São-tomenses revoltam-se contra Igreja Universal e pedem regresso de pastor detido

Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, Moçambique. CC BY SA 4.0

Uma crise envolvendo a Igreja Universal em São Tomé e Príncipe pode culminar com a saída da igreja brasileira do país africano.

A crise começou quando Ludmilo Veloso, pastor da Igreja Universal na Costa do Marfim, foi preso no dia 11 de Setembro, acusado de publicar mensagens nas redes sociais que supostamente depreciavam a imagem da Igreja.

Segundo noticiou a BBC Brasil:

O autor [das mensagens] também acusava bispos e pastores brasileiros de se apropriar de dízimos recebidos pela igreja, além de “humilhar, insultar, esmagar e escravizar os (pastores) africanos”.

O autor conclamava os funcionários locais a se insurgir contra a igreja. “Éramos muito pacientes, humildes demais, educados demais. Agora é hora de agir sem piedade!”

Revoltados quanto à prisão do são-tomense, no dia 16 de Outubro sucederam actos de manifestação violenta em São Tomé que culminaram na destruição de vários tempos da Igreja Universal, bem como na morte de um dos manifestantes, segundo a página do Facebook Prakata Táuas:

Momentos de extrema tensão foram vividos esta tarde em São Tomé quando populares, desesperados e revoltados com a situação do ex pastor São-tomense da IURD, preso na Costa do Marfim, por alegadas queixas impostas pela própria igreja, decidiram destruir e acabar com a presença destas instituições no país, visto que o prazo de 8 dias imposto pela Assembleia Nacional para que a Igreja (IURD) apresentasse o cidadão Ludimilo, detido ilegalmente na Costa do Marfim, aproximasse e nenhuma acção foi tomada pela igreja.

Durante a onda de tensão, a Policia Nacional, num ato de tentar impedir com que os populares invadissem a Igreja, matou, involuntariamente, um menino de 11 anos através de uma bala perdida.

Diante deste e de vários outros actos de mobilização, o pastor acabou liberto, mas continua impedido de deixar a Costa do Marfim.

O parlamento são-tomense chegou a considerar banir a Igreja Universal daquele país, como referiu a porta-voz da instituição:

Nós entendemos que a Igreja Universal violou o direito humano, tendo em conta que o cidadão foi condenado a um ano de prisão e nem sequer teve direito a um advogado. Isso não é possível, é uma violação dos direitos humanos.

Entendemos que a igreja tem toda a responsabilidade de trazer de volta o cidadão Uidimilo Veloso. Se eles não despacharem, seremos obrigados a tomar outras decisões.

A igreja deve assumir, e se não assumir, sob pena de, não assumindo, nós acionaremos outros mecanismos para não existir mais esta igreja cá em São Tomé e Príncipe.

No Facebook, sucedem reacções de apoio e de protesto, bem como de ansiedade pelo esperado regresso do pastor:

Os familiares de Ludmilo Veloso aguardam com ansiedade o seu regresso à São Tomé e Príncipe.

A esposa do pastor São-tomense da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) na Costa do Marfim, tem informações que o marido estará no país no próximo dia 16 de novembro.

A prisão do pastor, acusado de denegrir a imagem da IURD, originou tumultos que resultaram na morte de um adolescente e a destruição de vários edifícios da IURD em São Tomé e Príncipe no passado dia 16 de Outubro.

Por enquanto, o regresso continua suspenso. O pastor decidiu nomear uma nova equipa de advogados para seguirem o caso. Um novo julgamento está previsto para o dia 27 de Novembro.

A Igreja Universal está presente em 23 países no continente africano e, no passado, já teve desavenças com com a sociedade angolana. Segundo o Jornal de Angola, a Igreja é acusada de estar a obrigar seus pastores a impor pastores a optar pela esterilidade.

Recentemente eclodiram novos casos de tensão entre a igreja e os pastores em Angola, em que mais de 300 pastores denunciaram tentativas de venda de património da IURD naquele país, sendo que o mesmo tem sucedido em forma de queixas em Moçambique.

A mesma igreja também já enfrentou alguns processos judiciais no país, sendo o último de um grupo de ex-pastores que exige indemnização pelo tempo que esteve a trabalhar para a igreja sem auferir nenhum pagamento pelo trabalho realizado.

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