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Amazônia extrema: Diante da seca, ribeirinhos encontram sustento no turismo

Categorias: América Latina, Desenvolvimento, Meio Ambiente, Mídia Cidadã
Na comunidade existem 24 n˙cleos familiares que possuem um estilo de vida regido pelo ritmo das ·guas do rio TapajÛs, ainda conservam uma simbologia arquitetÙnica ligada aos costumes de viver na regi„o em casas de moradia com rusticidade na construÁ„o, na maioria de palhas com parede de madeira, porÈm com energia elÈtrica da rede publica. FLAVIO FORNER/XIB…/INFOAMAZONIA

Na comunidade de Maripá, as casas são feitas com palha e madeira, mas já desfrutam da energia elétrica da rede publica. Flávio Forner/INFOAMAZONIA

Esta é a segunda parte da reportagem especial “Amazônia Extrema” [1], produzida pelo InfoAmazonia [2] com texto de Camila Fróis e fotos de Flávio Forner. Será republicada aqui em quatro partes via parceria de conteúdo. Leia também a parte 1 [3], parte 3 [4]e parte 4 [5].

A singela estrutura coberta de palha, sem paredes e repleta de redes, fica à beira do rio Tapajós. Os igarapés refrescantes na mata, o sol dourado que parece se derreter sobre os rios no fim do dia e o pernoite com vista para o céu estreladíssimo à beira-d’água garantem movimento na comunidade de Jamaraquá o ano todo. Os ecoturistas significam uma fonte de renda segura os moradores do povoado. Muitos guiam os visitantes pela mata por diárias de 100 reais – mais do que qualquer outra atividade poderia garantir na floresta.

Conhecido como “seu” Pedrinho, Pedro da Gama é um dos moradores que se vale do espírito empreendedor para investir em uma hospedagem comunitária como alternativa de renda em tempos de escassez. “Cada ano faz mais calor. O rio tem menos peixe e no inverno a terra fica mais seca”, diz.

Embora o turismo pareça ser uma saída para melhorar a qualidade de vida na região, nem todas comunidades do Tapajós contam com a mesma estrutura de Jamaraquá, que já possui água encanada e energia elétrica. Na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapinus, do outro lado do rio, por exemplo, os povoados não têm estrada de acesso, nem energia e muitos ainda precisam captar água diretamente no rio porque não há sistema de abastecimento.

Ao todo, entre a Flona e a Resex, existem 103 comunidades, das quais apenas apenas seis possuem energia elétrica contínua e 65 têm sistema de abastecimento de água. “Quem depende apenas da natureza para o sustento da família, passa apuro maior, seja na cheia ou nas seca”, diz Pedro da Gama. “A maior parte das plantas, olha aqui, morre, porque o solo é muito arenoso. A terra esquenta e mata as árvores, o cajueiro, o cupuaçu, o muricizeiro”, completa “seu” Pedro.

No caminho até a beira do rio, ele ainda mostra preocupação com os bichos da mata. “Essa seca faz uma mudança muito grande na vida deles. Os passarinhos sentem, a preguiça também. Ela cai no chão e morre por falta d’água”, sentencia o caboclo, concluindo um relato que poderia ser ambientado no semiárido nordestino.