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‘Não nos atrevemos a ver': Dominica é devastada pelo furacão Maria

Categorias: Caribe, Domínica, Guadalupe, Martinica, Montserrat, São Cristóvão e Nevis, Desastre, Esforços Humanitários, Meio Ambiente, Mídia Cidadã
[1]

Captura de tela de um vídeo aéreo mostrando a devastação quase total de Dominica após a passagem do furacão Maria, 19 de setembro de 2017. Crédito do vídeo da Agência de Gestão de Desastres do Caribe (CDEMA), que foi amplamente divulgado pelo Facebook e pelo Twitter.

O norte do Caribe esteve na linha de frente da devastação causada pela temporada de furações no Atlântico em 2017. Logo após o Irma [2], um furacão de categoria 5, ter devastado as Ilhas de Sotavento, [3] o Maria, também de categoria 5, já pôde ser sentido [4] em Guadalupe, Dominica, São Cristovão e Neves, além de Montserrat.

Mais de 73 mil pessoas vivem em Dominica, uma das ilhas mais afetadas. Após a passagem do furacão, o primeiro-ministro do país disse [5] que a ilha foi “devastada”.

O Maria tocou o solo na noite de 18 de setembro. Na manhã seguinte, pessoas de toda a região divulgaram fotos nas redes sociais do que seria o rastro de destruição em Dominica. Posteriormente, ficou comprovado que algumas dessas imagens compartilhadas por conversas de WhatsApp e em páginas do Facebook eram falsas. Boa parte dos meios de comunicação na ilha foram afetados, o que dificulta a divulgação por parte da mídia cidadã. Há, contudo, notícias verdadeiras [6].

Caroline Taylor comentou sobre o assunto no Facebook e fez um apelo [7]:

Please don't circulate photos you can't authenticate. That's to say nothing about the copyright implications. Most of those Dominica images are not from Hurricane Maria.

Não divulguem fotos que não possam confirmar a veracidade. Sem contar as implicações de direito de imagem. Boa parte das imagens de Dominica não são do furacão Maria.

O primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit, entretanto, comunicou tudo que pôde pela sua página oficial do Facebook [8]. Assim como vários dominiquenses, Skerrit perdeu o teto de sua casa [8] e confessou que está “à total mercê do furacão”. Enquanto o Maria devastava a ilha, ele postou [9]:

We do not know what is happening outside. We not dare look out. All we are hearing is the sound of galvanize flying. The sound of the fury of the wind. As we pray for its end!

Nós não sabemos o que está acontecendo lá fora. Não nos atrevemos a ver. Tudo o que ouvimos é o som de coisas voando e a fúria do vendaval. Rezamos para que isso acabe!

A pequena nação insular se viu diante de ventos de até 250 km por hora.

Em uma atualização do dia 19 de setembro, Skerrit disse [10]:

Initial reports are of widespread devastation. So far we have lost all what money can buy and replace. My greatest fear for the morning is that we will wake to news of serious physical injury and possible deaths as a result of likely landslides triggered by persistent rains. […]

I am honestly not preoccupied with physical damage at this time, because it is devastating…indeed, mind boggling. My focus now is in rescuing the trapped and securing medical assistance for the injured.
We will need help, my friend, we will need help of all kinds.

Relatos iniciais são de devastação total. Até aqui, perdemos tudo o que o dinheiro pode comprar e repor. Meu maior medo é que amanhã acordaremos com notícias de feridos graves e possíveis mortos por conta de deslizamentos causados pela chuva incessante. […]                                                                                                                                     Honestamente, dessa vez não estou preocupado com danos materiais, porque é algo devastador…sem dúvida, desconcertante. Meu foco agora é resgatar quem está soterrado e dar assistência médica aos feridos. Precisaremos de ajuda, amigos, de todo tipo de ajuda.

Parece que Dominica foi a região mais devastada, apesar dos casos de vítimas fatais e destruição de propriedades nas ilhas francesas de Guadalupe [11] e de Martinica.

Internautas da região ficaram abalados. Na Jamaica, Annie Paul admitiu [12] estar “comovida com as ilhas arrasadas pelo furacão no leste do Caribe”, enquanto a trinitária Soyini Grey confessou [13]:

The news from Dominica is making me sick

As notícias de Dominica estão me fazendo mal.

Pelo Twitter, Judy Raymond acrescentou:

Se T&T não está preparado para um desastre natural, imagine como deve estar sendo para as pequenas ilhas que não têm infraestrutura, dinheiro para petróleo e gás como aqui.

Em solidariedade, Dele Adams postou de São Cristóvão, uma das ilhas por onde passou o furacão Irma:

[15]

Status público da usuária do Facebook Dele Adams, que comentou, “Não, Facebook, me recuso a sinalizar que estou ‘a salvo’ até que o Maria siga seu rumo e deixe a nós e aos nossos vizinhos em paz. Sentem-se”.

Assim como aconteceu depois do Irma, cidadãos caribenhos fizeram um mutirão [16] para enviar ajuda e suprimentos [17] para as ilhas mais afetadas. Já existem várias outras iniciativas de doação pedindo de tudo, desde comida enlatada e insumos médicos até itens de higiene pessoal e utensílios. Contudo, a violência da temporada de furacões também está gerando reflexão nas redes sociais:

Esta temporada de furacões me mostrou que temos de planejar, construir, nos comunicar e aprender a nos adaptar ao clima e às estações.

O furacão Maria passou [19] por Porto Rico como categoria 4, uma intensidade um pouco menor.

A página do Facebook Dominica Hurricane Maria Disaster Relief [20] (Dominica: ajuda para o desastre do furacão Maria) foi criada para auxiliar e facilitar as doações para a ilha diante dos estragos causados pelo Maria.