O que uma escola mexicana de música da comunidade de Vicente Guerrero, no estado de Oaxaca, e as crianças paraguaias da cidade de Cateura têm em comum?
A música tocada nos dois lugares não só mudou a vida das crianças, mas também está conectada ao lixo.
Música lado a lado com o lixo
Vicente Guerrero está localizada à beira de um grande aterro sanitário, apenas 16 quilômetros ao sul de Oaxaca – uma antiga cidade colonial popular entre os turistas – mas não tanto quanto as ruínas pré-colombianas e sua cozinha mundialmente famosa. Há alguns anos, La banda de música (A banda de música) toca na comunidade. Este projeto evoluiu para uma orquestra sinfônica, composta por crianças e adolescentes que encontraram seu caminho para superar a pobreza que os cerca com instrumentos musicais:
Una escuela de música con 100 estudiantes se ha vuelto un eje central de la comunidad de Vicente Guerrero en Oaxaca https://t.co/gbQciibvcj
— José Luis Moyano (@NicksNames) 23 de noviembre de 2016
Uma escola de música com 100 alunos transformou-se no ponto central para a comuidade de Vicente Guerrero em Oaxaca.
O jornal britânicoThe Guardian escreveu sobre o projeto:
A comunidade, em um dos estados mais pobres do México, tem a reputação de abuso de drogas e violência entre gangues. Mas está passando por uma transformação depois do feliz encontro com um piloto francês que ajudou a iniciar uma aventura musical oferecendo um raio de esperança para a juventude.
De acordo com o meio de comunicação local, Oaxaca NVI, os jovens membros da banda levam seu compromisso com o grupo musical muito a sério:
Ni bien salen de la escuela, llegan casi corriendo a sus casas, ni bien comen y se encaminan por las polvorientas calles para encontrarse con su gran pasión. Siempre llegan sonriendo, con los ojos vivaces y jugueteando, entre un gran bullicio. […] aprenden día a día a tocar con destreza la trompeta, el trombón, el flautín, el clarinete, el oboe, la flauta, la trompa, los timbales, los bongoes y las congas.
Assim que saem da escola, eles praticamente correm para suas casas e assim que terminam o almoço, passam pelas estradas empoeiradas para encontrar sua grande paixão. Chegam sempre sorrindo, com olhares alegres, brincando, fazendo rebuliços. […] Aprendem dia a dia a tocar com destreza o trompete, o trombone, o flautim, a clarineta, o oboé, a flauta, a trompa, o timbale, os bongôs e a conga.
Lixo transformado em música
A mais de 7000 quilômetros ao sul de Vicente Guerrero, as crianças de Cateura – um povado localizado praticamente no topo do principal aterro sanitário de Asunción, capital do Paraguai – tocam instrumentos feitos de materiais reciclados:
[Interpretan] obras musicales con instrumentos reciclados, fabricados a partir de residuos sólidos domiciliarios, en el taller de lutería que posee el grupo en Cateura, donde recicladores, asesorados por Favio Chávez […], han comenzado a utilizar restos de “basura” para elaborar instrumentos que emitieran sonidos musicales. Los instrumentos […] imitan a violines, violas, cellos, contrabajos, guitarras, flautas, saxofones, trompetas, trombones e instrumentos de percusión, pero construidos con basura. Entre su repertorio ejecutan música clásica, música folklórica, música paraguaya, música latinoamericana, música de los Beatles, de Frank Sinatra, entre otros.
[Tocam] obras musicais com instrumentos reciclados, fabricados a partir de resíduos domésticos sólidos na oficina de instrumentos musicais que o grupo possui em Cateura, onde recicladores sob a orientação de Favio Chávez […] passaram a usar restos de “lixo” para criar instrumentos que produzam sons musicais. Os instrumentos […] imitam violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, guitarras, flautas, saxofones, trombetas, trombones e instrumentos de percussão, todos feitos de lixo. O repertório inclui música clássica, música popular, música paraguaia e latino-americana, os Beatles, Frank Sinatra e outros.
Num artigo para o jornal americano Los Angeles Times, Favio Chávez, um ecologista local e músico, que está ensinando as crianças de Cateura a tocar, relembra do começo:
No início, foi muito difícil poque não tinhamos um lugar para ensaiar e precisamos ensinar no mesmo lugar onde os pais trabalhavam no lixo […].As crianças não conheciam nada sorbe música e era difícil falar com os pais pois muitos deles não viviam com os filhos.
Mas tudo mudou quando mostraram ao Flavio algo que nunca havia visto antes: um violino feito de lixo. Hoje, há uma orquestra completa feita de instrumentos montados, chamada A orquestra reciclada. Um documentário chamado “Harmonia do Aterro” narrou o esforço musical:
O mundo produz cerca de dois bilhões de toneladas de lixo por ano. Aqueles que vivem com o lixo e do lixo são os pobres – como o povo de Cateura, no Paraguai. E aqui eles transformam o lixo em beleza. A “Harmonia do Aterro” acompanha a orquestra ao levar seu espetáculo inspirador de transformação do lixo em música para o mundo.
A orchestra tocou sua música até mesmo para o Papa Francisco:
A Orquesta de Instrumentos Reciclados Cateura foi convidada para tocar para o Papa Francisco e se apresentou a ele com um… http://t.co/gPXweZrNqV
— Hamonia do Aterro (@landfillhrmnic) July 13, 2015
Ambos os grupos, bem como outros, mostram que com música as possibiliades são infinitas.