea) February 10, 2021
Ok MBS, é hora de Abdulrahman também ir para casa, já chega.