Um novo fenómeno de rapto de pessoas calvas para tráfico de parte dos seus órgãos, supostamente para fins supersticiosos, esta a preocupar a polícia da província moçambicana da Zambézia, cujo governo iniciou uma série de operações para impedir a prática.
No início do mês, três homens foram mortos [2] no distrito de Milange, a poucos quilómetros da fronteira com o Malawi. Uma das vítimas foi encontrada decapitada e com parte de seus órgãos removidos. Dois homens foram presos e em seguida confessaram que os órgãos seriam usados por curandeiros na Tanzânia e no Malawi.
De acordo [3] com o porta-voz da polícia de Zambézia, há superstições locais que sustentam que a cabeça de um homem calvo contém ouro ou pode trazer riquezas.
Esta é a primeira vez que Moçambique regista ataques sucessivos a homens calvos.
Outro grupo alvo de assassinatos para fins obscuros são pessoas portadoras de albinismo, levando a ONU, em 2016, a conduzir uma missão [4]no país para investigar a prática. A perseguição a pessoas com albinismo é comum em outros países da África Austral, em particular a vizinha Tanzânia, onde o governo tem vindo a desenvolver campanhas para combater a superstição e o preconceito.
Ukombe Weya [5], residente na cidade de Maputo, deixou um aviso para aqueles que pretendam viajar ao país:
Atenção Homens calvos viajando para Moçambique
Homens calvos em Moçambique estão sendo alvo de ataques rituais, alertou a polícia Moçambicana, após o recente assassinato de três homens calvos para as partes dos seus corpos. Dois suspeitos foram presos no distrito central de Milange, onde ocorreram os assassinatos.
Hussene Algy Adamo [6], estudante e residente na Cidade de Inhambane, sul de Moçambique, disse que a polícia local já está a tratar do caso:
PRM acredita no envolvimento de curandeiros na morte de homens calvos vulgo carecas.
A perseguição e assassinato de indivíduos calvos para a extracção e venda dos seus órgãos, no distrito de Morrumbala, província da Zambézia, para presumíveis rituais supersticiosos, tem motivações culturais e é encomendada pelos médicos tradicionais, considera a Polícia da República de Moçambique (PRM), que indica, também, existir uma crença segundo a qual as vítimas têm, na cabeça, algum poder que gera fortuna. Nos últimos dias, pelos três homens com problemas de calvície foram mortos naquela parcela do país.
Angela Ferreira Samantha [7], partilhou a crónica do bloguista Armen Snaippa a relatar o facto:
EU QUERIA UM MOÇAMBIQUE COM VERGONHA NA CARA
Um país onde as pessoas tivessem vergonha de sair a rua vestidas como se fossem a gravação de um filme porno, onde os professores tivessem vergonha de pedir sexo em troca de notas e as alunas de oferecer sexo em troca de notas, emprego e outros benefícios, uma nação onde as pessoas procurassem empregos honestos e não tivessem que ferir ou mesmo tirar a vida dos outros para ganhar o seu pão, um país onde não se caçassem nem albinos e nem calvos ou carecas para práticas obscuras ou de “magia negra” visando o enriquecimento fácil.
Apesar da gravidade do fenómeno, alguns não perderam a piada. Zenaida Machado, investigadora da Human Rights Watch para Angola e Moçambique e ávida usuária do Twitter, também se referiu ao caso:
Mozambican authorities are extremely worried about the ritual killings of bald people. ? pic.twitter.com/SLBWgBGgEH [8]
— Zenaida Machado (@zenaidamz) 8 juin 2017 [9]