No ano de 1938, o falecido professor e escritor nigeriano Daniel Olorunfẹmi Fagunwa escreveu o romance “Ògbójú Ọdẹ nínú Igbó Irúnmalẹ̀” (The Forest of a Thousand Daemons – A Floresta de Mil Demônios), que é considerado o primeiro romance redigido no idioma Iorubá. Suas obras literárias frequentemente apresentam os caçadores Iorubá, cujas aventuras fantásticas os levam a enfrentar reis, deuses, espíritos e um mundo místico, características essas que ajudam a celebrar a cultura Iorubá.
Essas obras ainda têm inspirado gerações de pessoas que também escolheram honrar, à sua maneira, a cultura e o idioma Iorubá, como Adéṣínà Oríyọmí Ọlásúnkánmi Ayẹni Àkàndá ou Ọmọ Yoòbá (O Menino Iorubá – como ele prefere ser conhecido virtualmente). Em uma breve entrevista para o Rising Voices, Omo Yoòbá afirmou que a leitura desses livros transformou sua vida:
My life turned a new leaf, so I vowed to do more research into my race. So after high school, the interest grew, and I began improving my writing, reading and speaking skills. And after my Polytechnic education in Mass Communications, I knew I had to propagate the Yorùbá heritage to the world and the cheapest and easiest way to do that is via the international network of computers.
Eu iniciei um novo capítulo na minha história, então eu me comprometi a pesquisar mais sobre a minha etnia. Assim, após o ensino médio, o interesse cresceu, e eu comecei a aperfeiçoar as minhas habilidades de escrita, fala e leitura. Após concluir a formação politécnica em Comunicação Social, eu sabia que tinha de disseminar a tradição Iorubá pelo mundo e a forma mais fácil e barata de fazer isso era por meio da rede internacional de computadores.
No início, Omo se aventurou por inúmeras plataformas, criou, inclusive, um blog e um canal no YouTube, mas acabou elegendo o Twitter como seu meio de comunicação preferido. A plataforma de microblogues por meio de sua conta @yobamoodua representa uma saída para promover produtivamente o seu idioma e a sua cultura; além disso, contribui para divulgar constantemente a hashtag #LearnYoruba. Ele cita o seu nome como um símbolo dos assuntos que seus posts no Twitter deveriam abordar:
I am Ọmọ Yoòbá, so what else would I tweet about if not something on Yorùbá? All I tweet 24/7 is info about the culture, from language to tradition, important dates in history, historical events, Yorùbá science; medicine, technology, astronomy, and all about the great race.
Eu sou Ọmọ Yoòbá, então sobre o que mais eu poderia tweetar se não sobre a cultura Iorubá? Tudo o que eu posto no Twitter todos os dias da semana são informações sobre a cultura – da língua à tradição – datas e acontecimentos históricos importantes, ciência; medicina, tecnologia, astronomia e tudo sobre essa grande etnia.
Ìrèní = quatro dias (ewúrẹ́ jín sí ọ̀fìn, ó gbé inú ọ̀fìn fún ìrèní ➡️ a cabra caiu na vala, ela ficou lá por quatro dias) #InYoruba
— ỌMỌ YOÒBÁ (@yobamoodua) February 17, 2017
Apesar de reconhecer que houve um progresso com a presença cada vez maior do idioma e da cultura na internet, ele considera que ainda existe muito trabalho a ser feito. Por exemplo, ele revela que a opção de traduzir no Google Translate tendo o Iorubá como idioma fonte ou como idioma de destino ainda produz alguns resultados que podem estar gramaticalmente incorretos. A opção de tradução automática no Twitter identifica “Iorubá” como “Vietnamita”.
Contudo, as ferramentas que ele escolheu utilizar fornecem uma única forma de compartilhar informações sobre a cultura Iorubá, o que é exemplificado por esse vídeo do Youtube que ilustra a origem do povo Iorubá e a história de Oduduwa:
Muito embora a tecnologia possa desempenhar um papel fundamental proporcionando um espaço para que o Iorubá encontrar um lugar em pé de igualdade ao lado de outros idiomas globais, Ọmọ Yoòbá acredita que a responsabilidade começa em casa. No entanto, encontrar o idioma na internet pode mudar a percepção das pessoas sobre a sua importância:
The big problem is from the first agent of socialization; which is the family. Parents do not speak or encourage their offspring, many disregard the language as one for the uncivilised, so tell me, would such a person be interested in such an uncivilised language if encountered online?
O maior problema começa com o primeiro agente de socialização, a família. Os pais não falam o idioma ou incentivam seus filhos a fazê-lo, muitos o menosprezam e o consideram uma língua de pessoas não civilizadas; então, me responda, poderiam essas pessoas se interessar por uma “língua de pessoas não civilizadas”, caso se deparassem com ela na internet?
A tecnologia certamente pode atrair o interesse, mas Ọmọ Yoòbá pretende organizar eventos offline para aumentar a visibilidade do idioma. Em maio de 2017, uma competição com debates e um quiz Iorubá serão realizados em Lagos, onde alunos do segundo grau irão entrar na disputa para concorrer a prêmios com a esperança de encorajar jovens a se tornarem promotores ativos de sua língua.
Ọmọ Yoòbá resume o motivo pelo qual ele trabalha para se certificar de que a sua língua e sua cultura tenham um lugar na internet:
We have stories to tell, stories the world has never seen before, give us the opportunity to tell it and the world would be a better place for all.
Nós temos histórias para contar, histórias que o mundo desconhece, nos dê a oportunidade de dizer isso, e o mundo será um lugar melhor para todos.