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Brasil: Polícia reprime com violência protesto contra o aumento da tarifa do transporte

Categorias: América Latina, Brasil, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Protesto
Foto: Policiais bloqueiam rua em Belo Horizonte durante protesto na quarta-feira. [1]

Foto: Policiais bloqueiam rua em Belo Horizonte durante protesto na quarta-feira. Foto: Jornalistas Livres.

Na noite de quarta-feira, dia 12, pouco mais de mil pessoas se reuniram [2] em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, para protestar contra mais um aumento da tarifa do transporte público. Durante o protesto pacífico, a Polícia Militar, sob o comando do governador Fernando Pimentel, do Partido dos Trabalhadores (PT), passou a atacá-los com extrema violência, deixando um saldo de 60 detidos [3] e vários feridos [4]. Muitos foram presos enquanto se refugiavam [5] em um hotel.

A Mídia Pirata gravou e postou em seu canal do Youtube o momento do início da repressão policial:

E o ativista Lucas Morais gravou a cena por outro ângulo:

E do nada começam as bombas. Todos munidos apenas de palavras e cartazes. E assim se mantem um ajuste tarifário ilegal.

Posted by Lucas Morais [6] on Quarta, 12 de agosto de 2015

O ativista Rafael Falconi postou outro vídeo do ataque onde se ouvem incessantes tiros de balas de borracha e bombas:

Muitos outros vídeos [7] foram compartilhados [8] mostrando a brutalidade policial [9] diante de manifestantes pacíficos, bem como das prisões realizadas [10]– todos os detidos foram liberados [11] durante a madrugadas. O perfil do coletivo Tarifa Zero BH postou uma timeline [12] dos eventos que levaram à repressão policial. Outra manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre está marcada para sexta-feira, 14/08.

Mesmo após os imensos protestos que sacudiram o país em junho de 2013, que levaram milhões às ruas também contra o aumento das tarifas do transporte (além de outras pautas acrescentadas ao longo dos protestos), pouco mudou com relação à violência das polícias militares [13] e à falta de tolerância dos governos estaduais a manifestações.

Imagem postada pelo coletivo Tarifa Zero BH

Imagem postada pelo coletivo Tarifa Zero BH

O protesto em Belo Horizonte carrega ainda outro simbolismo: foi duramente reprimido durante a votação e aprovação [14] do projeto de lei 2016/2015 [15], apresentado pelo gabinete da presidente Dilma Rousseff [16] (PT), que cria o crime de terrorismo no país e impõe penas que vão até os 30 anos de cadeia. Para ativistas,a linguagem do texto da lei é genérica e abre margem para a criminalização de protestos. Alguns ativistas afirmaram que o projeto lembra [17] a Lei da Mordaça espanhola [18].

A professora Rosangela Basso apontou a “coincidência”:

O PL foi aprovado com ampla maioria [21] na Câmara dos Deputados e segue ao Senado para ser votado e entrar em vigor caso aprovado.

Em uma série de tuítes, o ativista @AnarchoRevo elencou diversas práticas comuns aos movimentos sociais brasileiros que poderiam ser enquadrados na lei antiterrorista, a qual chamou de AI5 da Dilma (Rousseff), em referência ao Ato Institucional Número 5 [22]aprovado pela Ditadura Militar em 1968 que suspendia o direito de manifestação e ampliava a censura no país:

E usando imagens famosas da resistência À Ditadura brasileira:

Os ativistas André Vallias e Matheus Rodrigues relembraram o passado de guerrilheira da própria Dilma, responsável pelo PL:

A tag #SomosTodosTerroristas foi amplamente usada durante toda a noite: