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Nomeada primeira mulher reitora de uma universidade pública em Moçambique

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Boas Notícias, Mulheres e Gênero
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Reitora recém-nomeada. Foto de Emília Nhalevilo, usada com permissão da autora (01.04.2019)

A professora doutora Emília Nhalevilo [2] foi nomeada e empossada [3] pelo presidente moçambicano Filipe Nyusi para o cargo de reitor da recentemente criada Universidade do Púnguè [4], em decisão do Conselho de Ministros datada do dia 29 de Janeiro de 2019.

Nhalevilo torna-se assim a primeira mulher a chefiar uma universidade pública no país. Ela permanecerá no cargo, em princípio, por um período de quatro anos.

Natural de Nampula, a província mais populosa do p;aís, Nhalevilo tem doutoramento e mestrado em educação pela Universidade de Perth, Austrália, e é licenciada em educação de ciências pela agora extinta [5] Universidade Pedagógica (UP).

De 2005 a 2007, lecionou na Universidade de Tecnologia de Curtin, na Austrália. Em 2008, Nhalevilo inscreveu-se na Universidade Pedagógica como chefe do departamento de química e avançou para o cargo de directora-adjunta do Centro de Estudos Moçambicanos e Etnociência, um centro de pesquisa na UP.

Em 2017, ela foi bolseira [6] da FullBright Visiting Scholar Program, tendo realizado o seu projecto na Escola Steinhardt de Cultura, Educação, e Desenvolvimento Humano na New York University, nos Estados Unidos.

Até a altura da sua nomeação, Nhalevilo era Pró-Reitora para Pesquisa-Extensão na UP, cargo que vinha ocupando desde 2018. Ela agora irá dirigir um posto que equivale ao cargo de Ministro.

Eliana Nzualo [7], feminista e activista por intermédio de um blogue [8]de histórias em torno das mulheres, revela que a nomeação é uma data na história para o país:

UM DIA NA HISTÓRIA

Professora Doutora Emília Nhalevilo é a primeira mulher na liderança de uma Universidade Pública em Moçambique. Parabéns à Magnífica Reitora!

Por mais mulheres nas Universidades,
Por mais mulheres na liderança!

Em Moçambique, mulheres ainda enfrentam dificuldades no acesso a cargos de chefia e direcção, embora tenham havido melhoras — no Parlamento atual, são mulheres tanto a Presidente quanto as chefes das duas maiores bancadas políticas.

Mas a desigualdade de gênero ainda prevalece no país.

No Relatório de Desenvolvimento Humano de África [9], lançado pelo PNUD, em Maputo com o tema “Acelerando a Igualdade de Género e o Empoderamento da Mulher em África”, foi revelado que as mulheres e as raparigas moçambicanas continuam a sofrer de desigualdades, tais como: o acesso deficitário à justiça, o fraco acesso à escola e aos cuidados de saúde e os actos constantes de violência.

Em 2018, foram registados 25.356 casos de violência doméstica em Moçambique [10], dos quais 12.500 contra mulheres e 9.000 contra crianças.

Moçambique também é o décimo país do mundo em que mais se realizam casamentos prematuros, de acordo com dados de 2015 da UNICEF [11]. A organização define como “casamento prematuro” uniões maritais que envolvam uma pessoa menor de 18 anos.

Em meados de 2018 foi apresentada Admira António como sendo a primeira mulher piloto [12] em Moçambique, enquanto em Dezembro de 2018, um vôo tripulado somente por mulheres [13] foi realizado pela primeira vez no país.

Em 2014, quando a Polícia da República de Moçambique completava 39 anos, era apresentada Arsenia Massingue como a primeira mulher general [14] na corporação.

Nota: Este artigo foi modificado em 15 de Abril. O relatório do PNUD citado se chama Relatório de Desenvolvimento Humano de África (Africa Human Development Report), e não Relatório de Desevolvimento Humano como dito anteriormente. O link para o relatório também foi actualizado.