O Shikkha Tori, que significa, literalmente, “barco da educação”, é um programa inovador de uma organização não governamental chamada BRAC, cujo objetivo é levar escolas-barco a crianças que vivem nas regiões de mais baixa altitude e mais vulneráveis a inundações em Bangladesh.
Um terço do território do país — principalmente a região nordeste — encontra-se a apenas um metro acima do nível do mar. Esses pântanos — ecossistema conhecido localmente como haor — tornam-se vastos corpos d’água durante o período das monções e permanecem alagados durante 7 a 8 meses por ano. Nessa época, as estradas ficam submersas, deixando estudantes de famílias pobres sem acesso às escolas tradicionais.
No entanto, organizações sem fins lucrativos como a Shidhulai Swanirvar Sangstha e, posteriormente, a BRAC, começaram a organizar escolas-barco para levar as salas de aula às crianças. Os barcos também funcionam como ônibus aquáticos que buscam os estudantes em suas casas.
Mohammed Rezwan, fundador e diretor executivo da Shidhulai Swanirvar Sangstha, teve essa ideia por causa de uma lembrança de sua infância. Ele cresceu em uma região suscetível a inundações e, durante o período das monções, só conseguia ir à escola porque sua família tinha um barco. No entanto, muitos de seus amigos de infância não tiveram a mesma sorte.
I thought, if the children cannot come to school because of floods, then the school should go to them by boat.
Eu pensei: se as crianças não conseguem ir à escola por causa das inundações, então a escola deveria ir até elas de barco.
Com o apoio de organizações como a Global Fund for Children (Fundo Global para Crianças) e a Fundação Bill e Melinda Gates, a primeira escola-barco levantou âncora em 2002.
O número de estudantes de educação primária que frequentam escolas no país é de mais de 9 milhões, ao passo que o número total de escolas primárias — governamentais e não governamentais — gira em torno de apenas 110.000. Cerca de 20 milhões de pessoas habitam as áreas úmidas do país, regiões nas quais menos de 1% da população completou a escola secundária.
A BRAC, a maior ONG de Bangladesh, também começou a operar escolas-barco em 2012 como parte de seu projeto educacional.
As escolas flutuantes da Shidhulai Swanirvar Sangstha atenderam mais de 80.000 estudantes desde o início do programa, e os barcos da BRAC, mais de 14.000. Ambas as iniciativas foram responsáveis por aumentar os níveis de frequência escolar.
Floating School in Bangladesh. Almost 80,000 children already have taken education [level IV] from here since 2002. This type of 25 floating boats are very active in Pabna, Natore and Sirajganj districts in 8 different rivers by SSS- Shidhulai Swanirvar Sangstha. pic.twitter.com/oscfetxmRx
— Riton Quiah (@fixerBD) November 6, 2019
Escola flutuante em Bangladesh. Cerca de 80.000 crianças receberam educação [de nível IV] por meio delas desde 2002. Este e outros 24 barcos da SSS — Shidhulai Swanirvar Sangstha — estão em atividade nos distritos de Pabna, Natore e Sirajganj, em 8 rios diferentes.
Ainda que o ensino nessas escolas não seja realizado entre as quatro paredes de uma sala de aula tradicional, demonstrou-se que o desempenho dos estudantes desses programas é tão alto quanto o de outros estudantes do país.
Alguns barcos da BRAC têm pequenas bibliotecas, cantos da ciência e computadores portáteis com acesso à internet, e alguns barcos da Shidhulai Swanirvar Sangstha contam com painéis solares, permitindo o seu funcionamento durante a noite graças à energia armazenada e que estudantes que trabalham possam frequentar as aulas.
Great Idea: In flood prone Bangladesh Shidhulai Swanirvar Sangstha operates 54 floating schools and medical clinics while working with local communities to build floating farms. https://t.co/SUbND30tZU pic.twitter.com/VctJEKH80r
— Jennifer Feeney (@JenniferFeeney) October 9, 2019
Ótima ideia: Em áreas suscetíveis a inundações em Bangladesh, a Shidhulai Swanirvar Sangstha opera 54 escolas flutuantes e clínicas médicas, além de trabalhar com comunidades locais para construir fazendas flutuantes.
Professores são recrutados na comunidade local e treinados para falar com os estudantes sobre o seu desenvolvimento físico e mental, os efeitos das mudanças climáticas e as diferentes maneiras de proteger o meio ambiente.
To overcome this, one local charity has decided to take the classrooms to the students in the form of schools on boats. This boat is one of 23 floating year-round schools in this part of #Bangladesh run by Shidhulai Swanirvar Sangstha, a local nonprofit group. pic.twitter.com/z6MO9smkfl
— Suresh C (@SrshC) September 12, 2018
Os educadores de Bangladesh enfrentam um problema. Não apenas têm de encarar muitas das mesmas adversidades pelas quais passam os professores de outros países pobres — tais como restrições orçamentárias e livros didáticos desatualizados —, mas também têm de se preocupar com as chuvas das monção. Inundações são tão frequentes que muitas vezes os estudantes não conseguem ir à escola.
Para superar isso, uma instituição de caridade local decidiu levar as salas de aula aos estudantes por meio de escolas-barco. Este barco é uma das 23 escolas flutuantes que funcionam durante todo o ano nesta parte de Bangladesh, operada pela Shidhulai Swanirvar Sangstha, uma organização sem fins lucrativos local.
O site HundrED.org compartilhou um artigo sobre as escolas-barco:
“BRAC Boat Schools are the product of a simple yet powerful idea: if children living in isolated areas cannot go to school, then the school should go to them.” @BRACworld transforms the lives of children in regions prone to flooding. Find out how! https://t.co/nqTxkJgA4D pic.twitter.com/Cd9FK4Dmo8
— HundrED.org (@HundrEDorg) May 7, 2018
‘As escolas-barco da BRAC são produto de uma ideia simples, mas poderosa: se as crianças que vivem em áreas isoladas não conseguem ir à escola, então a escola deveria ir até elas’. A @BRACworld transforma a vida de crianças em regiões suscetíveis a inundações. Veja como!
O conceito de escolas-barco passou a ser adotado por outros países em desenvolvimento, como Filipinas, Camboja, Nigéria, Vietnã e Zâmbia.