Nuno Dala, é professor universitário, está em greve de fome há 15 dias. O ativista, preso desde junho de 2015, [2] faz parte do processo dos “15+2″ ativistas acusados de tentativa de rebelião, pelas autoridades angolanas. Dos 17 réus, 15 estiveram presos mais de 90 dias sem acusação formada. Os restantes, duas jovens angolanas [3], permaneceram em casa com termo de identidade e residência. Em dezembro, o tribunal decretou prisão domiciliária [4] para os 15 ativistas, enquanto decorre o julgamento que começou em 15 de novembro de 2015.
Numa entrevista à rádio DW – África [5] a irmã de Nuno Dala diz que o estado de saúde do seu irmão “é grave”. Dala começou uma greve de fome como forma de reivindicar o acesso aos seus pertences pessoais que estão nas mãos das autoridades. O ativista, que estava em prisão domiciliária desde dezembro, voltou em março à prisão por ordem do tribunal. A irmã de Dala lamenta que a sociedade esteja “a ignorar a saúde” do seu irmão. A DW adianta que:
Nas redes sociais, multiplicam-se as críticas em relação à forma como a sociedade e os meios de comunicação social têm tratado o caso da greve de fome de Nuno Dala. Muitos fazem a comparação com o caso de Luaty Beirão [6], que originou protestos, petições e abaixo-assinados dentro e fora de Angola.
O portal CentralAngola 7311 [7] tem acompanhado esta situação de perto:
Angola: Ativista Nuno Álvaro Dala há sete dias em greve de fome https://t.co/tnjDUuqVJT [8] pic.twitter.com/AntrZw3CGC [9]
— Esquerda.Net (@EsquerdaNet) March 17, 2016 [10]
E lança o apelo, no Facebook, para que haja maior mobilização por parte das pessoas:
#GREVEDEFOME [11]
#NunoDala [12]
#DiaCatorze [13]
Hoje entra no 14º à base de água, soro oral, chá e sumo, sem ingestão de qualquer alimento sólido. Quando começaremos as petições, os abaixo-assinados, as vigílias? Quando é que o desespero se instala?
O resultado teve efeito quase de imediato. No mesmo dia, foi programada uma vigília por Nuno Dala para os dias 25, 26 e 27 de março, em Luanda:
#VIGÍLIA [14]
#NUNODALA [15]Aí está a iniciativa cidadã. Para todos aqueles que estiveram a vomitar insultos à dormência da sociedade civil será bom que compareçam.
Dias 25, 26 e 27 de Março, na Igreja Sagrada Família, às 17h30.
Não vale a pena ficar à espera do último dos dias para ver se nos primeiros não sai porrada e jatos de água da polícia.