
Christiana Figeres durante a Conferência sobre a Mudança Climática em Bonn, na Alemanha, em 2013. Imagem da, Wikimedia Commons (CC BY 2.0).
Atualmente, há duas mulheres latino-americanas concorrendo ao cargo de secretária geral das Nações Unidas.
Christiana Figueres foi indicada pelo governo do seu país, Costa Rica, no início de julho. A indicação da argentina Susana Malcorra foi formalizada em maio.
Até agora, há 11 candidatos para suceder o coreano Ban Ki-moon, atual secretário geral da ONU, cujo mandato termina no dia 1º de janeiro de 2017.
A ONU nunca teve uma secretária geral em seus 70 anos de história, e alguns argumentam que é hora das mulheres assumirem o comando. Figueres e Malcorra não são as únicas mulheres indicadas. A política croata Vesna Pusic, a diretora-geral da UNESCO, a búlgara Irina Bokova, a ex-chanceler moldávia, Natalia Gherman, e a ex-primeira-ministra neozelandesa e atual administradora do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Helen Clark, estão sendo consideradas.
‘Sem otimismo…não conseguiremos fazer avanços’
A economista e analista costa-riquenha Christiana Figueres é filha José Figueres Ferrer, que foi presidente da Costa Rica três vezes.
Atualmente, Figueres é a presidente executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e participou das conversas para aquela convenção e no Protocolo de Quioto. Com respeito à mudança do clima, Figueres advertiu em 2015:
[…] the fight against climate change is a process and the necessary transformation of world economy won't be decided by a conference or an agreement, [but it's] probably the hardest task we've engaged in, which is to intentionally transform the economic development model for the first time in human history.
[…] a luta contra a mudança do clima é um processo e a necessária transformação da economia mundial não será decidida por uma conferência ou acordo, [mas é] provavelmente a tarefa mais difícil na qual estamos comprometidos, que é a de intencionalmente transformar o modelo de desenvolvimento econômico pela primeira vez na história humana.
Quando indagada se ela acredita que a América Latina apoiará a sua indicação, ela respondeu:
[…] nominations to UN Secretary General “should not be understood as sub regional or regional nominations. They should be understood as global nominations.”
[…] as indicações à secretaria geral da ONU “não devem ser entendidas como indicações sub-regionais ou regionais. Devem ser entendidas como indicações globais.
No dia em que foi indicada, Figueres disse em seu discurso de apresentação que ela tem a enorme tarefa “de trazer a esperança de volta ao mundo”. Disse que a sua prioridade é alcançar resoluções pacíficas e fortalecer a receptividade da organização durante as crises – tudo com otimismo responsável e paciente:
Without optimism, without the strong conviction that we human beings are capable of resolving problems, we won't be able to start moving forward.
Sem otimismo, sem a firme convicção de que nós, serem humanos, somos capazes de resolver os problemas, não conseguiremos fazer avanços.
No Twitter, alguns usuários apoiaram a sua indicação:
— David Garcia (@DavidG79) 8 de julio de 2016
I really hope Christiana Figueres becomes UN secretary. She has previously done a great job at the UNFCCC.
Espero que Christiana Figueres se torne secretária da ONU. Ela desempenhou um ótimo trabalho na UNFCCC anteriormente.
Excited that @CFigueres is running for #nextSG. Paris Agreement was an incredible achievement. — Diane Regas (@DianeRegas) 8 de julio de 2016
Animada com a notícia que @CFigueres está concorrendo a próxima #nextSG.O Acordo de Paris foi uma conquista incrível. – Diane Regas (@DianeRegas)

Susana Malcorra. Image de Elza Fiuza – Agencia Brasil (CC BY 3.0).
A controversa indicação da “Doutora Não”
A outra candidata latino-americana, Susana Malcorra, é engenheira mecânica e atuou como diretora executiva do Programa Alimentar Mundial (World Food Program). Entre 2008 e 2012, ela serviu como secretária-geral-adjunta para o Departamento de Suporte de Campo das Nações Unidas.
Entretanto, a sua indicação é controversas.
Quando estava servindo como secretária-geral-adjunta, ela se envolveu na ocultação de relatórios de abusos sexuais contra menores pelos Boinas Azuis e as Forças de Paz da ONU durante missões na África. Foi durante o seu mandato que o próprio Ban Ki-moon a apelidou de “Doutora Não” por conta das suas constantes respostas negativas.
Mais recentemente, como ministra das relações exteriores da Argentina, Malcorra reafirmou que o governo iria abrigar um grupo de refugiados sírios, e disse que um outro grupo de exilados da América Central também poderia ser aceito.
Desde la Argentina estamos dispuestos a recibir refugiados con la idea de que en cada uno de los países está encontrar la solución.
— Susana Malcorra (@SusanaMalcorra) 28 de junio de 2016
Na Argentina, estamos dispostos a receber refugiados com a ideia de que cada país tem que encontrar a solução.
O sucessor de Ban Ki-moon poderá ser anunciado no final de novembro.