As manifestações conhecidas como #EndSARS continuam a explodir em toda a Nigéria, assim como a brutalidade policial.
O movimento #EndSARS começou no Twitter como um grito de socorro contra o Esquadrão Especial Antirroubo (SARS, na sigla em inglês) das forças policiais nigerianas. Posteriormente, tomou as ruas do país por meio de protestos liderados pelos jovens e já chega ao décimo dia.
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Recentemente, os manifestantes organizaram um festival de luzes em homenagem aos heróis que perderam a vida devido à brutalidade da polícia. Segundo a Anistia Internacional, mais de 100 pessoas foram mortas pelo SARS nos últimos quatro ou cinco anos.
Candle light vigil by #EndSARS protesters for those killed. pic.twitter.com/SDYes2Kdnt
— Ōkwóchè (@okwoche) October 16, 2020
Vigília à luz de velas pelos que foram mortos #EndSARS.
O país viveu uma experiência muito emocionante às 7 da noite (horário local) na sexta-feira, 17 de outubro, conforme mais manifestantes se reuniram para festivais de luzes na capital federal, Abuja, em Port-Harcourt (a capital de Rios) e em outras grandes cidades em todo o país.
Em Lekki Toll Gate, em Lagos, o número de manifestantes era incontável.
Lekki Toll Gate last night. This is REALLY HAPPENING. We must join the #EndSARS movement and support however we can!!!! pic.twitter.com/MZscqzT4Zv
— No Signal (@theresnosignall) October 17, 2020
Lekki Toll Gate na noite passada. Isso está mesmo acontecendo. Precisamos nos unir ao movimento #EndSARS e apoiá-lo como pudermos!!!!
O festival de luzes de Abuja também atraiu milhares de manifestantes:
#EndSARS #EndPoliceBrutalityinNigeria #FestivalOfLights #Abuja pic.twitter.com/kpfE0528LC
— Don Blazito Fischeti (@blazeotokpa) October 17, 2020
A história de uma das vítimas que perdeu a vida por causa da brutalidade policial — um jovem chamado Chijioke Iloanya, de 20 anos — foi contada durante o festival de luzes de Abuja. O testemunho de seu sofrimento foi de partir o coração e provocou um momento de silêncio e lágrimas. Como seres humanos, deixou uma cicatriz no coração de muitos manifestantes.
Listen to Chijioke’s story. Feom Festival of Lights, Abuja: held in honour of the ones we’ve lost.?#EndSARS
PART 1 pic.twitter.com/ROqGeOIvDb— Salem ♕♕ (@salemkinging) October 16, 2020
Ouçam a história de Chijioke. Festival de Luzes, Abuja: em homenagem àqueles que perdemos. #EndSARS
Iloanya foi morto em 2012, supostamente pelas mãos do superintendente-chefe da polícia, James Nwofor. Nwofor teria dito à mãe da vítima que assassinaria seu filho e nada aconteceria.
Os manifestantes buscam justiça para Iloanya, cujo assassinato ainda não foi investigado ou levado à Justiça.
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Uma conta no Twitter foi criada pelos manifestantes para acompanhar os festivais de luzes ao redor do país:
We were Happy That Our Dream is coming to reality, we worked hard for this, we Will not Stop the fight. We Lost Innocent Lives to The Hands of Brutal Men. Justice Will Be served. We Keep The Change Alive ✊??…#SARSMUSTEND #EndSARS #EndSWAT https://t.co/y2vgPO9AlI
— Festival Of Lights (#EndSARS) (@FOL_EndSars) October 17, 2020
Estamos felizes que nosso sonha esteja se realizando, trabalhamos duro para isso, não vamos parar com essa luta. Perdemos vidas inocentes nas mãos de homens violentos. A justiça será feita. Manteremos a mudança viva.
Reforma policial já
Em termos gerais, os manifestantes querem ação por parte do governo, e não apenas palavras e promessas. Eles garantem que não deixarão as ruas até que suas cinco exigências, conhecidas como #5for5, sejam cumpridas:
The demands #EndSARS #EndSarsNow pic.twitter.com/SHEYENsTZR
— Asa (@Asa_official) October 11, 2020
As exigências:
1) Soltura imediata de todos os manifestantes que foram detidos.
2) Justiça para os que foram mortos pela brutalidade policial e uma compensação adequada às suas famílias.
3) Criação de um órgão independente para supervisionar as investigações e os processos relacionados à má conduta policial (dentro de 10 dias).
4) Conforme a nova Lei Policial, avaliação psicológica e novo treinamento (a ser confirmado por um órgão independente) de todos os oficiais afastados do SARS antes que possam voltar ao trabalho.
5) Aumento do salário da polícia para que possa ser recompensada adequadamente por proteger a vida e as propriedades dos cidadãos.
Como resultado, o governo federal organizou um painel presidencial sobre reformas na polícia e, em alguns dias, surgiu com diversas resoluções para atender às exigências dos manifestantes.
Bashir Ahmad, assistente pessoal de novas mídias do presidente Muhammadu Buhari, confirmou pelo Twitter que o mandatário reconhecia e aceitava as resoluções do painel e que tinha a intenção de atender às exigências dos manifestantes:
JUST IN: The Presidential Panel on Police reforms swings into action, okays #5for5 demand of #EndSARS protesters.
Read details blow and kindly share. pic.twitter.com/QTxnxX5WVt
— Bashir Ahmad (@BashirAhmaad) October 13, 2020
AGORA: O painel presidencial sobre reformas na polícia entra em ação, alinhado com as exigências dos manifestantes do #EndSARS
O painel presidencial também sugeriu que 37 membros do Esquadrão Especial Antirroubo fossem dispensados por má conduta e que outras 24 pessoas fossem processadas por diversas violações dos direitos humanos.
Durante o conselho executivo nacional, realizado na quinta-feira e presidido pelo vice-presidente, Yemi Osinbajo, foi recomendado que cada governador criasse um Painel Judicial de Inquérito para investigar a brutalidade policial em seus estados.
Porém, o governador de Rios, Nyesom Wike, discordou dessa recomendação e mencionou tentativas anteriores que nunca foram implementadas, nas quais o dinheiro do contribuinte que deveria ser usado para as investigações simplesmente foi por água abaixo.