Salas de aula flutuantes levam educação a comunidades inundadas em Bangladesh

A Shidhulai Swanirvar Sangstha floating school boat. Screenshot from YouTube video by Great Big Story.

Escola-barco da organização Shidhulai Swanirvar Sangstha. Captura de tela do vídeo do canal Great Big Story no YouTube.

O Shikkha Tori, que significa, literalmente, “barco da educação”, é um programa inovador de uma organização não governamental chamada BRAC, cujo objetivo é levar escolas-barco a crianças que vivem nas regiões de mais baixa altitude e mais vulneráveis a inundações em Bangladesh.

Um terço do território do país — principalmente a região nordeste — encontra-se a apenas um metro acima do nível do mar. Esses pântanos — ecossistema conhecido localmente como haor — tornam-se vastos corpos d’água durante o período das monções e permanecem alagados durante 7 a 8 meses por ano. Nessa época, as estradas ficam submersas, deixando estudantes de famílias pobres sem acesso às escolas tradicionais.

No entanto, organizações sem fins lucrativos como a Shidhulai Swanirvar Sangstha e, posteriormente, a BRAC, começaram a organizar escolas-barco para levar as salas de aula às crianças. Os barcos também funcionam como ônibus aquáticos que buscam os estudantes em suas casas.

Mohammed Rezwan, fundador e diretor executivo da Shidhulai Swanirvar Sangstha, teve essa ideia por causa de uma lembrança de sua infância. Ele cresceu em uma região suscetível a inundações e, durante o período das monções, só conseguia ir à escola porque sua família tinha um barco. No entanto, muitos de seus amigos de infância não tiveram a mesma sorte.

I thought, if the children cannot come to school because of floods, then the school should go to them by boat.

Eu pensei: se as crianças não conseguem ir à escola por causa das inundações, então a escola deveria ir até elas de barco.

Com o apoio de organizações como a Global Fund for Children (Fundo Global para Crianças) e a Fundação Bill e Melinda Gates, a primeira escola-barco levantou âncora em 2002.

O número de estudantes de educação primária que frequentam escolas no país é de mais de 9 milhões, ao passo que o número total de escolas primárias — governamentais e não governamentais — gira em torno de apenas 110.000. Cerca de 20 milhões de pessoas habitam as áreas úmidas do país, regiões nas quais menos de 1% da população completou a escola secundária.

A BRAC, a maior ONG de Bangladesh, também começou a operar escolas-barco em 2012 como parte de seu projeto educacional.

As escolas flutuantes da Shidhulai Swanirvar Sangstha atenderam mais de 80.000 estudantes desde o início do programa, e os barcos da BRAC, mais de 14.000. Ambas as iniciativas foram responsáveis por aumentar os níveis de frequência escolar.

Escola flutuante em Bangladesh. Cerca de 80.000 crianças receberam educação [de nível IV] por meio delas desde 2002. Este e outros 24 barcos da SSS — Shidhulai Swanirvar Sangstha — estão em atividade nos distritos de Pabna, Natore e Sirajganj, em 8 rios diferentes.

Ainda que o ensino nessas escolas não seja realizado entre as quatro paredes de uma sala de aula tradicional, demonstrou-se que o desempenho dos estudantes desses programas é tão alto quanto o de outros estudantes do país.

Alguns barcos da BRAC têm pequenas bibliotecas, cantos da ciência e computadores portáteis com acesso à internet, e alguns barcos da Shidhulai Swanirvar Sangstha contam com painéis solares, permitindo o seu funcionamento durante a noite graças à energia armazenada e que estudantes que trabalham possam frequentar as aulas.

Ótima ideia: Em áreas suscetíveis a inundações em Bangladesh, a Shidhulai Swanirvar Sangstha opera 54 escolas flutuantes e clínicas médicas, além de trabalhar com comunidades locais para construir fazendas flutuantes.

Professores são recrutados na comunidade local e treinados para falar com os estudantes sobre o seu desenvolvimento físico e mental, os efeitos das mudanças climáticas e as diferentes maneiras de proteger o meio ambiente.

Os educadores de Bangladesh enfrentam um problema. Não apenas têm de encarar muitas das mesmas adversidades pelas quais passam os professores de outros países pobres — tais como restrições orçamentárias e livros didáticos desatualizados —, mas também têm de se preocupar com as chuvas das monção. Inundações são tão frequentes que muitas vezes os estudantes não conseguem ir à escola.

Para superar isso, uma instituição de caridade local decidiu levar as salas de aula aos estudantes por meio de escolas-barco. Este barco é uma das 23 escolas flutuantes que funcionam durante todo o ano nesta parte de Bangladesh, operada pela Shidhulai Swanirvar Sangstha, uma organização sem fins lucrativos local.

O site HundrED.org compartilhou um artigo sobre as escolas-barco:

‘As escolas-barco da BRAC são produto de uma ideia simples, mas poderosa: se as crianças que vivem em áreas isoladas não conseguem ir à escola, então a escola deveria ir até elas’. A @BRACworld transforma a vida de crianças em regiões suscetíveis a inundações. Veja como!

O conceito de escolas-barco passou a ser adotado por outros países em desenvolvimento, como Filipinas, Camboja, Nigéria, Vietnã e Zâmbia.

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