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Jornalista e defensor dos direitos humanos Luis Carlos Díaz é detido por forças de segurança na Venezuela

Categorias: América Latina, Venezuela, Direitos Humanos, Mídia Cidadã, GV Advocacy
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Luis Carlos Díaz. Photo taken from his public Facebook profile.

Nas primeiras horas da manhã do dia 12 de março, ficou confirmado que o jornalista venezuelano Luis Carlos Díaz foi detido pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN).

Sua esposa, Naky Soto, uma conhecida comentarista política, havia notificado o seu desaparecimento horas antes.

A hashtag #DondeEstaLuisCarlos [2] (Onde está Luis Carlos?) deu lugar a #LiberenaLuisCarlos [3] (Libertem Luis Carlos), que logo em seguida se tornou a primeira nos trending topics da Venezuela e também apareceu nos top tweets mundiais.

Luis Carlos é um querido membro da comunidade Global Voices [4] há bastante tempo. Por mais de uma década, ele tem trabalhado em defesa da liberdade de expressão e pelo uso das redes digitais para manter o acesso público à informação em meio à crise na Venezuela. Ele e Soto também apresentam um programa bastante popular (antes no YouTube [5], atualmente disponível no Patreon), no qual trazem comentários políticos e humor.

Luis Carlos é conhecido por sua inteligência, suas habilidades como colaborador e mentor, e também por sua capacidade única de compreender e explicar o complicado ambiente da comunicação digital na Venezuela.

De acordo com o membro do SNTP (sindicato nacional de jornalistas), Marco Ruiz, que participou de uma reunião em frente ao escritório da Promotoria na manhã de 12 de março, agentes do SEBIN vasculharam o apartamento de Díaz e Soto e confiscaram diversos aparelhos eletrônicos:

#URGENTE | Uma comissão do SEBIN fez buscas na residência de Luis Carlos Díaz. Eles levaram computadores, pen drives, celulares e dinheiro, dentre outras coisas. Eles permitiram que ele estivesse presente, algemado. Neste momento, ele relatou que foi agredido durante sua detenção, às 5:30 pm

Luis Carlos Díaz e a esposa, a comentarista política Naky Soto, que pediu que as pessoas se juntassem a ela em frente à Promotoria para pedir a liberdade de Díaz. Foto do perfil público de Díaz no Facebook.

Depois de as autoridades terem vasculhado a sua casa, e ido embora, levando Díaz com eles, Soto fez um apelo no Twitter, pedindo para que as pessoas a acompanhassem até o gabinete do promotor no dia 12 de março para pedir pela liberdade de seu marido.

Naky Soto disse ao Global Voices, pelo WhatsApp, que Díaz havia sido ameaçado dias antes de ter sido detido. De acordo com a mídia online Clases de Periodismo, Díaz foi ameaçado por contas do Twitter pró-governo [9], depois de líderes políticos terem afirmado publicamente que o jornalista teve um papel no planejamento do apagão que deixou grande parte da Venezuela sem eletricidade durante dias [10]. No entanto, não há provas que confirmem essas afirmações.

Representantes do Provea (Programa de Educação-Ação em Direitos Humanos) também estiveram presentes durante as buscas feitas pelo SEBIN e tomaram o depoimento de Naky Soto [11]:

Soto pudo conversar brevemente con Díaz, quien le relató que habría sido detenido cuando se desplazaba […] cuando se desplazaba en bicicleta a su domicilio. Asimismo, le confirmó que habría sido víctima de tratos crueles y degradantes durante su detención. La información suministrada por los funcionarios durante el allanamiento es que Díaz, supuestamente, habría cometido “delitos informáticos”.

Soto pode conversar rapidamente com Díaz, que disse a ela que havia sido detido enquanto voltava para casa de bicicleta. Ao mesmo tempo, ele confirmou que foi tratado de forma cruel e degradante durante a sua detenção. A informação dada pelos agentes durante as buscas era de que Díaz havia supostamente cometido “crimes informáticos”.
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O relatório acrescentou ainda que Soto, que se recupera de um câncer de mama, também era procurada pelas autoridades:

Según el testimonio, los funcionarios habrían informado que Soto también se encontraba en la orden de aprehensión, pero que debido a su condición (paciente oncológico) no iban a proceder en los momentos. Sin embargo, “si denunciaba, la vendrían a buscar”.

De acordo com o depoimento, os agentes informaram à Soto que ela também era procurada pelas autoridades, mas que, devido à sua condição (como paciente com câncer) eles não iriam prosseguir no momento. Porém, voltariam para “buscá-la se ela denunciasse”.

A jornalista Luz Mely Reyes contou os eventos e compartilhou um vídeo com o depoimento de Soto:

“#FreeLuisCarlos Ela é Naky. Ela é uma paciente oncológica. Seu marido, o jornalista e ativista pelos direitos humanos foi detido em 11 de março pelo SEBIN. Dentro de algumas horas, Naky estará na sede da Promotoria, exigindo a liberdade plena de Luis Carlos. (Fio com toda a história).

Horas depois, Soto foi acompanhada por membros do Provea, do SNTP e outros apoiadores. Em seu depoimento público, ela denunciou a “detenção arbitrária” de Díaz e acrescentou:

“Nós exigimos a sua libertação total e queremos pedir a ajuda da comissão de Direitos Humanos da ONU em Caracas para que nos ajude a saber como ele se encontra fisicamente e psicologicamente”.

Naky Soto, esposa do jornalista Luis Carlos Díaz, garantiu que o ativista foi detido usando como prova um vídeo editado de uma publicação feita por ele mesmo. “O registro diz que ele foi pego em flagrante, e que ele estava em sua bicicleta. Não há como acusá-lo do que pretendem”

Às 3 horas da tarde (horário local) do dia 12 de março, Díaz permanecia em custódia e não haviam notícias de que ele havia sido acusado de qualquer crime.

A comunidade do Global Voices continuará acompanhando o desenrolar da história e presta solidariedade a Luis Carlos e sua família.