Após ficar preso por mais de cinco anos, Mahmoud Abu Zeid, também conhecido como Shawkan, foi libertado da prisão no Egito em 4 de março.
A campanha “Liberdade para Shawkan” anunciou a saída da prisão do jornalista na madrugada de segunda-feira, postando uma foto de Shawkan com seu pai e irmão.
يا أهلا بالأسفلت … ❤#Shawkan_Is_Free [3]#شوكان_عالاسفلت [4] pic.twitter.com/bZot9HBO7o [5]
— Mahmoud Abou Zeid (@ShawkanZeid) March 4, 2019 [6]
Bem-vindo de volta. Shawkan está livre. ❤
Shawkan foi detido em 14 de agosto de 2013, enquanto fotografava o protesto Rabaa El Adaweya, no qual apoiadores do ex-presidente egípcio Mohamed Morsi se reuniram para reclamar contra o golpe militar que encerrou sua presidência em 3 de julho do mesmo ano. As forças de segurança egípcias mataram cerca de 817 pessoas [7] e houve muitos feridos, segundo a Human Rights Watch, quando dispersaram o protesto.
O jornalista, que trabalhava para a Demotix no momento em que foi detido, passou [8] quase quatro anos em prisão preventiva antes de ser sentenciado. Isso foi uma violação da lei egípcia, que estabelece o limite máximo de dois anos. Ele foi julgado junto com 739 outros acusados no que veio a ser conhecido como o “Caso de dispersão da Rabaa”.
Em 8 de setembro de 2018, uma Corte Criminal do Cairo condenou-o [9] por falsas acusações de homicídio e afiliação à Irmandade Muçulmana, agora designada como grupo terrorista pelo governo egípcio.
Durante o mesmo julgamento, 75 membros proeminentes e afiliados à Irmandade Muçulmana foram condenados [10] à morte e 47 outros réus foram condenados [11] à prisão perpétua.
Apesar de ter passado mais de cinco anos na prisão, as autoridades egípcias mantiveram [12] Shawkan em cárcere sem uma explicação oficial. Em novembro de 2018, o veículo de mídia egípcia Mada Masr [13] descobriu que Shawkan e outras 214 pessoas foram obrigadas a permanecer na prisão por mais seis meses porque os promotores os consideraram incapazes de pagar pelos danos incorridos durante a ocupação e sua dispersão.
Embora tenha sido libertado, o jornalista permanecerá sob “observação policial” [14] por mais cinco anos, o que significa que ele terá que se apresentar na delegacia todos os dias ao entardecer. Ele será obrigado a passar as noites na delegacia até que haja uma ordem judicial para diminuir o que eles chamam de “medidas preventivas”.
Liberdade de imprensa sob cerco
A liberdade de imprensa continua sob cerco [15] no Egito, onde as autoridades continuam a deter, processar e perseguir os trabalhadores dos meios de comunicação independentes. No dia 29 de janeiro, as autoridades do Aeroporto Internacional do Cairo detiveram [16] o jornalista e pesquisador de direitos humanos Ahmed Gamal Ziada ao chegar da Tunísia, onde estuda jornalismo. Após sua detenção, Ziada ficou desaparecido [17] por duas semanas, até que, em 13 de fevereiro, foi acusado [18] de espalhar notícias falsas nas redes sociais. Em 2 de março, ele foi libertado [19] sob fiança, aguardando investigação.
Em 19 de fevereiro, autoridades de segurança do mesmo aeroporto detiveram o correspondente do New York Times, David D. Kirkpatrick, na sua chegada. O correspondente teve o seu telefone confiscado e ficou preso por sete horas sem comida ou água, segundo [20] o New York Times. Logo após, Kirkpatrick foi mandado de volta a Londres sem nenhuma explicação.