Desde a chegada ao poder do novo Presidente de Angola, João Lourenço, a política do país vive momentos de intenso debate sobre a forma como o actual Presidente tem se relacionado com o seu antecessor, José Eduardo Dos Santos.
De facto, desde 2017, a sucessão no seio do partido MPLA — Movimento Popular de Libertação de Angola, criou desconfianças sobre a real capacidade que João Lourenço tinha para dirigir o país, situação que ficou minimizada apenas em Junho deste ano quando este tornou-se não só Presidente da República, mas igualmente líder do partido.
Outro assunto que tende a criar debate entre os angolanos prende-se com a existência de processos judiciais contra familiares próximos do anterior Presidente da República, bem como a extinção de alguns contratos da família Dos Santos com ligação ao Estado angolano, actos vistos por alguns sectores como perseguição política.
O recente episódio que está a criar debate em Angola associa-se a uma entrevista conduzida pelo jornalista angolano, Gustavo Costa, em serviço do ”Expresso”, um jornal editado e publicado em Portugal.
A mesma surgiu dias antes da visita que João Lourenço efectuou a Portugal desde que tomou posse, em resposta ao convite que lhe foi formulado pelo seu homólogo, António Costa, durante a sua visita a Luanda.
Dentre várias questões que foram afloradas na referida entrevista, destaca-se o que facto do chefe de Estado angolano ter feitos revelações de que encontrou os cofres de Estado vazios ou mesmo a ser mais esvaziados, pela gestão do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, chegando mesmo a dizer que houve quem traiu a patria.
As reacções não se fizeram esperar, sobretudo nas redes sociais, de onde várias são as opiniões a respeito, desde a afirmação de que sabe-se quem terá esvaziado os recursos do Estado.
Por exemplo, o sociólogo e analista televisivo, João Paulo Ganga, afirmou que o Presidente foi corajoso e frontal por ter feito acusações graves ao seu antecessor, que pode ser caracterizado mesmo como como crime de traição ao Estado.
Segundo ele, a Procuradoria Geral da República (PGR) devia investigar e a se provar, as imunidades que lhe são atribuídas por lei pode ser levantadas para assim vir a responder em julgado, o sociólogo falava para a revista Zimbo .
O mesmo tipo de pensamento tem Joaquim Lunda, internauta e residente em Luanda:
Continuo acreditar que o país pode vir a melhorar e muito e pela forma como o PR tem estado a “levar o barco”, podemos alcançar a esperança desejada e um futuro próximo de uma boa satisfação. Ainda há muito por fazer, mas nada é impossível.
Continuo a dar o meu benefício de duvidas na governação do João Lourenço e creio que até então está a dar-se “minimamente” muito bem.
Aos traidores da pátria e os que estavam com os planos de tentativa de deixarem os cofres do Estado ainda mais vazios, que sejam responsabilizados e que a história venha registar a punição dos mesmos.
Enquanto isso, a deputada Tchizé Dos Santos, filha do antigo Presidente, tem estado a dizer, através da sua rede social Facebook e Instagram, que seu pai também terá encontrado os cofres vazios quando tomou posse com a morte do Primeiro Presidente António Agostinho Neto.
Tchizé questiona ainda o facto de João Lourenço revelar ter encontrado os cofres vazios, mas tem realizado viagens de luxo e reformas no palácio presidencial.
Então…um PR que encontra os cofres vazios aluga o avião privado mais luxuoso do mundo e faz obras de dezenas de milhões de USD num palácio presidencial em bom estado e de luxo? Não era melhor reabilitar ou construir postos médicos com esse dinheiro? Ou criar melhores condições para os médicos que hoje estão em greve? O PR está a gerir as prioridades melhor que o antecessor?
Sobre o assunto, dias depois o Prisdente de Angola se expressou (vídeo completo), tendo dito que deixou pelo menos 15 biliões de dólares nos cofres do Estado, segundo mostra a publicação da jornalista Zenaida Machado:
Jose Eduardo Dos Santos called a press conference this afternoon to respond to Presidente Lourenço. He says the state coffers were not left empty when he left power. There were 15billion USD in there. He did not take answers from media. More to follow. pic.twitter.com/8xd3t2tswV
— Zenaida Machado (@zenaidamz) 21 novembre 2018
José Eduardo dos Santos convocou uma colectiva de imprensa esta tarde para responder ao Presidente Lourenço. Ele diz que os cofres do Estado não ficaram vazios quando ele deixou o poder. Havia 15 bilhões de dólares lá. Ele não aceitou nenhuma questão da media.