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Ameaça de guerra civil volta a Moçambique, a população refugia-se

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Guerra & Conflito, Mídia Cidadã, Política, Refugiados
Ruas de Maputo depois de confrontos. Arquivo (01/2007). Foto: Sharonpe/Flickr (CC BY-NC-SA 2.0

Arquivo (01/2007), ruas de Maputo depois de confrontos. Foto: Sharonpe [1]/Flickr (CC BY-NC-SA 2.0) [2]

Moçambique vive dias muito difíceis agudizados por uma crise política desde as últimas eleições gerais que tiveram lugar em Outubro de 2014.

Este impasse, reportado pelo Global Voices [3] em Novembro de 2015, está cada vez mais premente com o escalar de mortes e destruição de bens na zona centro do país. Há relatos de confrontos entre as forças governamentais e o maior partido de oposição, a Renamo [4], conforme relatam alguns órgãos noticiosos [5]:

Os homens armados da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança voltaram a confrontar-se na manhã de hoje no troço Rio Save-Muxúngúe, [mais] concretamente em Zove, Distrito de Chibabava, Província de Sofala. Os confrontos fizeram com que a circulação das viaturas naquele canto da nossa pérola do Índico ficasse interrompida por algumas horas.

Os relatos são tantos que os cidadãos, receosos, clamam pela Paz. Abinelto Bié [6]disse:

Após quase 2 anos da assinatura dos ACORDOS DE CESSAÇÃO DAS HOSTILIDADES MILITARES entre as as forças governamentais e a Renamo, os moçambicanos voltam a viver o drama das colunas no troço entre Muxungwe e Rio-Save na província de Sofala no centro do país.
Tal cenário deve-se aos ataques ocorridos há dias naquele ponto do país, onde aventa-se a possibilidade de terem sido perpetrados por homens armados da Renamo, aliás, a Polícia da República de Moçambique em Sofala atribui a autoria dos ataques a Renamo, tendo em conta o aviso dado há dias por este partido político onde anunciou o bloqueio da EN1 no troço aqui referido.

A escolta de viaturas, em algumas estradas de Moçambique, já é uma realidade como relata Francey Zeúte [7]:

Confirmado: Voltamos às escoltas/colunas no [troço] Rio Save – Muxungué.

Fonte: Radio Moçambique

Dino Foi [8], diz não perceber as acções da Renamo:

Então a Constituição da República (a Bíblia do nosso país )deve ser pontapeada para acomodar orgias pela governação parcial da nação?!
Sabe que os carros que anda a destruir, independentemente de serem de privados ou do Estado, tem um efeito nefasto na nossa economia?!
Quem lhe deu essa autoridade para andar a disparar sobre civis?!
Penso que já é altura de ilegalizar alguns partidos, retirar imunidade e colocar na cadeia quem deturpa a ordem pública.
Queremos trabalhar e desenvolver o nosso país.

Estes acontecimentos fizeram com que o Consulado Português em Moçambique emitisse um alerta [9] aos cidadãos que viajam para a zona centro de Moçambique:

Persistem tensões político-militares entre o Governo moçambicano e o maior partido de oposição, Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), sobretudo nas províncias do centro [Sofala, Manica, Tete e Zambézia e norte de Inhambane], onde têm vindo a ser noticiados incidentes, incluindo confrontos armados”, declara o aviso.

As autoridades consulares portuguesas recomendam “medidas adicionais de prudência, vigilância e autoproteção” nas zonas de risco, que, além da estrada N1, na província de Sofala, incluem também a N6, em Manica, enquanto a situação de instabilidade perdurar, para além do acompanhamento do evoluir da situação através da comunicação social.

No Twitter, criou-se a hashtag (#MozConflict) que serve para relatar os conflitos que ocorrem no país:

O receio de uma nova guerra civil está a provocar a fuga [14] dos moçambicanos que procuram refúgio nos países vizinhos:

Refugiados moçambicanos enfrentam crise humanitária no Malawi

Estes confrontos surgem a escassos dias de Março, o mês que o líder da Renamo decretou [21] começar a governar as províncias onde foi vencedora, nas eleições de 2014.