Nyusi e Dhlakama ”prolongam” a paz em Moçambique

Filipe Nyusi (esq.) e Afonso Dhlakama. Foto: By Adrien Barbier, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=36191148

Filipe Nyusi (esq.) e Afonso Dhlakama. Colagem de imagens. Fotos: Wikimedia/ Adrien Barbier, CC BY-SA 2.0,

Quando estamos apenas no quarto dia do ano 2017, pode-se dizer que os moçambicanos acabam de receber uma verdadeira prenda de ano novo. O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, acordaram prorrogar a trégua de uma semana anunciada previamente —e que o Global Voices deu conta — para dois meses, a contar das zero horas de hoje (04.01), em todo o território moçambicano.

Tal como sucedeu em dezembro (27), coube ao presidente da Renamo a tarefa de anunciar ao país a decisão através de conferência telefónica (03.01), visto que ele continua refugiado nas matas de Gorongosa, conforme o vídeo abaixo, publicado pela televisão local (STV):

Como era de esperar, as reações nas redes sociais foram imensas. Algumas de júbilo e outras de exigência para que a paz seja definitiva em todo o país. Bitone Viage e Ivan Maússe, começa por considerar este acordo de uma excelente notícia:

A nosso humilde ver, essa informação agrada-nos bastante, pois há quase 4 anos que vivemos num clima de tensão político-militar, ou ainda, de guerra “não-declarada”, que, ainda a título localizado, destruiu centenas de vidas humanas, semeando luto nas famílias, desemprego, erosão da nossa economia, e etc.

A Associação dos Estudantes Finalistas de Moçambique, AEFUM, também se congratula com o anúncio:

Nós como AEFUM teremos aqui a oportunidade de termos mais estudantes em determinados Distritos que tínhamos decidido não mandar ninguém por serem de risco. Significa que teremos mais estudantes dando sua energia e conhecimento, à serviço da nação. Teremos mais jovens a terem oportunidade de mostrarem as suas capacidades e que poderão conseguir entrar no mercado de trabalho. Teremos uma oportunidade de mais moçambicanos conhecerem a realidade dos Distritos e possivelmente identificarem oportunidades de negócios.

Com a paz a ser alcançada através de “telefonemas, há quem pense em ajudar os interlocutores para que não lhes falte “créditos” (saldo no telemóvel) para falar e manter a paz:

Ora queriam que o encontro fosse no mato, ora queriam mediadores internacionais, ora queriam isto e aquilo…. afinal “paz dele” basta um telefonema? Se for assim eu posso mandar jackpot [crédito] para o PR ligar sempre para o “ríder”. Olá “#PAZ

Francey Zeúte, ativista do movimento LGBT em Moçambique considera que Dhlakama só quer ser acarinhado para que a paz se mantenha:

Dhlakama só quer ser “babado” o famoso “acarinhado”.

Cadu Moreira, ativista social, acredita em pleno que Afonso Dhlakama é a peça-chave para a paz em Moçambique:

Finalmente, com precisão, já começo a crer naquela narrativa de que esses senhores na imagem, podem muito bem conceder-nos a paz quando bem entenderem!

No novo entendimento entre Nyusi e Dhlakama há quem consiga ver apenas uma demonstração de fraqueza por parte do Governo em contrapor o poder da Renamo:

Reformar a constituição e convocar eleições transparentes para governadores, (já que não se pode usar eleições gerais para nomear governadores) seria o mais sensato. Está claro que o governo não tem capacidade para se impor e a Renamo tampouco…

Contudo, o facto de ser Afonso Dhlakama a anunciar as decisões tidas nas conversas com o Presidente da República pode originar uma possível troca de papéis, quem o diz é o investigador e docente, António Francisco:

ESTÁ À VISTA NOVO ESTILO DE PRESIDÊNCIA INCLUSIVA? DHL vira Presidente Executivo e Nuysi fica Porta-voz e Presidente Não-Executivo.

A ex-jornalista Zenaida Machado, atual investigadora da Human Rights Watch para Angola e Moçambique, exultou a notícia no Twitter:

O Presidente moçambicano e o líder da Renamo falaram hoje pelo telefone. O período de tréguas será alargado por 2 meses. Estes dois deviam conversar mais.

A alta Comissária do Reino Unido em Moçambique realça a notícia sobre o “cessar-fogo” da seguinte maneira:

Excelente noticia, os 2 meses de tréguas entre as forças do Governo moçambicano e a Renamo: [um brinde] à paz…

A imprensa portuguesa também coloca em destaque esta “boa noticia”:

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