- Global Voices em Português - https://pt.globalvoices.org -

‘O Pequeno Príncipe’ agora fala tsotsil

Categorias: América Latina, Argentina, México, Arte e Cultura, Boas Notícias, Indígenas, Literatura, Mídia Cidadã

O Pequeno Príncipe, ou Ch’in Ajvali em tsotsil. Imagem usada com permissão.

Um dos livros mais traduzidos do mundo acaba de incluir outro idioma ao seu repertório. “O Pequeno Príncipe” está agora disponível em tsotsil, um idioma indígena falado por 400 mil pessoas no estado de Chiapas [1], no sudeste do México.

“Ch'in Ajvalil” foi publicado em novembro de 2018 pela editora independente argentina Los Injunables que, em 2016, publicou a tradução para o aimará [2] do mesmo livro.

Traduzido pelo poeta Xun Betán, a versão em tsotsil inclui ilustrações de inspiração Maia [3], além de uma tipografia desenvolvida especialmente para o idioma.

A Global Voices conversou brevemente com Javier Merás, o mentor da editora Los Injunables, sobre essa nova releitura do clássico de Antoine Saint-Exupéry escrito há 75 anos.

O poeta Xun Betán, responsável pela tradução de “Ch'in Ajvalil” para o tsotsil, exibe um exemplar do livro. Imagem usada com permissão.

Global Voices (GV):  Como surgiu a ideia de traduzir “O Pequeno Príncipe” para o tsotsil? 

Javier Merás (JM): Xun Betán, el traductor de esta edición, se acercó a la lectura a los nueve años con El Principito. No solamente fue su primer contacto con la lectura, también lo usó para aprender castellano. Más adelante, tuvo la iniciativa de traducir el libro al Tsotsil, iniciativa que emprendió con sus propios medios y fondos. Su intención era que más personas en su comunidad pudieran leer la obra.

Javier Merás (JM): Xun Betán, o tradutor desta edição, apaixonou-se pela leitura aos nove anos de idade, exatamente por causa de “O Pequeno Príncipe”. Além de ter sido o primeiro contato que teve com a leitura, ele também usou o livro para aprender espanhol. Mais tarde, ele decidiu traduzir o livro para o tsotsil, o que fez com seus próprios meios. Seu objetivo era que mais pessoas da comunidade pudessem ler o livro.

GV: Não deve ter sido um trabalho fácil. 

JM: En realidad, no. La traducción estaba lista para salir a imprenta, pero las editoriales a las que Xun contactó no acababan de asimilar los dibujos de Héctor Morales Urbina, tan diferentes a los de todas las versiones clásicas. En 2016, a través de Los Injunables, tienda de libros virtual que administro, lo contactamos, después de dos años de rechazos. Xun nos hizo llegar un ejemplar del libro, y nosotros lo trabajamos y le dimos forma. Su faceta como editora surge por necesidad.

Los Injunables, la editora a cargo de esta versión, es un proyecto de salvación personal, donde cabe de todo. Tenemos libros en braille salidos de las cárceles, tipógrafos que rescatan fuentes coloniales y hasta traducción de clásicos de la literatura realizadas por hablantes de lenguas mestizas, como ha ocurrido con El Principito en tsotsil.

JM: Não foi. A tradução estava pronta para ser publicada, mas as editoras que Xun contatou rejeitaram as ilustrações de Héctor Morales Urbina, uma vez que eram muito diferentes das versões clássicas. Em 2016, por meio da minha livraria virtual, a “Los Injunables”, nós o contatamos, depois de dois anos de rejeições. Xun nos enviou um exemplar e nós preparamos o texto e trabalhamos na edição. Viramos uma editora por necessidade.

A Los Injunables, a editora encarregada desta versão, é um projeto de salvação pessoal onde tudo se encaixa. Temos livros em braile que vieram de prisões, tipógrafos que resgatam fontes coloniais e até traduções de clássicos feitas por falantes de línguas indígenas, como é o caso do Pequeno Príncipe em tsotsil.

GV:  É interessante que a versão em tsotsil tenha desenhos próprios, mas que mantêm a essência das ilustrações tradicionais que todos conhecemos.

JM: Efectivamente, las ilustraciones son completamente de inspiración maya. Fue un ofrecimiento del traductor, Xun Betán. Los dibujos son de Héctor Morales Urbina y tienen una evidente influencia maya. La contraportada y otros detalles los aportó Alejandro Fiadone, experto en iconografía indígena argentina, especialmente para Ch’in Ajvalil. También se usaron números mayas para numerar los capítulos.

JM: Sim, as ilustrações são totalmente inspiradas na cultura maia. Foi uma ideia do tradutor, Xun Betán. As ilustrações são de autoria de Héctor Morales Urbina e têm uma clara inspiração maia. A contracapa e outros detalhes foram produzidos por Alejandro Fiadone, um especialista em iconografia indígena da Argentina, especificamente para Ch'in Ajvalil. Também utilizamos algarismos maia para numerar os capítulos.

GV: O que você aprendeu ao traduzir “O Pequeno Príncipe” para línguas indígenas?

JM: Podría decir que aprender a relacionarme con esta historia se ha convertido en lo que podría llamar una especialidad. También es un pretexto por el que tengo que estar agradecido. Me he encontrado con muchísimas personas valiosas que me brindaron su amistad, inspiración y apoyo a lo largo de este hermoso viaje.

JM: Diria que aprender a me relacionar com essa história se tornou uma espécie de especialidade. É algo pelo qual sou muito grato. Encontrei muitas pessoas valiosas que me presentearam com sua amizade, inspiração e apoio ao longo dessa linda jornada.

GV: Como está a edição de “O Pequeno Príncipe” em aimará? 

JM: “Pirinsipi Wawa” tuvo mucha demanda entre coleccionistas y la sigue teniendo. Un grupo peruano vinculado a la educación mandó a comprar un lote grande para un trabajo en colegios bilingües. La idea original era donar libros para que se usaran como material escolar. Sin embargo, debo destacar que nuestro rol no es benéfico. Asumimos que nuestro ciclo ya concluyó, y en breve cederemos los derechos de esa edición al traductor, Roger Gonzalo Segura, para que el texto se pueda publicar en el Perú y que siga su camino. ¿Qué más puede soñar un editor?

JM: “Pirinsipi Wawa” ainda é uma versão muito procurada pelos colecionadores. Um grupo peruano ligado à educação pública comprou um lote grande para usar em escolas bilíngues. A ideia original era doar livros para serem usados como material escolar. Porém, devo ressaltar que nosso papel não é fazer caridade. Reconhecemos que nosso ciclo já acabou e logo vamos transferir os direitos da edição para o tradutor, Roger Gonzalo Segura, para que o texto possa ser publicado no Peru e seguir seu caminho. O que mais um editor pode sonhar?

Para outras informações, acesse a página da Los Injunables no Facebook [4]– incluindo este vídeo que conta a história da tradução e do processo de publicação.

Traducen libro de “El Principito” al tsotsil [5]

Bajo el título de “Ch´in Ajvalil” el chiapaneco Xun Betán y el argentino Javier Merás realizaron una traducción al tsoltsil, con imágenes originales de inspiración maya, de la obra clásica de Antoine de Saint-Exúpery. Descubre más: http://ow.ly/IFvB30mBHt1 Edición: Joselin Zamora

Geplaatst door Chiapas Paralelo [6] op Dinsdag 13 november 2018

Traduzido livro “O Pequeno Príncipe” em tsotsil [5]

Com o título de “Ch´in Ajvalil” o chiapaneco Xun Betán e o argentino Javier Merás realizaram uma tradução para o tsotsil, com imagens originais de inspiração maia, da obra clássica de Antoine de Saint-Exúpery. Saiba mais em http://ow.ly/IFvB30mBHt1 Edición: Joselin Zamora