Polícia de Angola mata cidadão por violar isolamento obrigatório, diz imprensa local

Jovem morto pela polícia Angolana. Captura de ecrã de vídeo veiculado pela Televisão Pública de Angola.

Agentes da Polícia Nacional de Angola assassinaram a tiros o jovem José Teokamba Manuel, de 23 anos, no dia 12 de Julho durante uma operação de fiscalização das medidas restritivas devido à pandemia de COVID-19, de acordo com a imprensa local.

Maurício José, de 17 anos de idade, que estava junto à Manoel na ocasião, foi alvejado no ombro e levado ao hospital pela própria polícia. Ele já recebeu alta.

O episódio aconteceu no Distrito de Maianga, na capital Luanda. O comunicado da Polícia Nacional diz que os agentes efectuavam serviço de patrulhamento quando depararam-se com um aglomerado de jovens em horário e local não autorizados.

A Polícia Nacional, por meio do porta-voz Nestor Goubel, admitiu que os disparos foram efectuados por agentes, de acordo com o portal Observador. O porta-voz acrescentou que os agentes responsáveis se encontram detidos e serão punidos, ainda de acordo com a mesma publicação.

O enterro de Manuel foi marcado por protestos de moradores da área. Houve barricadas na via principal e a polícia foi chamada para dispersar os presentes.

Angola vem registando casos de violência policial na capital Luanda desde que decretou o estado de emergência por conta da pandemia.

Em Maio, António Domingos Vilola, de 21 anos, foi morto com um tiro na cabeça durante uma abordagem policial a um grupo de pessoas que estavam na rua sem máscara. Segundo familiares da vítima, um agente da Polícia Nacional atirou em Vilola após o mesmo dizer que não tinha máscara.

Em comunicado, a Polícia Nacional acusou os jovens de mostrarem resistência e “partirem para agressões às forças da ordem”. As informações do caso são de reportagem da Voice of America.

Em Abril, circulou na Internet um vídeo de agentes da polícia agredindo violentamente cidadãos  supostamente após os mesmos terem descumprido medidas de isolamento.

O jornalista e escritor Victor Hugo Mendes partilhou, no seu perfil do Facebook, um texto de Dilson Barros, condenando o acto:

Mais uma pessoa morre vítima de violência policial. Fez ontem uma semana que o jovem José Kilamba Rangel, de 23 anos, foi morto no bairro do Prenda supostamente por não estar a usar máscara.

Não é o primeiro, o segundo, nem o terceiro. Já foram vários. A violência policial contra pessoas indefesas está a aumentar aos nossos olhos. Desde a morte da zungueira Juliana Cafrique, já morreram vários inocentes.

As questões que colocamos são as seguintes: 1. Até quando vamos assistir essas mortes? 2. O que estará o Estado a fazer para que não se voltem a registar este tipo de mortes? Não basta deter e julgar os agentes, é preciso traçar um plano com medidas concretas para diminuir a probabilidade deste tipo de actos ocorrer, desde a formação dos agentes ao seu armamento e controle.

Lembro que a polícia deve proteger os cidadãos e ser sinónimo de segurança e não uma causa de mortes de indefesos que, completamente desarmados, não representam ameaça para homens fardados e armados…

Admira-me o silêncio das autoridades no meio de tantas mortes, numa altura em que a violência policial é causa de uma onda de manifestações pelo mundo afora na sequência da morte de George Floyd por um polícia.

Miguel de Barros, activista e académico, relatou o caso em forma de vídeo que ilustra a revolta dos Angolanos:

Já o jornalista Felix Abias escreveu que só lhe restava colocar a foto do perfil do malogrado no seu perfil:

Só me resta colar a foto no meu perfil

Somam e seguem as mortes por conta de agentes da Polícia que parecem não saberem mais nada senão mexer o gatilho, a matar gente pobre, do subúrbio, lá onde o vento faz a curva, além da GASOSA, e no final do mês recebem os seus salários.

Sem nada acontecer de substancial como consequência desses actos perfeitamente evitáveis, como a exoneração de responsáveis de lugares-chave no Ministério do Interior, a exoneração do próprio ministro, por exemplo, é caso para dizer que os POBRES continuam sem porta-voz lá EM CIMA.

É simples. Se no meio tanta gente a morrer estivesse um filho de GENTE GRANDE, que o diabo seja surdo, alguns dirigentes já nem se lembrariam do último cargo. É esta dura realidade que custa admitir.

O activista Nelson Dembo, mais conhecido por “Gangsta”, ficou indignado e convocou os seus seguidores para uma conversa virtual na sua conta do Facebook, onde ele afirmava que o assassinato de Teokamba retratava o silêncio e hipocrisia das figuras públicas angolanas que, perante barbaridades cometidas pelo Estado, não levantavam-se contra:

#Família hoje a partir das 22:00 entrarei em #directo para abordar, a #morte #gratuita do #jovem do #prenda as mãos da #Polícia #Nacional

Polícia está que tem como função a #proteção e a #segurança do povo #Angolano mas que múltiplas vezes atropela a #ética #deontológica da própria #Instituição, regras estás que só aparece no papel mas na prática é a #inversão dos #valores…

Cadê os #Músicos para darem a cara por estas mortes constantes a mão da polícia??? Só precisam do povo Angolano para ir comprar os vossos #CDS na praça de #independência?..

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