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Angola: saiba como é que uma medida do Governo pode estar a criar desempregados

Categorias: Angola, Economia e Negócios, Mídia Cidadã, Protesto
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Cenário de destruição no Mercado, após acção da polícia | Foto Simão Hossi

Tudo começa com a Operação Resgate [2], uma medida que foi colocada em prática pelo Governo de Angola no dia 6 de Novembro, cujo objectivo é de repor autoridade do Estado, a ética e a postura dos cidadãos em torno dos bens públicos.

A acção consta de um decreto executivo de 17 de Julho, assinado pelos ministros do Interior, do Comércio e dos Transportes, que proíbe o exercício de venda de peças sobressalentes de viaturas e motorizadas fora dos locais autorizados. Porém, a medida não está a colher consenos, segundo a reportagem que fizemos em alguns mercados.

João Baptista, administrador do Mercado dos Combustíveis — também chamado como ”mercado das peças”, esteve em conversa connosco e não escondeu a sua preocupação sobre a acção do governo, por colocar todos na mesma condição, isto é, dentre os que vendem peças de viaturas antigas e peças importadas do exterior e com faturas de comprovativos das suas aquisições. Ele reagiu da seguinte forma:

A minha maior preocupação é o facto de que o mercado não se dedica somente a venda de peças de viaturas, pois aqui vende-se também outros produtos, para além dos sectores de vendas de comidas e bebidas.

Eu concordo com a acção do governo no procedimento aos produtos que aparecem de forma duvidosa, pois suspeito também que os mesmos possam estar a adquirir no mercado negroonde poderão estar envolvidos assaltos de viaturas.

Porém, mesmo concordando com a medida estou preocupado com os meus 18 funcionários que pdoerão ver o seu futuro incerto, para além dos mais de 500 vendedores que ficarão no desemprego se a operação avançar como tem estado a acontecer.

O mercado onde se encontra (quase) tudo

De facto, o Mercado dos Correios, situado na zona periférica das localidades do Kilamba Kiaxio, é o maior mercado informal de acessórios de peças automóvel do país, dispõe pela dimensão e capacidade de resposta da procura dos compradores. Por exemplo, um dos compradores por nós encontrado disse:

Eles vendem até aquilo que pensamos nunca encontrar, é impressionante. Basta chegar ao
mercado com uma viatura, de repente, estás cercado pelos vendedores, que repetidamente procuram saber o que o automobilista precisa. A disputa pelos clientes torna-se mais intensa quando este abre os vidros ou desce do carro.

Tal como acontece do lado dos Correios, o mesmo se pode dizer do Mercado dos Combustíveis, situado no município de Belas, que dispõe de bancas improvisadas feitas com pequenos troncos e pedaços de tábuas, mas também lojas bem constituídas e organizadas.

Há barracas para comer e beber, fazendo o lugar de restaurantes com preços mais módicos para os seus frequentadores. Os dois mercados não são apenas de peças, são também de produtos como telemóveis e acessórios, roupas, alimentos, material de construção e todo tipo de ferramentas.

Mercados informais: uma realidade que não difere de Moçambique

O que sucede em Angola tem uma réplica num mercado localizado na Cidade de Maputo (Moçambique), que leva o nome de Mercado do Estrela Vermelha.

O mercado em alusão vende todo tipo de produtos, sendo que não sua maiória os mesmos são tidos como de proveniência duvidosa, sobretudo por não possuirem nenhuma prova de aquisição.

Por várias ocosiões já se registaram confrontos entre os vendedores e a polícia [3], mas pelo contrário o mercado tende a se expandir, do que a diminuir.