O Presidente João Lourenço continua a ser destaque em Angola, dessa vez tendo como protagonistas Rafael Marques e Luaty Beirão, que foram alguns dos membros de organizações da sociedade civil recebidos, no dia 4 de Dezembro, pelo Presidente angolano.
Além do jornalista e activista, foram igualmente convidados representantes de cerca de uma dezena de instituições ligados à defesa dos direitos humanos, desenvolvimento rural, direito e promoção da juventude.
O activista Luaty Beirão na sua página de twitter recordou, antes do encontro, quando foi acusado de tentativa de rebelião em Angola, tendo garantido que no palácio presidencial apenas entraria como ilustre convidado.
De facto, Luaty é um dos 17 activistas que foram detidos em 2015 por contestarem contra o regime angolano, e que chegou a estar preso durante vários meses — tendo cumprido, em protesto, 36 dias de greve de fome na cadeia:
Disseram que queria dar golpe de estado,
Retirar do trono o Zé,
instalar-me no Palácio
Respondi:
A única forma de algum dia entrar nesse mambo
Será pelo portão da frente
Como ilustre convidado. pic.twitter.com/aIapAmvSzK— Luaty Beirão (@LuatyBeirao) 3 décembre 2018
Entretanto, no dia do encontro houve dois cenários acabaram por marcar o encontro que foi largamente discutido nas redes sociais.
O primeiro caso deveu-se ao impedimento, pela segurança presidencial, de Rafael Marques para estar presente no encontro, embora inda no mesmo dia o Gabinete do Presidente da República viria a reformular um novo convite ao activista e jornalista, marcando assim um encontro privado, entre Rafael Marques e João Lourenço.
O presidente João Lourenço encorajou-me hoje a prosseguir com as minhas investigações sobre a corrupção e a encaminhar os casos à Procuradoria-Geral da República.
A luta contra a corrupção, incluindo o repatriamento de capitais, é uma das prioridades do seu governo. Para o efeito, conta com o contributo dos cidadãos na moralização da sociedade.
O presidente manifestou a sua visão sobre a relação entre o Estado e os cidadãos, lamentando que estes, muitas vezes, vandalizem o património público e refletindo sobre o que deve ser feito para alterar as mentalidades.
Luaty Beirão na presidência da República Angolana, aquando do diálogo entre o chefe de estado angolano e ativistas.
A pergunta que fica: é falta de roupa, uma amostra de que os ativistas são extremamente pobres, ou vontade de ser mediático para dizer que, a roupa não muda qualquer contribuição que uma pessoa queira dar?
Que passa aqui mesmo?!
Existem milhares de pessoas que andam de fato e marcas e não fazem quase nada de jeito ou memorável no mundo (além de algumas selfies). Existem pessoas que vestem se de uma forma mais simples mas conquistam mais em um dia do que os “bem vestidos” durante uma eternidade
— Chyemenn (@ChyemennSantos) 4 décembre 2018
O questionamento e discussão em torno das vestes de Luaty Beirão aquando da recepção presidencial ontem, revela as manias de finos dos nossos manos e manas. Julgar as pessoas pela sua aparência é continuar a fazer um julgamento que na nossa realidade já se mostrou um erro. Seguindo a lógica dos finos, segundo a qual fato e gravata são sinais de responsabilidade e integridade, o que me diriam sobre os marimbondos que traíram a pátria? Nunca é sobre caixa, é sempre mesmo sobre o conteúdo!
Imagem 1: Luaty nas Nações Unidas (n se vê, mas por baixo são Jeans)
Imagem 2: Luaty no Parlamento Europeu (jeans)
Imagem 3: Luaty no Parlamento Europeu (para se ver bem, são as MESMAS jeans)
Imagem 4: Luaty no Parlamento Português (por baixo…jeans)
Ah pq “falta de respeito” ? pic.twitter.com/xYOY2mF6bE— Luaty Beirão (@LuatyBeirao) 5 décembre 2018
Recorde-se que o debate sobre as vestimentas já havia sido levantado este ano durante a visita do Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, a Angola. Igualmente a forma de vestir foi destaque para a expulsão do activista Simão Hossi em um restaurante de Luanda.