Nos últimos dias, Portugal vive situações de agitação tudo por conta da actuação da polícia contra imigrantes africanos no bairro da Jamaica.
Segundo vários orgãos de comunicação, quatro pessoas foram detidas no dia 22 de Janeiro em confrontos com a polícia, depois de uma manifestação na avenida da Liberdade, no centro de Lisboa.
Sabe-se que a polémica iniciou com um cenário de violência entre a polícia e cidadãos angolanos, registado por um vídeo amador no domingo (20 de Janeiro) de manhã no bairro da Jamaica, distrito de Setúbal, em Portugal.
Na gravação são ainda audíveis acusações de racismo e conta-se que duas mulheres foram feridas durante o confronto.
Já no fim da tarde de segunda-feira (21 de Janeiro), moradores daquele bairro deslocaram-se para Lisboa, onde percorreram algumas vias da cidade protestando contra violência policial e racismo.
Conforme uma notícia da RTP, quando os manifestantes chegaram à avenida da Liberdade, uma das mais movimentadas de Lisboa, começaram mais uma vez os confrontos com a Polícia, que resultaram na detenção de quatro pessoas.
Dentro e fora de Portugal, as reacções são diversas, mas tmabém são diferentes
Desde o eclodir deste acto, várias são as reacções — umas em apoio aos imigrantes que residem em Lisboa, e outras que consideram a acção da polícia como justa para reposição da ordem.
De Moçambique pode-se ler a reacção de Boa Monjane, estudante em uma das Universidades de Portugal, que confirma a ocorrência de actos de racismo naquele país:
Não é que tivesse muitas dúvidas. Mas os últimos episódios em Portugal fazem transparecer ainda mais o racismo que caracteriza esta sociedade. Devo começar a valorizar mais os amigos que penso que não são racistas.
Num vídeo partilhado por Edgar Barroso, moçambicano e doutorando na Turquia, é possível ver uma cidadã aparentemente portuguesa a expressar o seu agrado com a actuação da polícia, chegando mesmo a insultar os manifestantes com palavras que podem ser entendidas como racistas.
Eu vivi em Portugal por 2 anos. Nunca havia testemunhado tanta barbaridade junta num video de uma duzia de minutos. Que vergonha!
Diferentes personalidades angolanas já se posicionaram sobre estes actos, incluindo a Embaixada de Angola em Lisboa que disse estar a acompanhar o caso, tendo inclusive emitido um protesto diplomárico sobre o caso.
Sílvio Nascimento, angolano, actor e apresentador de televisão em Portugal, publicou um vídeo no Instagram com palavras de repúdio sobre os actos.
Entretanto, há quem pense que o problema maior é dos migrantes que no lugar de regressar para os seus países, preferem viver em terra alheia, disse o jornalista moçambicano, Lazáro Mabunda:
Estou a acompanhar o que está a acontecer no Bairro de Jamaica, em Lisboa, em Portugal. Os manifestantes, população Preta, alega discriminação. Bem, eu tenho uma visão diferente, não em relação a discriminação, mas em relação a reivindicação. Se és discriminado numa terra que não te pertence deves tomar duas opções: 1) regressar à tua terra e 2) ignorar a discriminação e continuar a viver na terra deles. Muitos africanos fogem dos seus tiranos para o ocidente, onde as liberdades são respeitadas.
Mas esquecem que o ocidente atingiu aquele patamar porque enfrentou também os seus tiranos, alguns dos quais piores que os actuais tiranos africanos. Houve assassinatos brutais contra activistas, houve todo o tipo de discriminação. Alguns fugiram, outros tiveram a coragem e enfrentaram os tiranos, uns sobreviveram e outros morreram. Pergunto: por que não regressem aos vossos países para enfrentar os vossos tiranos?
Apesar de referir que os portugueses são racistas, Rubbem diz que os angolanos preferem Portugal porque o Governo de Angola não possui oportunidades para os jovens:
O racismo nunca vai acabar, os português maior parte deles detestam pretos e Nunca foram bem aceites. Prova do que falo, são os empregos onde os mesmos se encontram.
Nunca tiveram nada de bom pra nos oferecer, os mesmos deviam ter menos oportunidades cá. Mas realmete quem precisa mais somos nós. Prova disso é a imigração, o governo angolano não promete nada, por isso muitos preferem imivgrar e ser olhados como cães, do que cá sofrer.