O terceiro ato contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, convocado pelo MPL (Movimento Passe Livre) e realizado no dia 14 de janeiro, seguiu de forma pacífica até o final, quando alguns manifestantes resolveram pular as catracas e foram atacados pela polícia com bombas.
Depois da repressão policial no ato do dia 12, que efetivamente impediu o protesto de acontecer, o MPL cedeu e divulgou nas redes sociais o trajeto da passeata — tradicionalmente, o movimento decide o percurso da marcha na hora da concentração, em assembleia com os presentes.
Dois atos simultâneos foram convocados desta vez: um saindo da Praça da República, no Centro, que contou com a presença de cerca de 6 mil pessoas, e outro do Largo da Batata, na Zona Oeste, com cerca de 5 mil. Em ambos, a mobilização da polícia foi tremenda, com ativistas chegando a denunciar o que consideravam “terror psicológico”:
Ex-alunos meus e do @Hupsel relatam via msg a impossibilidade de ficar no ato com tanta polícia. Terror psicológico! pic.twitter.com/reESCzT7iy
— Acácio Augusto (@acacio1871) January 14, 2016
Havia destacamentos de policiais por diversas esquinas dos trajetos das duas manifestações, além de barreiras policiais em diversas ruas a fim de impedir qualquer desvio de trajeto, o que o professor Pablo Ortellado, presente ao protesto, chamou de “Parada Militar”. A Agência Democratize denunciou as práticas de intimidação da polícia antes mesmo do começo do ato:
Relatos de que manifestantes já estão sendo detidos na concentração do protesto contra o aumento das passagens em São Paulo, na região do Largo da Batata. Passageiros estão sendo revistados após sair do metrô.
Nas ruas do centro, uma “pré-manifestação” circulou por ruas e avenidas exigindo o fim da escalada repressora da PM do Estado de São Paulo contra o direito de livre manifestação.
Em fotos postadas pelo coletivo Mídia Ninja é possível observar a quantidade de policiais presentes tanto no Largo da Batata quanto no Centro:
Observe a quantidade de policiais militares… #3e80Nao #ContraTarifa #NaoAoAumento pic.twitter.com/SrFQgSL3T1
— Midia NINJA (@MidiaNINJA) January 14, 2016
Choque na Praça da Sé, ato contra o aumento da tarifa em SP #3e80Nao #ContraTarifa #NaoAoAumento pic.twitter.com/RlPuqZhHQM
— Midia NINJA (@MidiaNINJA) January 14, 2016
Apesar da tensão, os protestos seguiram tranquilos até seu destino final. Ainda no começo da marcha que saía do centro da cidade em direção à Avenida Paulista uma bomba estourou no meio da multidão, mas a organização da marcha foi capaz de conter a Polícia Militar antes que as agressões começasse. Manifestantes alegam que a bomba foi disparada por um policial infiltrado; A PM, por outro lado, diz que a bomba pertencia a um manifestante.
A animação dos presentes pode ser vista nos vídeos gravados pelo coletivo Jornalistas Livres no Centro (primeiro vídeo) e na Zona Oeste (segundo vídeo):
Manifestantes cantam contra truculência em frente à Secretaria de Segurança Pública, em São Paulo. #3e80Nao pic.twitter.com/3keuWpWiOx
— jornalistaslivres (@j_livres) January 14, 2016
Saída do ato do Largo da Batata, com bom número de manifestantes. #3e80Nao #NaoAoAumento #ContraTarifa pic.twitter.com/KAO5ZdDhW6
— jornalistaslivres (@j_livres) January 14, 2016
Após o fim do ato, a polícia resolveu atacar alguns manifestantes que tentavam realizar um ‘catracaço’ (pular a catraca e não pagar a passagem) na estação Consolação, com bombas de gás e cassetetes. Ao menos nove manifestantes foram presos e um ficou ferido. O perfil do Movimento Passe Livre no Facebook escreveu:
Relatos de muitas bombas e repressão na avenida Paulista, após o ato ser encerrado no MASP e as pessoas não conseguirem ir embora devido ao bloqueio da PM nas estações.
Ativistas denunciaram ainda que mulheres teriam sido espancadas por policiais depois do ato:
ÁS ESCONDIDAS, POLICIAIS BATEM EM MENINAS DEPOIS DO ATO CONTRA A TARIFA EM SÃO PAULO.Esse é um depoimento de uma…
Publicado por Juntas em Sexta, 15 de janeiro de 2016
O coletivo Território Livre postou uma série de fotos do ato. Nova manifestação foi convocada pelo MPL para o dia 19 de janeiro.