Numa altura em que mais de 30 países africanos [2] já detectaram a presença do novo coronavírus, Moçambique prepara-se com os meios que possui para enfrentar a COVID-19.
Apesar de Moçambique ainda não ter registado nenhum caso da doença, já há confirmação de casos em três países com os quais faz fronteira: África do Sul (62), Reino do Eswatini (1), e Tanzânia (1).
O governo difundiu um documento com planos de contenção e mitigação, como a identificação de possíveis centros de isolamento em todas as províncias [3].
Mesmo sem incluir o fecho de fronteiras, o Presidente da República Filipe Nyusi anunciou [4] várias medidas restritivas para evitar a possível propagação do vírus no país, entre elas:
Quarentena obrigatória de 14 dias para pessoas que vem de países com transmissão activa considerada.
Proibição de organização e participação de todo tipo de eventos com mais de 300 pessoas.
Suspensão de todas deslocações de membros do Estado para fora do país.
O maior partido da oposição, Renamo, solicitou o encerramento das fronteiras entre Moçambique e outros países, ao que o Ministro da Saúde disse [5]:
Encerrar fronteiras é medida extrema que só deve ser usada na perspectiva de um risco que possa eventualmente criar uma situação de calamidade, não é o caso. Mesmo neste momento a China não fechou as fronteiras, fez quarentena de algumas cidades.
O Ministério da Saúde também tem feito campanha de prevenção e difusão de informação nas escolas:
Ministro da Saúde Armindo Tiago, co-orienta hoje na Escola Secundária Francisco Manyanga
#Maputo [6]com a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua e a Exma Sra. Representante da OMS, DJamila Cabral, uma Palestra sobre Medidas de Prevenção do #Coronavírus [7]—
Verdade Democracia (@DemocraciaMZ) March 9, 2020 [8]
Uma mensagem foi enviada a diversos celulares de Moçambique com recomendações que muitos cidadãos consideraram pouco eficazes.
Vcs também receberam essas msg? pic.twitter.com/OKGbiawJQS [9]
—
?Lazuli? (@Lerice_Betty) March 9, 2020 [10]
O historiador e analista político Egídio Vaz [11] comentou os problemas do teor da mensagem:
Aqui está o dinheiro sendo gasto em campanhas ineficazes. Recebi este SMS, pago pelo MISAU a me ensinar o que é #coronavirus [12].
Este SMS é ineficaz pelas seguintes razões:
1. Linguagem técnica dispensável. Apesar da descrição ser genérica, pouco interessa ao cidadão. O cidadão precisa de mensagens que lhe ajude a tomar as necessárias medidas preventivas, necessárias atitudes ao se expôr perante situações de risco e por isso deve saber suspeitar com o mínimo de informação.2. Decorrente do primeiro, o SMS podia simplesmente dizer que #coronavirus é uma doença que não tem cura e manifesta-se através de febres, problemas respiratórios ou gripe. Os médicos podem não concordar com a minha versão de descrição, mas o que eu gostaria com essa descrição é que as pessoas se dirijam ao hospital para o necessário despiste. Por isso, a segunda parte da mensagem seria “dirija-se ao posto de saúde mais próximo para o despiste”.
3. Tal como está o SMS, seguramente que deverei esperar pelo próximo, a me dizer o que devo fazer…
Estamos em emergência. Não é tempo para entretenimento.
O Ministro da Saúde também desmentiu o mito segundo o qual os negros são mais resistentes ao COVID-19, já que a maioria dos mais de 190 mil infectados em todo o mundo, bem como as mais de 7 mil mortes, são em sua maioria brancos.
Ainda não há nenhuma evidência [13] científica de que pessoas com descendência africana tenham mais resistência ao novo coronavírus.
Recentemente, as autoridades de saúde convocaram várias entidades internacionais e diplomáticas para solicitar apoio em uma eventual eclosão da doença no país.
Antes da intervenção do Ministro da Saúde, foi o próprio Presidente Filipe Nyusi a exortar [14] os moçambicanos para uma maior mobilização face à eclosão da doença:
[A] COVID-19 é um assunto de segurança. Por isso, apelo para o redobrar de esforços na sua prevenção e vigilância.
Uma mensagem falsamente atribuída à UNICEF circulou no WhatsApp em Moçambique. A entidade veio a público desmentir:
O UNICEF não está a divulgar nenhum boletim sobre #coronavirus [15] através do WhatsApp em #Moçambique [16].
Para obter informações sobre como evitar #COVID19 [17], consulte GRÁTIS a Plataforma PENSA, digitando *660# ou ligue GRÁTIS para o Alô Vida, através de 800149, 82149 e 84146. pic.twitter.com/lnGrTxtTbI [18]— UNICEF Moçambique (@UNICEF_Moz) March 5, 2020 [19]
O governo de Moçambique por meio do seu porta-voz também desmentiu um episódio recente de difusão de informação falsa pelas redes sociais:
#Atencao [20]: Nao há nenhum caso confirmado de #Coronavírus [7] em #Moçambique [16], segundo anunciou o porta-voz do governo no fim da sessão extraordinária do Conselho de Ministros. “Os relatos que circulam são falsos próprios de pessoas mal-intencionadas” disse Filimao Suaze #Mozambique [21]
— Alexandre (@AllexandreMZ) March 12, 2020 [22]
Como que a seguir essas recomendações, o partido no poder, Frelimo, decidiu cancelar uma reunião que estava prevista para 20-22 de Março:
Face as medidas anunciadas no âmbito do Coronavirus a Comissão Política do Partido decidiu ADIAR A SESSÃO DO COMITÉ CENTRAL marcada para os dias 20 a 22 de Março para data a anunciar. #COVID19 [17] #Coronavirus [23] #FRELIMO [24] pic.twitter.com/rZShGjm6mF [25]
— FRELIMO Moçambique (@FRELIMO_) March 15, 2020 [26]
Por seu lado, o jornalista Rafael Machalela partilhou um protótipo que julgou ser um modelo de máscara produzido localmente:
Moçambicano a elevar isto a outro patamar. Gosto. pic.twitter.com/NqZDrXIe53 [27]
—
RAFAEL MACHALELA ?? (@rafaelmachalela) March 5, 2020 [28]