Tudo a postos para mais uma edição do futureplaces! Uma panóplia de laboratórios, performances, apresentações e debates volta a ocupar a cidade do Porto de 18 a 22 de outubro de 2016.
Organizado pela Universidade do Porto (UP) em parceria com a Universidade do Texas em Austin (UTAustin) desde 2008, o “medialab para a cidadania” comissariado por Heitor Alvelos, agora na nona edição, mantém-se atento às possibilidades de entrosamento fértil entre os cidadãos e os media, com foco nas ligações à cultura, sociedade, ciência e tecnologia.
O evento convida a pensar, falar e agir – no presente – sobre formas partilhadas de imaginar o futuro, num processo reconciliador com o passado.
Da exposição documental sobre os Movimentos Estudantis na Universidade do Porto antes do 25 de abril (com curadoria de José Pacheco Pereira), ao ato criativo de hoje e seu potencial colaborativo (na experiência da Professora convidada Patricia Aufderheide), passando pelos últimos avanços da investigação científica em media digitais (em discussão no Simpósio Doutoral e num Think Tank de Realidade Virtual), o programa do futureplaces deste ano inclui também o lançamento do Museu Digital da Universidade do Porto e a projeção do documentário 147 Pianos, com a presença da realizadora Dolores Wilber.
Ao longo de cinco dias, a cobertura da Rádio Manobras Futuras dará voz a um caldo em ebulição, que junta ainda diversos Laboratórios de Cidadania, o Projeto da Fonte do PINC, concertos, performance, videojogos, e a estreia mundial do Antifluffy Go!
A paisagem que Heitor Alvelos apresenta nas “notas de rodapé” da nona edição pode ser resumida num acrónimo que convida à curiosidade (ou à perplexidade? “mmmm”…): “Mobs, Memes, Meanings and Minds” – Mobilização, Mensagens virais, Significados e Mentes. “Haverá um café algures onde o Museu Tradicional se encontra com o Pokemon Go para dar duas de letra?”
[MOBS] LUGARES FUTUROS / LUTAS PASSADAS
O ativismo está a tornar-se difícil, emaranhado na sua própria simulação, confrontado com o que muitas vezes se torna o oposto dos seus resultados desejados. Modelos polarizados de intervenção parecem ultrapassados.
Como navegar?
Recuamos meio século, às lutas estudantis que tomaram lugar antes do 25 de abril.
A exposição documental Movimentos Estudantis na Universidade do Porto, 1968-1974, com curadoria de José Pacheco Pereira a partir do seu arquivo Ephemera, e em colaboração com o centro de investigação em design ID+ e o Mira Fórum, apresenta registos históricos, incluindo desenhos, cartazes, panfletos e outros artefactos usados pelos estudantes para disseminar informação clandestina durante a ditadura do Estado Novo.
Marcando a abertura do futureplaces 2016, a exposição inaugura na tarde de 18 de outubro, com uma “concentração” simbólica na Reitoria da UP (onde aconteciam muitas das assembleias de estudantes naquela época) que seguirá em marcha até ao Pólo de Indústrias Criativas da Universidade do Porto (UPTEC PINC), onde a exposição ficará patente até 31 de outubro.
[MINDS] FUTUROS IMAGINADOS / DESAFIOS PARTILHADOS
Ao mesmo tempo que certas vozes da cena política internacional se declaram “fartas de especialistas”, a investigação científica pode bem ser um antídoto para o populismo, a chave para uma existência quotidiana mais saudável, mais informada, mais preenchida.
Numa palestra intitulada “Criatividade colaborativa: como partilhar o desafio de imaginar o futuro”, Patricia Aufderheide, Professora da Escola de Comunicação da American University em Washington, D.C. e fundadora do Centre for Media & Social Impact, falará sobre a natureza colaborativa e social do processo criativo.
A apresentação integra o Simpósio Doutoral de Media Digitais, que reúne estudantes e recém-graduados do Programa Doutoral em Media Digitais (UTAustin, Universidades do Porto, Nova de Lisboa e da Madeira), ao longo de um dia inteiro de apresentações e painéis de discussão sobre os trabalhos de investigação em curso. Ainda no campo da investigação científica, o futureplaces juntará também um think-tank de especialistas em realidade virtual, e apresentará trabalhos do Mestrado em Multimédia da Universidade do Porto.
[MEANINGS] LABORATÓRIOS DE CIDADANIA
No exercício de resgate de significados num ambiente tão saturado pelos media, poderá o indivíduo construir um modelo que seja útil para os outros, ou será este exercício solitário, irredutível?
Ao longo dos cinco dias do futureplaces, os “citizenlabs” juntarão geeks, especialistas, artistas, curiosos e cidadãos comuns numa série de oficinas práticas ao estilo “do-it-together”. Nestes laboratórios serão realizadas experiências que envolvem áreas de conhecimento tão diversas como o Hacking agrícola, o direito autoral (Copywrong) e o vídeo, em Um filme Incerto, onde se deve filmar como se a câmara fosse uma extensão do corpo.
Com o mote da exposição sobre os Movimentos Estudantis do passado, o laboratório Memórias de um Futuro Melhor convida a imaginar artefactos de um hipotético arquivo do final do século XXI. Haverá ainda uma sessão de “mapeamento de geografias pessoais” ([U.]Porto Pessoal), e À caça de logos, em busca da multiplicidade de formas em que o nome da Universidade do Porto se inscreve.
No último dia, sábado, logo após o ± Grande Comício MaisMenos ±, os trabalhos desenvolvidos no âmbito dos citizenlabs (incluindo as capturas do Antifluffy Go!) serão apresentados numa cerimónia marcada para as 16:00, a Academia de Cidadãos.
[MEMES] EPIFANIA PRESENTE / ELEVAÇÃO FUTURA
Como reconciliamos esta era de acesso aleatório instantâneo à informação, potencialmente amnésica, com a tão-humana procura de sabedoria?
Não faltarão os momentos mais inusitados aos quais o futureplaces já nos habituou.
Imagine-se um armazém velho de Chicago e 200 músicos, profissionais e amadores, de todas as idades, a tocar ao mesmo tempo 147 Pianos velhos. O concerto único ficou registado num documentário de Dolores Wilber que será apresentado pela própria, na noite de quinta-feira no Passos Manuel.
Na sexta-feira à noite, o Arcade Room vai ocupar a cave com uma sessão de videojogos cujo áudio será encaminhado em direto para o auditório principal como matéria-prima para um concerto do Antifluffy, o Arcade Broom.
Uma reconstrução em estúdio do registo sonoro do concerto que fechou a última edição, Gravitas, será apresentada na última noite do futureplaces. E depois o futuro prossegue, “do enraizamento à elevação”.