Alguns apontam que a recente tempestade de granizo é um sinal das mudanças climáticas no Quênia

Cidade de Nyahururu, no Condado de Laikipia, local das recentes tempestades de granizo que foram confundidas com neve. Imagens via satélite do Google.

Indícios de mudanças clímáticas, um dos principais tópicos de discussão da Cúpula Anual do G20, foram sentidos no leste da África enquanto os líderes mundiais faziam os preparativos para se encontrar nessa reunião, que ocorreu nos dias 7 e 8 de julho de 2017 em Hamburgo, Alemanha.

Moradores de uma cidade localizada no Quênia, onde passa a linha do Equador, vivenciaram um fenômeno estranho: uma tempestade de granizo. Esse material congelado tornou-se objeto de debates acalorados nas mídias sociais do Quênia, no dia 4 de julho, quando as fotos do que aparentava ser neve começaram a aparecer on-line, postadas por moradores da cidade de Nyahururu, no Condado de Laikipia, na região do Vale do Rift.

Neve em Nyahururu, Quênia. Este é um evento raro.

O Quênia, especificamente o Condado de Laikipia, onde a tempestade de granizo foi presenciada, encontra-se na linha do Equador e tal ocorrência nunca havia sido testemunhada na memória moderna. O único lugar do Quênia onde temperaturas extremas são vistas é no Monte Quênia, a segunda montanha mais alta do leste da África, depois do famoso Kilimanjaro, na fronteira com a Tanzânia.

Como será que eles se sentiram presos no trânsito da estrada Rimuruti Nyahururu? Eu não os invejo. Os efeitos das mudanças climáticas estão aqui e são reais.

Após as fotos e vídeos dos entusiasmados motoristas terem sido divulgadas, elas viralizaram e causaram todo tipo de alvoroço e especulação com relação à autenticidade das imagens e o que exatamente foi testemunhado. O Departamento de Meteorologia do Quênia, que mantém uma página ativa no Twitter, buscou fornecer uma explicação para a “neve” que as pessoas viram.

O evento em Nyahururu é uma tempestade de granizo. Essas tempestades ocorrem quando há uma convecção abrupta e as nuvens de chuva formam-se rapidamente.

Alguns funcionários no Departamento de Meteorologia sugeriram que a atípica ocorrência pode ser resultado das mudanças climáticas.

Apesar de o Departamento de Metereologia ter emitido um comunicado, os quenianos ficaram relutantes quanto a isso. Para alguns deles, era neve.

Comunicado sobre a ‘neve’ em Nyahururu

De acordo com o Departamento de Meteorologia do Quênia, a estação meteorológica de Nyahururu registrou a menor temperatura diária de 4,6ºC em 27 de junho. Essa é a temperatura mais baixa que eles já tinham registrado na área e na maior parte do país. Conforme a previsão do tempo atualizada, até no mês de julho, quando os quenianos vivenciam as temperaturas mais frias, a temperatura não fica abaixo de 8°C.

Partes da zona central, ocidental, costeira e noroeste podem receber chuvas entre 15 a 19 de julho.

Muitos quenianos aproveitaram a oportunidade para “fazer neve enquanto a tempestade caiu”, por assim dizer, compartilhando todos os tipos de memes. Alguns até fizeram uma ligação da ocorrência da tempestade de granizo com o atual ambiente de acusação política entre dois dos principais partidos políticos, Jubilee e NASA, que competem na próxima eleição presidencial e tentam superar as conquistas do outro.

Eu não sei como, mas é questão de tempo até que a tempestade de granizo em Nyahururu seja politizada.

Aulas de esqui estão disponíveis.

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Tradução da imagem: Compre cinco quilos de carne e eu levo a geladeira.

Um alerta do que está por vir?

Ainda que a maioria dos tweets sobre a tempestade de granizo em Nyahururu tenha sido de empolgação, há aqueles que não acharam engraçado, especialmente quando se considera as consequências do incidente.

Na Europa, assim que a Cúpula do G20 chegou ao fim, a chanceler alemã, Angela Merkel, encerrou o encontro repreendendo o Presidente norte-americano, Donald Trump, que rejeitou a participação do seu país no Acordo de Paris, assinado por todos os outros países-membros.

De acordo com o Índice de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas para 2015, sete em cada dez países da África estão em alto risco devido às mudanças climáticas.

Verifica-se uma diminuição da pluviosidade em grandes partes do sul da África. Segundo o movimento ambiental 350Africa.org, as mudanças climáticas já afetam a África de oito maneiras: alterações nos padrões do clima, abastecimento e qualidade da água, agricultura e alimento, saúde humana, abrigo, populações vulneráveis, segurança nacional e no ecossistema.

A saída dos Estados Unidos da Cúpula do G20 significa que a maior economia do mundo não irá se comprometer em reduzir as emissões de carbono para prevenir os efeitos iminentes do aquecimento global. Espera-se que a África receba o maior impacto dessas emissões, com condições climáticas como essas vivenciadas em Nyahururu servindo como sinal de alerta para as alterações drásticas de temperatura nos trópicos. Para muitos especialistas, o pior ainda está por vir.

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