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Hacker invade website do Conselho Nacional de Eleições em Moçambique

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Eleições, Tecnologia

Votação em Nampula. Foto do Txeka (usada com permissão)

Em vésperas da realização de dois grandes actos eleitorais, as eleições autárquicas (2018) e as eleições gerais (2019), o website [1] do Conselho Nacional de Eleições de Moçambique encontra-se interditado por via de um hacker.

O Conselho Nacional de Eleições é o principal órgão que se encarrega de preparar todo o processo inerente à realização de eleições em Moçambique, desde a fase do registo de eleitores, dos candidatos e dos partidos à preparação da votação e da divulgação de resultados.

A inoperância do portal do Conselho Nacional de Eleições (CNE) acontece numa altura em que já se conhece a data em que vai decorrer o processo de registo de eleitores e o dia da realização das eleições autárquicas, previstas para 10 de Outubro de 2018.

Borges Nhamire [2], pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), foi quem denunciou o estado do website do CNE:

Em plena preparação do processo eleitoral a pagina do STAE e CNE foi tomada por Hackers (www.stae.org.mz).

O mesmo hakcer do FMO, o Pri Nce.

Na publicação de Borges, há quem comente [3] sobre a possibilidade de ter sido uma acção forjada:

Muito perigoso para um Estado isto. E até aqui, pelo que me parece, ainda não resolveram?! Mas este país não tem técnicos para estas coisas? Com a digitalização da informação, a continuar assim, será que estaremos seguros mesmo?

Tomara que a hipótese cogitada aqui, segundo a qual pode tratar-se de um hakeamento forjado, seja válida – porque a ser um hakeamento, de facto, nada está seguro.

Durante o mês de Julho, o website do Fórum de Monitoria do Orçamento [4], uma organização da Sociedade Civil que se dedica à fiscalização da aplicação do Orçamento do Estado, também foi invadido pelo mesmo hacker e nas mesmas condições, conforme denunciou o jornalista investigativo, Lázaro Mabunda:

Website do FMO hackeado.

O hacker chama-se Pri Nce. Uma imagem desenhada de um indivíduo (assustador) ensanguentado. “Owned by Pri Nce”. http://www.fmo.org.mz/ [5]

Para além da questão dos hackers, é comum os portais de instituições públicas moçambicanas não se apresentarem acessíveis aos cidadãos, como denuncia Bitone Viage [6], estudante moçambicano no Brasil:

Algumas instituições do Estado abrem e atualizam suas páginas na Internet e sobretudo no Facebook quando recebem o chefe de Estado. Sinceramente nós que estamos fora do país passamos mal quando precisamos de alguns dados para dar andamento as nossas pesquisas. Assim somos obrigados a voltar a casa só para fazer levantamento manual dos dados.

É preciso ter vergonha na cara, todos dias andam online nas suas páginas pessoais, Instagram, Facebook, Twitter, mas as páginas das instituições que eles dirigem estiverem online a 9 meses atrás a quando da última visita efetuada pelo chefe de Estado.

No mesmo diapasão, o comentador e influenciador de opinião, Egídio Vaz [7], já havia colocado o mesmo tipo de críticas:

Estive hoje a pesquisar um pouco sobre a província de Gaza. Então, decidi entrar no website do governo de Gaza (http://www.gaza.gov.mz/ [8]) para ver se poderia obter algo útil e vejam o que descobri! Descobri que do ponto de vista geográfico, Gaza é uma província de Moçambique. Do ponto de vista histórico, a cidade de Xai-xai mantém ainda todas as características e ambiente de uma pequena cidade colonial.

Assim nos próximos dias o Presidente Nyusi visitará Gaza, “uma província de Moçambique” e também Xai-xai, “cidade que mantém ainda todas as características e ambiente de uma pequena cidade colonial”.
PS: Se não morri de nervos é porque sou forte.