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Maratona de programação pós-crise: ONGs equatorianas unem-se por um mundo pós-COVID-19

Categorias: Equador, Ativismo Digital, Esforços Humanitários, Ideias, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Primeira Mão, Tecnologia, COVID-19

Hackaton. Foto de Andrew Eland/Flickr [1], sob a licença CC BY-SA 2.0 [2].

Inicialmente, esta história foi publicada no site equatoriano Ojo al Dato [3] (De olho nos Dados), e mais tarde, publicada e editada pela Global Voices. Aqui estão o primeiro [4] e o segundo [5] artigos da série original.

Muitos países estão, aos poucos, começando a sair do lockdown e sendo forçados a encarar a dura realidade de um mundo com COVID-19. No Equador, país gravemente afetado pelo coronavírus, algumas ONGs organizaram uma hackaton [6] em abril, a fim de reunir ideias de projetos que tratassem de algumas dessas realidades. Em 30 de maio, os vencedores foram anunciados em uma transmissão ao vivo no YouTube, trazendo visibilidade e prêmios de financiamento para os projetos bem-sucedidos.

Uso de financiamento coletivo na luta contra o coronavírus

No final de abril, o Equador tinha o terceiro maior número de casos registrados [7] na América Latina; e no momento em que esta matéria foi escrita, os números oficiais [8] registravam 3.642 [9] mortes.

Imagem do lançamento. Foto de Estéfano Dávila, para livre utilização da mídia.

A maratona de programação pós-crise [10], que ocorreu entre 29 e 30 de abril, contou com a presença de 549 pessoas que debateram soluções para os problemas que afetariam a economia e a sociedade em um Equador pós-COVID. As maratonas de programação são espaços colaborativos que buscam soluções para desafios específicos, e essa teve como foco desafios relacionados a dez áreas: meio-ambiente, trabalho, emprego, dia a dia e práticas sociais, indústrias culturais, educação, saúde e bem-estar, economia e produção, além de governo e cidadania.

O evento foi organizado pelo desenvolvedor e sociólogo Iván Terceros, juntamente com seus colegas da MediaLab (que tem conexões com a ONG CIESPAL [11]) assim como várias organizações e redes de negócio. Em entrevista ao site Ojo al Dato, Terceros falou sobre a motivação por trás do evento:

“Creo que no se está viendo claramente qué es lo que va a ocurrir el día después de la crisis […] Puede ser que esos sean los momentos más críticos”.

Creio que não está claro o que vai acontecer depois da crise […] Pode ser que esses sejam os momentos mais críticos.

Projetos de hackaton fazem mudanças

Os participantes compartilharam 116 projetos e as organizações que participaram da maratona ajudaram a escolher 19 finalistas.

Houve dois votos: um vindo do público (que elegeu os grupos WiyaPoint [12] e ChasquiCheck [13] como vencedores da votação popular) e outro do corpo de jurados. Quase todos os finalistas foram premiados.

O aplicativo de celular criado pelo grupo WiyaPoint tenta solucionar o uso de sacolas plásticas (um foco de contaminação da COVID-19) recompensando usuários sempre que eles recusam uma sacola plástica ao fazer uma compra. O ChasquiCheck busca solucionar a desinformação em torno da COVID-19, criando uma plataforma digital que vise verificar, identificar e classificar informações para combater notícias falsas.

O aplicativo WiyaPoint receberá divulgação, uma campanha de lançamento e publicidade em redes sociais a uma quantia de 1.000 dólares, oferecida pela plataforma de financiamento coletivo Green Crowds. O grupo ChasquiCheck também receberá o mesmo nível de ajuda para lançar sua plataforma virtual, graças à associação de profissionais de gerenciamento de riscos do Equador.

Quatorze outros projetos [14] receberam algum tipo de prêmio pelo voto do júri. Por exemplo, alguns participantes idealizaram jardins autossustentáveis [15] como resposta a uma possível escassez de alimentos devido à pandemia. O Grupo Faro [16] e a Incubadora La Libertad oferecerão a eles aconselhamento técnico a uma quantia de 1.000 dólares.

Todos Más Cerca [17] é uma plataforma digital que conecta empresas pequenas e médias para ajudar a reativarem suas economias. Através dela, as empresas podem oferecer seus produtos a usuários que estão próximos geograficamente. O objetivo é evitar aglomerações que possam aumentar o número de infecções de Covid-19. A plataforma já possui acordos com Câmeras de Comércio em regiões do Equador, como nas localidades de Zamora, Loja, Cuenca, entre outras.

O projeto também receberá um fundo de 3.000 dólares do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Incubadora La Libertad. A agência de promoção econômica Conquito [18] oferecerá acompanhamento, aconselhamento e orientação.

No caso do Equador, Iván Terceros explicou que a MediaLab continuará apoiando os projetos que surgiram para que esses possam ser desenvolvidos como empresas start-ups ao longo do ano.