Grupo extremista somali al-Shabaab pode estar por trás de ataques em Moçambique

Militantes do grupo extremista islâmico al-Shabaab, que actualmente controla um terço da Somália e já praticou ataques em outros países da África. Foto: Youtube/Screenshot

Cerca de trinta homens mascarados atacaram durante três dias postos policiais no norte de Moçambique, levantando suspeitas sobre as actividades do al-Shabaab, grupo extremista islâmico somali, no país.

Os três postos policiais localizam-se em uma área com raio de 70 quilômetros no distrito da Mocímboa da Praia, próximo à fronteira com a Tânzania, e aconteceram entre os dias 5 e 7 de Outubro simultaneamente, indicando planeamento metódico da acção.

Segundo o porta-voz da polícia, o confronto deixou deixou dezesseis mortos, sendo dois policiais e quatorze integrantes do bando armado. Fontes no local, de acordo com reportagem do site de notícias local NNA, afirmaram que os homens apoderaram-se de armas das forças de segurança, enquanto alguns integrantes do foram capturados pela polícia com vida e estão sendo interrogados.

Também segundo a polícia, foram ouvidos pelo menos três idiomas falados pelos homens armados: kiwali (língua local), português (língua oficial de Moçambique) e swahili (falada pela maioria da população da região dos países dos Grande Lagos).

Há suspeitas de que o grupo estaria ligado ao al-Shabaab, que actualmente controla um terço da Somália e já praticou ataques em outros países da África.

O grupo somali foi formado em 2006 em decorrência do desmantelamento da União das Cortes Islâmicas, derrotada pelo exército etíope naquele ano e afastada do controlo da capital Mogadíscio, a qual controlava desde 2000. A Somália está sem um governo efectivo desde 1991 e há disputas constantes entre facções distintas.

A al-Shabaab, que significa “a juventude” em árabe, prega o Wahabismo, corrente de inspiração saudita que prescreve uma versão rigorosa da Sharia, como pena de morte por apedrejamento a mulheres acusadas de adultério e amputação das mãos para quem comete roubo.

Cerca de 18% da população de Moçambique declara-se mulçumana, a maioria habitante da região norte do país.

As autoridades policiais do país afirmaram que ainda não é possível determinar se os ataques em Mocímboa da Praia foram de facto orquestrados pelo al-Shabaab, mas as dúvidas se avolumam nas redes sociais.

Egídio Vaz, proeminente comentador e influenciador de opinião, deixa algumas questões:

‘’ (…) Se o que temos em Mocímboa é ou não Al-Shabaab, aqui vão as minhas ideias.
– Dada a porosidade das nossas fronteiras, segurança e sistemas de controlo, é mesmo possível que esses sejam Al-Shabaab.
– Todavia, não creio que esses estejam em Moçambique para pregar o seu jihad. Pode ser que façam deste país seu campo de recrutamento, treino para depois “exportar” esses soldados para os seus vários campos de batalha.
DE UMA OU DE OUTRA FORMA, esses tipos estão lá. As autoridades moçambicanas devem lidar com eles sob pena de mais uma vez o país ser visto como albergue de inimigos internacionais, receio que há muito habita em muitas capitais do norte global. (…) ‘’

De acordo com reportagem do jornal O País, que entrevistou residentes da Mocímboa da Praia — que tem cerca de 30 mil habitantes –, “todos os residentes daquela vila não têm a menor dúvida de que os ataques foram perpetrados pelos membros da referida seita Al-Shabaab”.

Segundo fontes entrevistadas pela reportagem, a al-Shabaab opera duas mesquitas na cidade, que estiveram desertas nos dias em que aconteceram os ataques e que seus líderes defendem a retirada de monumentos cívicos e cristãos da cidade, assim como a aplicação rigorosa da lei islâmica.

O comerciante Amade Mussa afirmou a reportagem que a maioria dos fiéis das mesquitas em questão são cidadãos locais, homens de 25 a 35 anos de idade:

Eles todos são daqui de Mocímboa da Praia, conhecemos. Outros vêm de Mocoche em Macomia, outros vêm de Palma, Nangade e Montepuez. Os outros são daqui, conhecemos. Mas desde o dia 6, fugiram. Se tem pessoas que vêm da Somália ou outro país, não sei.

Fernando Neves, presidente do distrito da Moacimba da Praia, confirma a versão de Amade, mas diz que isso não implica necessariamente que haja uma ligação direta com al-Shabaab na Somália.

São jovens que pensam que, quando fazem aquilo, pertencem àquele grupo, mas eles não têm nenhuma ligação.

João Ventura é um cidadão angolano e avisa que esse tipo de actos também chegar ao país também falante de língua portuguesa:

‘’ Facto: Em Moçambique aconteceram ataques armados coordenados numa cidade do interior primeiramente atribuídos a desconhecidos.
Causadores: Fundamentalistas islâmicos que se auto denominam de Alshabab.
Intenção: estabelecer um estado islâmico em Moçambique.
Lição a reter: A propagação do islamismo deve ser muito bem controlado e monitorado em Angola pra evitar actos similares.
Avisos e exemplos não faltam.’’

Ashraf Sidat é cidadão moçambicano e muçulmano, avisa para que as pessoas não se deixem levar por esse tipo de actos que só querem dividir o país:

‘’ *IRMÃOS MOCAMBICANOS*…
Não caiam na armadilha, não caiam na tentação do explorador… Isso que aconteceu no norte do país tem como objetivo criação de guerra como único objetivo de países estrangeiros de dividir e reinar …! Como fazer isso!
Primeiro atacam a corrupção se isso não resolve, aliam se ao partido oposto munindo de armas e poder. Mesmo assim se isso não se resolver então vão para dentro de pais criar ódio e raiva entre tribos e religiões …isso tudo para criar guerra!
Nós todos temos conhecimento que nosso país tem riquezas no Norte concretamente e essa riqueza está c mau olhar deles. Querem guerras e mortes para poder financiar as ambas as partes do conflito e eles cobrarem a dívida de guerra com recursos.
Gás petróleo e diamantes e ouro! ’’

 

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