Angola: José Eduardo dos Santos é acusado de delapidar o Estado pelo seu sucessor

João Lourenço, Presidente de Angola | Wikimedia Commons CC BY-SA 2.0

Desde a chegada ao poder do novo Presidente de Angola, João Lourenço, a política do país vive momentos de intenso debate sobre a forma como o actual Presidente tem se relacionado com o seu antecessor, José Eduardo Dos Santos.

De facto, desde 2017, a sucessão no seio do partido MPLA — Movimento Popular de Libertação de Angola, criou desconfianças sobre a real capacidade que João Lourenço tinha para dirigir o país, situação que ficou minimizada apenas em Junho deste ano quando este tornou-se não só Presidente da República, mas igualmente líder do partido.

Outro assunto que tende a criar debate entre os angolanos prende-se com a existência de processos judiciais contra familiares próximos do anterior Presidente da República, bem como a extinção de alguns contratos da família Dos Santos com ligação ao Estado angolano, actos vistos por alguns sectores como perseguição política.

O recente episódio que está a criar debate em Angola associa-se a uma entrevista conduzida pelo jornalista angolano, Gustavo Costa, em serviço do ”Expresso”, um jornal editado e publicado em Portugal.

A mesma surgiu dias antes da visita que João Lourenço efectuou a Portugal desde que tomou posse, em resposta ao convite que lhe foi formulado pelo seu homólogo, António Costa, durante a sua visita a  Luanda.

Dentre várias questões que foram afloradas na referida entrevista, destaca-se o que facto do chefe de Estado angolano ter feitos revelações de que encontrou os cofres de Estado vazios ou mesmo a ser mais esvaziados, pela gestão do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, chegando mesmo a dizer que houve quem traiu a patria.

As reacções não se fizeram esperar, sobretudo nas redes sociais, de onde várias são as opiniões a respeito, desde a afirmação de que sabe-se quem terá esvaziado os recursos do Estado.

Por exemplo, o sociólogo e analista televisivo, João Paulo Ganga, afirmou que o Presidente foi corajoso e frontal por ter feito acusações graves ao seu antecessor, que pode ser caracterizado mesmo como como crime de traição ao Estado.

Segundo ele, a Procuradoria Geral da República (PGR) devia investigar e a se provar, as imunidades que lhe são atribuídas por lei pode ser levantadas para assim vir a responder em julgado, o sociólogo falava para a revista Zimbo .

O mesmo tipo de pensamento tem Joaquim Lunda, internauta e residente em Luanda:

Continuo acreditar que o país pode vir a melhorar e muito e pela forma como o PR tem estado a “levar o barco”, podemos alcançar a esperança desejada e um futuro próximo de uma boa satisfação. Ainda há muito por fazer, mas nada é impossível.

Continuo a dar o meu benefício de duvidas na governação do João Lourenço e creio que até então está a dar-se “minimamente” muito bem.

Aos traidores da pátria e os que estavam com os planos de tentativa de deixarem os cofres do Estado ainda mais vazios, que sejam responsabilizados e que a história venha registar a punição dos mesmos.

Enquanto isso, a deputada Tchizé Dos Santos, filha do antigo Presidente, tem estado a dizer, através da sua rede social Facebook e Instagram, que seu pai também terá encontrado os cofres vazios quando tomou posse com a morte do Primeiro Presidente António Agostinho Neto.

Tchizé questiona ainda o facto de João Lourenço revelar ter encontrado os cofres vazios, mas tem realizado viagens de luxo e reformas no palácio presidencial.

Então…um PR que encontra os cofres vazios aluga o avião privado mais luxuoso do mundo e faz obras de dezenas de milhões de USD num palácio presidencial em bom estado e de luxo? Não era melhor reabilitar ou construir postos médicos com esse dinheiro? Ou criar melhores condições para os médicos que hoje estão em greve? O PR está a gerir as prioridades melhor que o antecessor?

Sobre o assunto, dias depois o Prisdente de Angola se expressou (vídeo completo), tendo dito que deixou pelo menos 15 biliões de dólares nos cofres do Estado, segundo mostra a publicação da jornalista Zenaida Machado:

José Eduardo dos Santos convocou uma colectiva de imprensa esta tarde para responder ao Presidente Lourenço. Ele diz que os cofres do Estado não ficaram vazios quando ele deixou o poder. Havia 15 bilhões de dólares lá. Ele não aceitou nenhuma questão da media.

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