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Juntos pela libertação dos presos políticos em Angola

Categorias: Angola, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Política, Protesto

Activistas e artistas, internacionais e angolanos, juntam-se pela libertação dos presos políticos em Angola. Manifestações previstas, em várias cidades, procuram demonstrar ao Governo Angolano que deve libertar todos os activistas presos arbitrariamente e alertar a comunidade internacional para a crescente opressão que se vive no país.

Em Junho (20.06), noticias [2] vindas de Luanda dão conta de um grupo de 15 jovens activistas detidos pela polícia angolana sob o pretexto de estarem a preparar um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos [3] (JES). Mais tarde, a policia voltava a deter arbitrariamente mais um jovem:

Sabe-se hoje que estes jovens estavam efectivamente a preparar algo mas não contra o Presidente. Os activistas preparavam-se para um protesto simbólico e pacífico chamado “buzina só” tal como descreve o escritor José Eduardo Agualusa à Deutsche Welle – África [7].

Varias organizações de direitos humanos e liberdade de expressão demonstraram preocupação [8] por este e por outros casos de privação da liberdade a cidadãos angolanos. Dois vídeos com vários activistas e artistas a pedir a libertação dos presos políticos em Angola (#‎ProcessoDos16 [9]), está a tornar-se viral nas redes sociais:

Liberdade Já | Freedom Now | Liberté immédiate

A Amnistia Internacional pede para que se escrevam cartas às autoridades angolanas [10] a pedir a libertação dos activistas. É preciso, igualmente, não deixar cair no esquecimento outros activistas que foram presos meses antes, no enclave de Cabinda [11].

As autoridades angolanas apertam o cerco a tudo e a todos que se manifestem contra o Presidente. Vive-se um clima de opressão, sobretudo entre os jovens que tentam demonstrar o seu descontentamento com a desigualdade, corrupção e injustiça que se vive no país, através de manifestações pacíficas. Na passada semana (22.07), um grupo de activistas acompanhado de um jornalista, ficou retido [12] na prisão onde se encontram sete dos 16 jovens que estão em prisão preventiva. Os visitantes permaneceram no estabelecimento prisional de Calomboloca cerca de 9 horas e os seus pertences como telemóveis e máquinas fotográficas foram apreendidos.

Os protestos começam a aumentar de tom e graças às redes sociais, tem sido possível alguma mobilização de apoio a nível internacional.

Liberdade Já | Freedom Now | Liberté immédiate 2

Angola diz-se um país democrático mas estes últimos acontecimentos têm atentado contra todos os valores que caracterizam as sociedades livres de expressão e de pensamento crítico. Muitos acusam JES, que ocupa a cadeira de chefe estado há 36 anos, de ser um ditador [13]. Recentemente, um jornal em Portugal apelidou o líder angolano [14] de o “Rei Sol Angolano” [15]. Mas é precisamente de Portugal que se regista um silêncio quase ensurdecedor por parte do Governo.

Nos EUA, um cidadão angolano manifestou-se em frente à embaixada de Angola em Washington a pedir a libertação dos activistas:

No dia 29 de Julho espera-se que dezenas de pessoas se juntem em Luanda [19], Uíge [20] e em várias cidades da Europa (Berlin [21], Bruxelas [22] e Lisboa [23]) para exigir a libertação de todos os presos políticos em Angola.